A Palavra de Deus vem em auxílio de nossas fraquezas, vem nos educar na fé, nós que já somos da Igreja, que temos uma vida cristã, mas que enfrentamos problemas e lutas como todas as pessoas.
Já fomos salvos, mas na esperança. Ora, o objeto da esperança não é aquilo que se vê; como pode alguém esperar o que já vê? Mas se esperamos o que não vemos, é porque estamos aguardando mediante a perseverança (Rm 8, 24-25).
Nesta manhã, somos convidados pela Palavra para entender um grande mistério na vida do cristão: o mistério daquele que não é atendido em sua oração. Eu quero falar com você que espera, sem lhe falar que você vai ser atendido. Não tem como se esperar aquilo que se enxerga. A nossa esperança é a esperança de que não vê o que se espera.
A esposa que espera a conversão do marido, reza há tanto tempo e não consegue enxergar o que virá; da mesma forma, aquela mãe que reza tanto para o filho e não consegue enxergar a mudança. Eu quero falar exatamente sobre isso: o tempo da espera. Falar do tempo da conquista é muito bom, mas quero falar sobre o tempo da espera.
Muitos de nós cristãos abandonamos a fé no tempo da espera. Com certeza, todos nós já fomos a um consultório médico e ficamos na sala de espera, para depois ser atendidos pelo médico, mas muitos cristãos não sabem passar pela "sala de espera" da vida.
O que você tem esperado hoje? Talvez seja sua conversão, a volta do seu marido, ou a libertação do seu vício… É preciso esperar com confiança. A escola de santidade acontece no tempo da espera. Quem não sabe esperar, não celebra a chegada [da graça alcançada]!
Hoje nós aprendemos a não esperar na fila, usamos a internet para não perder tempo e não nos exercitamos no esperar. Quantas pessoas passam por problemas de dívidas financeiras, tentam dar um jeitinho e estas só crescem. Isso porque muitos não aprenderam a esperar no Senhor. Há muitos cristãos que não souberam passar pela "sala da espera" da vida e ficam trocando de Igreja.
Quando não esperamos muito, não damos valor quando o algo esperado chega. É necessário esperar, mas precisamos aprender a fazer isso; não é fácil ver os anos passando quando não enxergamos a conversão dos nossos ou a pessoa amada chegar.
A espera a que eu estou me referindo, não é uma esperança acomodada, de ficar de braços cruzados, eu falo da espera ativa. E para essa espera, Deus nos dá um instrumento. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rm 8, 26).
O "Instrumento" para essa espera é o Espírito Santo de Deus, que vem sobre a nossa fraqueza de não sabermos esperar, de não sabermos rezar nesse tempo [da espera].
No tempo da espera, quando precisaríamos estar cheios de esperança, o que chega até nós é o desespero. E com isso não conseguimos rezar, quando mais deveríamos rogar ao Pai. Há muita gente que quando está envolvida pelo desespero só consegue pedir ao Senhor para morrer, pois vê na morte a solução para os problemas. Infelizmente, nesses momentos de dor, pedimos coisas erradas ao Senhor, por isso Ele não nos atende. Muitas pessoas ficam com raiva de Deus, porque Ele não as atendeu. Sendo que elas que fizeram o pedido errado. Precisamos aprender o que pedir, a Palavra nos ensina como rezar nesse tempo difícil de aguardar o tempo do Senhor. Muitas pessoas não sabem aguardar com esperança.
Quando nós pedimos no desespero, nós pedimos a partir da nossa vontade, aquilo que achamos que é melhor e mais rápido; dessa forma, invertemos a oração do Pai-nosso, em vez de rezarmos: "Seja feita a Sua [do Senhor] vontade", rezamos: "Seja feita a minha vontade, aqui na terra e no céu também".
O Espírito Santo foi dado a nós, porque na hora do desespero não sabemos pedir e Ele intercede ao Pai por nós. Muitas vezes, não somos atendidos porque não sabemos orar, e Deus não atende a prece feita a partir da nossa vontade.
O segredo está na comunhão com a vontade de Deus, e a teremos por intermédio do Espírito Santo, que ora ao Pai por nós em gemidos inefáveis. O assunto principal de nossas orações é dizer a Deus qual é a "nossa" vontade. 90% de nossas súplicas é dizendo ao Senhor o que nós queremos e 10% é dando umas dormidinhas, e depois ficamos com raiva porque o Senhor não nos atendeu. Um Deus que manda não queremos, mas sim um Deus que obedeça; na hora do desespero desejamos isto: que Deus seja nosso empregado!
Quem não sabe rezar cria uma expectativa quanto a Deus, como se pudesse fazer um "script" para que o Senhor fosse fazendo todas as suas vontades. Muitos são marcados com a decepção porque criaram expectativas e não foram atendidos; e depois dizem que Deus não faz nada na vida deles, somente na vida dos outros. Acham que o Senhor tem de fazer as vontades deles.
Não sabem passar pela "sala da espera". O cristão que não sabe rezar e reza sobre suas expectativas, acha que Deus só pode dizer "sim", age como um pré-adolescente na fé. Esquece-se de que: “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8, 27).
Você já parou para pensar que talvez não esteja pedindo o que Deus quer e que tenha de entrar na "sala da espera"? É preciso aguardar com esperança, entendendo que enquanto estamos nessa "sala", estamos esperando por Aquele que examina os corações. É esperteza do cristão confiar seus pedidos ao Espírito, porque a comunicação entre Ele e Deus é perfeita. O cristão que não aprende a rezar no tempo da espera, fica ranzinza, não consegue acreditar nem nos milagres realizados na vida do outro.
Nós precisamos resgatar a capacidade de esperar, assim com a Virgem Maria, que esperou, que aguardou, que soube juntar a sua vontade com a vontade do Pai. Não somos chamados a nos juntar ao grupo que corre atrás de Jesus apenas por causa das curas.
Nos planos de Deus existe um tempo de espera para cada um de nós, não há ninguém que não tenha de um dia esperar. E se isso faz parte da realidade da nossa vida é melhor entrarmos na escola da espera. Só não podemos dispensar a ajuda do Espírito.
Como você tem rezado? Pedindo algo que é da sua vontade ou o que é da vontade do Pai?
Transcrição e adaptação: Regiane Calixto
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