“Ao ouvirem essas coisas, ficaram compungidos no íntimo do coração e indagaram de Pedro e dos demais apóstolos: Que devemos fazer, irmãos?” (At 2, 37)
Quanto pregadores passaram por aqui nestes dias de Acampamento de Carnaval e lhe anunciaram a Palavra de Deus. E a pergunta é a mesma que fizeram a Pedro: “O que devemos fazer?”. Pedro respondeu “Convertei-vos!”
Diante de tudo o que ouvimos nestes dias, o que podemos fazer é dar uma resposta sincera a Deus, nos convertendo a Ele e mudando de vida.
“Baste-vos que no tempo passado tenhais vivido segundo os caprichos dos pagãos, em luxúrias, concupiscências, embriaguez, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias. Estranham eles agora que já não vos lanceis com eles nos mesmos desregramentos de libertinagem, e por isso vos cobrem de calúnias” (IPd 4, 3-4).
Aquilo que Pedro disse aos fiéis, ele diz para nós, que basta de viver na vida antiga. Nós, que antes fazíamos tudo o que o diabo gostava, não podemos mais nos moldar à vida pagã de antigamente.
Nós, que não éramos santos, não podemos mais viver de acordo com nossa vida de antigamente. Mas passado é passado, aliás, estes dias aqui na Canção Nova, para nós padres, foram dias de martírio nos confessionários! Tudo o que você deixou aqui é passado.
Se o Senhor está dizendo a você que não deve fazer algo, obedeça a Deus. Quando o Senhor nos diz "não", Ele sabe que isso é para o nosso bem, esses "nãos" vão favorecer a nós mesmos. E se nós formos obedientes a Deus quem sairá lucrando seremos nós. No livro do profeta Samuel, a desobediência a Deus era vista como idolatria. Você não pode viver neste pecado!
A ordem da primeira leitura dada a nós hoje é: “Sede santos, porque eu sou Santo”. Mas santidade não é sinônimo de ser bobo. Ser santo é ser um luzeiro, ser um referencial de luz para este mundo, que vive nas trevas. Não porque somos melhores do que os que não vieram aqui; não somos melhores do que os que passaram o carnaval na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, nas grandes cidades do nosso país. A diferença é que nós fizemos uma opção, porque, se estivéssemos lá, estaríamos fazendo coisa pior. O Senhor o trouxe aqui para que estas pessoas vejam a sua transformação de vida e, no ano que vem, estas também queiram passar um carnaval diferente.
Santidade não é aquele prazer espiritual, uma "santidade egoísta". Não é apontando o dedo para os outros, não é julgando ou condenando, não! Santidade é ser luz com a sua vida a ponto de questionar os outros. É exalar o perfume da santidade, é ser autêntico.
Papa Francisco disse que o prejuízo da Igreja nos últimos tempos é a falta de autenticidade entre os cristãos. Pessoas que, depois que entraram para a Igreja, deixaram de ser elas mesmas, não são autênticas. Mais do que nunca a Igreja tem nos chamado a uma autenticidade, porque as palavras convencem, mas os testemunhos arrastam. É tempo de vivermos uma santidade autêntica e não excluir ninguém, não querer colocar a doutrina da Igreja "goela abaixo" das outras pessoas.
Como as pessoas vão viver a experiência que você fez aqui? Nós saímos deste tempo da ignorância, agora precisamos contagiar as pessoas com nosso estilo de vida, mais do que com nossas palavras.
Eu, pessoalmente, tenho feito um esforço imenso de estar no meio das pessoas, como uma pessoa normal, seja andando no meio de vocês, seja tirando fotos, etc. Eu devo confessar que isso me custa. Mas eu tenho feito isso como uma questão de santidade pessoal. Você deve fazer este esforço de santidade nas pequenas coisas.
Mulher, por favor, se esforce em conquistar seu marido todos os dias. Marido, faça de tudo para manifestar amor para a sua esposa no dia a dia. Tem casal que, quando é namorado, fica num "agarra-agarra" só, e depois que se casa nem pega mais na mão. Manter essas coisas pequenas do relacionamento é santidade para o seu matrimônio.
Que as nossas bocas não sejam bocas para praguejar, que delas não saiam palavras para destruir, mesmo que as pessoas estejam vivendo uma vida errada. Acreditemos que o Senhor pode fazer algo de extraordinário, mas na hora d'Ele, no tempo d'Ele.
O que eu mais desejo para você é que você volte para casa com este desejo de santidade. Eu passo, por aquela fila na hora do almoço, e fico com pena de você, nós tentamos melhorar para que isso seja amenizado, mas, por favor, não transforme isso em murmuração; se você veio à Canção Nova, aproveite para viver a santidade até na fila do almoço. Aqui, Deus nos convida a todo instante a sermos santos.
Nosso tempo de ignorância já passou, há uma ordem de Deus para nós: que deixemos a vida passada, deixemos o nosso tempo de ignorância. Os tempos não são fáceis, mas nós fazemos parte deste povo escolhido. Não somos melhores do que ninguém, somos apenas referência para que vejam a nossa vida e digam: “Se Deus fez isso em sua vida, pode fazer na minha também!”.