Nesta Eucaristia que celebramos, creio ser de suma importância acreditarmos que nada pode impedir a ação salvífica de Deus; e esta certeza precisa mover nossos corações para que a tenhamos em todos os momentos da nossa vida.
O projeto salvífico do Senhor se manifesta e nada neste mundo pode impedi-lo, pois Jesus está centrado na vontade do Pai, e é esta centralidade que lhe dá segurança.
Se realmente nosso coração está nesta centralidade, nada pode nos abalar. Precisamos perguntar ao nosso coração se procuramos preencher nossos dias com santidade. Precisamos santificar nosso cotidiano para que não vivamos essa rejeição que os fariseus tiveram com Jesus, como nos mostra o Evangelho.
Você quer a ação salvadora do Senhor? Jesus depende do Pai, está abandonado nas mãos d'Ele. O Senhor quer reunir todos os seus filhos, mas eles precisam querer essa proteção para que, então, o Pai possa estender os seus braços e cuidar de você. É um cuidado que vai além das suas vontades, muito mais do que você precisa, e, às vezes, será doloroso e exigente, mas necessário para que você se transforme.
No Evangelho, quando Lucas chama a atenção dos seus, não é para destruição, mas para que, mais uma vez, não se repita a resistência e a fuga dos braços do Pai. Escolha os braços de Deus para que você esteja protegido.
Ser eleito não significa que já estamos prontos, mas que precisamos ser trabalhados em muitos aspectos por Deus. A eleição é muito exigente, pois ela revela esse dinamismo que precisamos viver para que o Pai encontre a docilidade e a obediência em nós, como encontrou em Jesus, modelo do homem novo.
Deus nunca nos abandona, mas nós, muitas vezes, O abandonamos. Precisamos deixar a nossa teimosia para vivermos a vontade d'Ele.
Nas cartas ao Romanos, São Paulo nos diz: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?". Este trecho é um canto triunfal que Cristo tem para cada um de nós, a vitória do amor de Deus. São Paulo canta uma vida no Espírito, a qual nada neste mundo pode vencer.
São Paulo tem a certeza salvífica de que o curso da vontade de Deus vai acontecer na sua vida. Reflita, na sua vida, se você tem assumido a eleição de Deus a ponto de encontrar forças necessárias para enfrentar todas as situações. Quando a tribulação vem, nós tiramos o olhar da eleição e colocamos na tribulação; mas se colocamos nosso olhar na eleição, temos a força para enfrentar todas as situações. E, assim como São Paulo, entoar um canto de vitória, essa certeza de fé.
Esse canto é entoado, não por pessoas que estão em êxtase, fora da realidade; ao contrário, por pessoas que tem diante de si adversidades de todos os tipos, que estão enfrentando situações terríveis, angústia, perigos, espadas. Eu quero deixar claro que são pessoas que estão encarnadas na realidade de sofrimento.
Eu não posso ter uma fé que só canta o triunfo de Deus quando experimentam o resultados dos seus pedidos, quando a situação terrível foi solucionada. Este canto brotou no momento mais terrível de sofrimento. Não espere resultados para cantar o triunfo do amor de Deus em sua vida.
É neste contexto que o canto triunfal do amor de Deus deve ser cantado. “Em tudo isto somos mais que vencedores naquele que nos amou".
O olhar daquele que está cantando, rezando, está centrado na sua eleição e é por isso que é graças Àquele que nos amou. E como não há nada maior que o amor de Deus, nos vemos sustentados pelo amor do Senhor.
Como assumir a esperança sem assumir a eleição? O curso salvífico do cotidiano santificado passa por isso. Há muitas pessoas que estão esperando o sofrimento passar para entoar o canto triunfal. Não espere passar, entoe já! Aprenda com São Paulo a ser movido pela certeza de que o amor de Deus sempre triunfa.
Levante-se, eleito de Deus, pois nada pode matar essa escolha divina perante o amor de Deus, nada pode eliminar essa escolha. O fiel só se sente vitorioso, pois está nas mãos de Deus.
Qual canto as suas realidades tem cantado? O canto do triunfador ou do desesperado? Qual é o canto? Que essa Palavra penetre nosso coração e nos dê essa certeza de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a altura nem a profundeza, nem outra criatura qualquer serão capazes de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8,38-39).
O amor de Deus é mais forte que a morte, é penhor de ressurreição e salvação.
Transcrição e adaptação: Regiane Calixto