O Advento é dividido em duas partes. A primeira nos prepara para a vinda definitiva de Jesus, que vai colocar um ponto final em todo o mal da história da humanidade. Ontem, entramos na segunda parte do Advento, quando recordamos o que já aconteceu na história da salvação. Isso nos mostra que, apesar de olharmos para frente, não podemos esquecer o que já aconteceu na história.
O Evangelho destaca a figura de São José, que desejava se casar e ter filhos, como todas as pessoas, pois para os judeus a falta de filhos era vista como falta de bênção para o lar. Se olharmos para o drama que São José viveu, veremos que não foi fácil.
O anjo apareceu a Maria e lhe disse que Deus desejava dela algo diferente: ser mãe do filho do Altíssimo. Passado três meses, desde a aparição do anjo, Maria retorna da casa de Isabel. Neste tempo, sua barriga já estava aparecendo, mas ela não diz nada a José. Aqui, temos uma lição: as coisas de Deus precisam ser bem geradas para depois serem divulgadas. Mas essa não é a nossa tendência; já anunciamos aos quatro cantos o que nos acontece.
Os projetos de Deus, os mais importantes em nossa vida, precisam ser gestados para, só depois, os divulgarmos. Nem sempre as pessoas ficam felizes com as sementinhas boas que são plantadas em nosso jardim. Sabemos que as pessoas são boas, mas tem tendência à inveja; portanto, guarde as graças do Senhor dentro de você.
Conhecemos uma árvore pelos frutos. Se estes ainda não vieram, é tempo de ainda aguardar em segredo.
Imagine a situação de São José! Ele pretendia se casar com Maria, mas ela, de repente, aparece grávida. Muitos, no lugar dele, já buscariam consolo nos conhecidos, os quais, provavelmente, diriam: “Denuncie esta mulher”, “Eu não aceitaria!”, “Faça isso que vai dar certo”. Mas a atitude de José não foi essa.
O mundo está cheio de uma falsos sábios, que “resolvem” os problemas de todos, mas não resolvem os seus próprios. São José mantém distância de Nossa Senhora, mas com a decisão de não denunciá-la, porque ele a amava.
Ele escolheu ir embora e deixar Maria grávida. Parece simples, mas, naquele tempo, havia uma lei que dizia: “Maldito homem que abandona uma mulher grávida”. Ele se tornaria alvo de críticas, por isso seu ato foi heroico.
Vendo o ato de lealdade de José, o anjo apareceu para ele em sonho e lhe fez o convite de ser o pai de Jesus. O anjo lhe deu a incumbência de cuidar do filho de Deus. São José demonstra, ali, sua fé e aposta toda a sua vida em um sonho.
Foi um acontecimento que mudou completamente a vida de José. Ele conseguiu entender o momento em que Deus realmente falou com ele. José diferencia o que é voz de Deus e o que não é. Este é o ponto: sabermos quando o Senhor fala e no que devemos apostar a nossa vida.
Quantas pessoas passam anos entristecidas por problemas que nunca tiveram? Porque ficaram dando ouvido a “conversinhas”. De pouco a pouco, isso rouba o ar de nossos pulmões, e, sem necessidade nenhuma, morremos asfixiados. Assim como José, devemos encontrar em Deus as soluções para nossa vida.
O esposo de Maria era chamado justo, porque buscava conformar sua vida à vontade de Deus. Não podemos nos enganar com o que ouvimos, não podemos absorver ideias que não têm sentido. Ao contrário, precisamos ser atentos à vontade do Senhor.
Precisamos ter o discernimento correto do que é e do que não é Palavra de Deus. Devemos considerar a voz d’Ele como novidade, mas sem nos esquecermos do que Ele já nos falou. Temos de lembrar que tudo o que é contrário ao amor não é vontade do Pai.
É tempo de deixarmos a luz de Deus entrar em nosso coração, assim como aconteceu com São José. Talvez o Senhor ainda não tenha lhe respondido, porque ainda não está no tempo. O Senhor não quer nos deixar no escuro, não quer que abracemos tudo como vontade d’Ele, pois, no tempo certo, ele revela sua vontade.
Precisamos, como José, nos guardar em silêncio para nos encontrarmos com a vontade de Deus. Depois, sim, poderemos apostar nossa vida em um sonho.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair