O livro do Êxodo diz que devemos nos recordar das experiências e contemplar a bondade de Deus. O povo não é convidado a ficar parado no sofrimento, mas na iniciativa gratuita de Deus Pai, que o libertou. O povo não é convidado a permanecer no passado, na angústia, mas na libertação do Senhor.
Precisamos amar o que Deus nos ordena; sem isso nós não conseguimos abraçar e alcançar o que Ele nos promete.
O ser humano traz em si essa deficiência de apego ao passado. Não é o esquecimento que cura o nosso coração, mas é a nossa memória que interpreta o amor à luz de Deus.
Quando iniciativa de Deus Pai não é o primordial em nossa vida, o que governa o nosso coração são as experiências negativas. E aí passamos a perpetuar o mal, afastados da graça divina. Precisamos perpetuar a graça. É preciso eternizar a iniciativa do amor de Deus.
Precisamos celebrar o dom, porque assim vivemos na liberdade e não na escravidão. Não é o esquecimento e a razão que curam o nosso coração, é atualização de ler todas as coisas sob a perspectiva do amor. A leitura do amor de Deus é maior que todas situações vividas por mais difíceis que estas sejam. É para o amor que precisamos olhar, porque recordar do amor e não mais da dor nos faz livres.
Aonde o amor chega, reina o eterno, reina a salvação e aí somente Deus tem poder porque Ele reina. As trevas não resistem ao amor. Por isso o compromisso de quem experimentou a misericórdia deve ser agir com misericórdia. A resposta que damos na vida é fruto do que reina em nosso coração.
O perdão é o segredo do louvor. Sem perdão não existe louvor, não existe vocação cristã.
Muitas pessoas acham que o perdão é coisa pequena e caem na tentação do demônio. O perdão é o segredo de uma vocação, de uma vida sadia em Deus. Existem vocações doentes porque estão sendo corroídas pelo ressentimento. Esse mal [ressentimento] vai roubando e consumindo a força vital da vocação.
Existem famílias em que o adultério e a droga tiveram espaço para entrar por causa do ressentimento. Por isso é preciso fazer uma avaliação contínua do coração.
O perdão é uma questão de decisão, porque vai além dos sentimentos. É uma questão de fé, de amor e de esperança. Quem está distante da fé, da caridade, está longe de viver o perdão, porque o ressentimento ataca a fonte da vida. Essa pessoa pode até ir à Santa Missa, viver os sacramentos, mas em seu interior reina a desgraça, por causa da falta do perdão.
Infeliz de você que acha ter força de viver o que Deus quer se seu coração está ressentido!
Como seria bom se aprendêssemos a fazer das incompreensões e das injustiças um momento para viver a humildade! Que bom seria se fizéssemos a transformação nas nossas realidades colocando amor em tudo em vez de revolta e indignação!
Como seria bom que cada pessoa que estivesse tomada de negativismo pudesse chegar perto de você e fazer uma experiência de amor. Isso é um mistério salvífico!
Não podemos parar em um mundo, no qual cada um vive no seu “mundinho chagado”, com suas feridas! Nossa referência é o Cristo.
Quando olhamos para o Crucificado, precisamos sair de nós mesmos. O amor do Cristo nos abre; em contrapartida o ressentimento nos fecha.
O Senhor nos convoca ao verdadeiro amor, que nos leva a nos dar ao próximo, porque o verdadeiro amor não estabelece a comunhão com o egoísmo·
É preciso sair da aparência, da superficialidade. O amor não convive com a parcialidade, mas com a totalidade.
Tudo precisa ser ordenado pelo amor, é a ordem do amor que deve guiar o nosso coração. É preciso amar como Jesus nos amou.
É impossível que um amor total a Deus não transborde ao próximo. É necessário, nessa esfera do perdão, sair da mentira e ir para a verdade.
O amor, cujo modelo é Cristo, não nos leva a usar o outro. É preciso tratar o próximo por aquilo que ele é, pelo valor de sua individualidade, não em vista do proveito próprio, usando-o. Isso não é amor! O amor cujo modelo é Cristo parte da experiência de doação e de liberdade. Para viver o que o Evangelho exige precisamos trilhar mais e mais o caminho que devemos ser. E aqui está um grande erro: as pessoas se perdem no que fazem e se distanciam do que são.
Creia no amor, ultrapasse os sentimentos!
“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo” (Efésios 4:26-27). O coração que não perdoa se expõe ao demônio.
Todos que não fazem a experiência do perdão estão fadados ao fracasso. É urgente resolver a situação e conceder o perdão, porque se não a resolve você está exposto a satanás. É preciso resolver tudo no amor; satanás ama coisas mal resolvidas. Por isso, não passe por cima das situações, porque se você fizer isso a brecha permanecerá.
O segredo é resolver tudo sempre no amor, na luz, na transparência; dessa forma, o demônio perde o poder nos acontecimentos.
Se o presente deixa de ser germinado no amor se colhem os frutos da desesperança, do desamor, da amargura, do negativismo, da revolta, da raiva, da vingança e da autopiedade. A lista cresce e nada encontremos de bom nessas listas, porque são frutos destrutivos.
Na força do perdão, vemos o resplandecer da vida e da glória de Deus.
Transcrição e adaptação: Elcka Torres
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