Somos por vezes indiferentes à dor das pessoas. Vivemos uma realidade de selva, vivemos no nosso mundo, cada um com o seu problema.
“Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna? Disse-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como é que lês? Respondeu ele: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento; e a teu próximo como a ti mesmo. Falou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isto e viverás. Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?” (Lc 10, 25-29).
Precisamos entender o nosso papel e a nossa missão. Todos nós temos uma missão, o chamado sacerdócio comum dos fiéis, essa missão é de todo o cristão batizado. Não é uma missão somente dos padres ou dos missionários, mas de todos.
Após identificarmos quem somos nesse trecho do Evangelho, precisaremos aprender a ter atitudes de amor com o próximo. Não podemos ser negligentes com a vida do outro, pois a negligência vem pela falta de amor e de misericórdia. Tudo isso faz com que aprendamos sobre o que é o amor. Não basta conhecer, é preciso ir ao encontro do que o outro está vivendo.
Precisamos agir pela força da Palavra, não podemos deixar que ela se corroa por não a usarmos. Reconheçamos que somos pertença de Deus, somos dependentes de Deus. É o próprio Senhor que vem ao nosso encontro.
Estamos diante de uma sociedade ferida, que procura ser amada. Mas não é o amor ligado ao ter, mas aquele que possamos experimentar e saber que é o Amor Verdadeiro.
Nós somos o samaritano, que se preocupa com quem está necessitado? Muitas vezes, esse próximo está em nossa casa, está ao nosso lado e não o vemos, nem percebemos. Será que podemos afirmar que temos as mesmas atitudes que esse samaritano tem? Jesus tem compaixão do outro, Ele o assume, até mesmo no pecado. Precisamos imitá-Lo para que assim tenhamos vida e vida em plenitude.
“Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei. Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu o doutor: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Então Jesus lhe disse: Vai, e faze tu o mesmo” (Lc 10, 33-37).
Não podemos ficar "lambendo" as nossas próprias feridas, como um cachorrinho, e parar em nós mesmos. Precisamos entrar na dinâmica de Deus e ir ao encontro do outro.
Chega de murmurações! Estamos acostumados a sempre reclamar. Estamos presos às nossas aflições e, muitas vezes, não percebemos que há pessoas sofrendo muito mais do que nós. Somos convidados a entrar na dimensão de Jesus e nos compadecer do outro. Essa deve ser a nossa missão, para que este também possa fazer uma experiência com o amor de Deus. Tiremos da nossa cabeça que o irmão é sinônimo de inferno, pois, na verdade, ele é instrumento de salvação. As reclamações nos impedem de ir ao outro.
Jesus incomoda o levita, pois fala a verdade. E usa da figura do samaritano para chegar ao coração daquele levita.
Precisamos trilhar um caminho de graça. A atitude de Jesus é como com o cego de Jericó: “Que queres que eu te faça?” Cristo se interessa por aqueles com quem ninguém se importa. Na escola dos fracos aprendemos a dar valor às pequenas coisas.
Temos tratado o outro como problema, em vez de agir como Jesus nos ensinou: “Amar ao próximo a ti mesmo.” Dessa forma, agimos como Judas e não como Jesus, que tomou para si nossas dores.
O amor de Cristo é o amor de cruz, Aquele que amou verdadeiramente até o madeiro da cruz se entregou por nós.