“Conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar. Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio.” (Ezequiel 47, 1.12)
Veja como este texto tem ressonância com o texto de Gênesis que lemos na pregação anterior. Aqui o profeta fala de um 'novo rio', um rio que jorra de dentro do templo; um rio espiritual, ao mesmo tempo que este templo é um templo espiritual.
A árvore da vida, que é Jesus, tem suas folhagens que é a Igreja e seus frutos que são os pregadores que dão de comer aos outros. Estes pregadores são sacerdotes e leigos; pois existe leigos cuja árvore é maior e mais frutuosa que a árvore de um sacerdote, do que a de um bispo e até um Papa. Certamente aqui há leigos que são mais santos do que certos Papas da história da Igreja. Se um Papa quer ser santo ele tem os mesmos meios que vocês leigos.
Os sacerdotes deveriam ser santos porque tocam as coisas santas, mas não está escrito em nenhum lugar que eles devem ser mais santos do que os leigos. Portanto se vocês encontrarem um sacerdote que não leva uma vida digna isso não deve surpreender vocês, porque eles possuem os mesmos meios do que os leigos.
Na palavra diz que “ Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie”. Eu vejo muitas pessoas dizendo: “Se Igreja tivesse os padres de antigamente, se fossem os santos de antigamente eu me aproximaria deles, mas estes de hoje…” Muitos dizem: “a igreja de hoje já não tem a mesma santidade de antes”. Veja o que a Palavra diz: “ sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos”. Esta folhas são as boas obras da Igreja, e para cada época existe uma folhagem nova.
Muitas árvores são as boa obras sacerdotais, outras são obras dos leigos que se comprometem com o Reino de Deus, outros são os crentes que sofrem enfermidades. Veja que as folhas desta árvore são folhas medicinais, as mesmas que também encontramos no Livro do Apocalipse:
“No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, que produz doze frutos, dando cada mês um fruto, servindo as folhas da árvore para curar as nações.” (Ap 22, 2)
Este outro rio, que brota do Trono do Cordeiro, possui em ambas as margem, a árvore da vida. É quase palavra por palavra do livro de Ezequiel. E o que são estas folhas medicinais para os pagão e para os povos? Uma outra interpretação é que as folhas são as folhas da Palavra de Deus, e os frutos são os sacramentos.
Nós nos acostumamos com coisas extraordinária. Na leitura da Palavra de Deus, não busque coisas extraordinárias, busque as coisas simples. Você precisa sentar como um estudante que tem diante dele um professor e dizer para este professor: “nos ensine!”. São estas folhas que curam, que trazem o remédio de Deus
Abaixo assista a pregação de padre José Fortea
Não se trata de avançar com rapidez, nem ler muitos livros sobre a Sagrada Escritura, se trata de ir penetrando na Palavra de Deus aos poucos e tê-la como alimento espiritual. Os padres do deserto só levavam poucos livros da bíblia para o deserto e refletiam sobre aqueles poucos textos. Aqui não se trata de quantidade, mas qualidade da escuta da Palavra de Deus. As coisas extraordinárias atrapalham a verdadeira escuta da palavra.
Não pare na procura de coisas extraordinária na leitura da Palavra de Deus, avance nas coisas simples.
O importante é escutar. O discípulo é aquele que escuta mas do que aquele que fala. Eu me encontro com muitas pessoas que querem pregar muito, ter um apostolado para falar de Deus, mas muitas destas pessoas não falam com Deus.
O apostolado terá fruto na medida que você estiver com Deus. Quanto mais tempo com Ele mais fruto no seu ministério. A oração mais profunda é aquela onde o Pai pode se comunicar de forma mais silenciosa, e isto acontece quando estamos concentrados na solidão com Deus.
A fome pelo extraordinário faz com que erremos em nosso discernimento do que vem de Deus. Eu, por exemplo, não me importo com e-mails que dizem que a Virgem está aparecendo em tal e tal lugar. Aqui não estou dizendo que a Virgem não apareça, mas é preciso suspender o juízo sobre a veracidade destas mensagens, porque muitas vezes atrás destas mensagens que chegam por e-mails estão escondidas tentativas de ofuscar o que é simples.
Transcrição e adaptação: Daniel Machado