Estamos encerrando um tempo litúrgico muito forte. Começamos com a Quaresma, depois a Semana Santa, a Páscoa, a Ascensão do Senhor e Pentecostes.
A nossa esperança e alegria é a certeza de que o Senhor Ressuscitado caminha conosco. Mesmo que você não sinta Sua presença, Ele caminha ao seu lado.
E hoje celebramos a festa de Corpus Christi. O Corpo de Cristo. O corpo humano de Cristo, que foi crucificado, ressuscitado, que está no céu e que está na Eucaristia.
Em 1258 havia várias heresias, que diziam que Cristo não estava presente na Eucaristia. Um sacerdote chamado Pedro de Praga, ao celebrar a eucaristia com dúvida dessa presença real, na hora da consagração, da hóstia começou a pingar gotas de sangue.
O papa estava numa cidade ali perto e pediu que levassem em procissão aquela hóstia e o corporal com sangue. Quando a procissão chegou em Orvieto, o Papa disse: “Corpus Christi”. E ele instituiu a festa, na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
O oficio da festa foi escrito por São Tomas de Aquino.
Da mesma forma que em Jerusalém colocaram palmas, tapetes para receber o Cristo que vinha em cima do burrinho, a Igreja faz estes lindos tapetes para receber o Cristo Eucarístico.
É a única procissão do ano em que Cristo sai das capelas e vai para as cidades abençoar o povo.
Ontem recebi um comunicado triste, que dizia que uma cidade grande do interior da cidade, onde a prefeitura e os lojistas proibiram a procissão e a confecção dos tapetes, alegando que prejudicaria o comércio, que funcionaria normalmente. Mas o povo católico se uniu e conseguiu que fosse autorizado a procissão e o tapete.
Isso é muito triste. Não se respeita mais o dia santo.
Se não é o Senhor quem guarda a cidade, em vão trabalham os seus sentinelas. Sera que num país católico como o nosso, que paga impostos, que trabalha e constrói esse pais, não poderá mais glorificar o seu Senhor publicamente? O Estado é laico sim, mas o povo é religioso. E este povo tem o direito de celebrar o seu Senhor.
Em Gálatas 6,7 diz uma coisa muito perigosa: “De Deus não se zomba!”
Pois tudo aquilo que semeamos, colheremos. E a nossa sociedade zomba de Deus, por amor ao lucro, ao dinheiro, e impedem o Senhor de estar nas ruas?
Queria refletir com vocês agora o capítulo 6 de São João. No Catecismo, no parágrafo 1135, fala do milagre da multiplicação como 'O milagre'.
Fico assustado de ver quando em alguma homilia ou pregação dizem que não houve milagre, que não houve multiplicação, que houve apenas partilha. Essa interpretação é errada. O milagre da multiplicação dos pães sinaliza a Eucaristia. Não caia nesse engano de que não houve milagre, pois Deus provou ali sua divindade. Só Ele é capaz de criar do nada.
E o povo quis fazê-lo Rei. E Jesus disse não. E subiu ao monte para rezar.
Queria meditar isso. O que será que Jesus quis com esse milagre? Ele mostra que tem o poder sobre o pão. E quando Ele caminha sobre as águas, mostra seu poder sobre o seu corpo. E depois transforma o pão em seu corpo, por que Ele tem o poder sobre o pão e sobre o seu corpo.
Notem a bondade de Jesus. Ele preparou os seus discípulos.
Jesus não 'está' no pão. O pão é o corpo de Jesus. Por que aconteceu a transubstanciação. A natureza do pão se transforma na carne de Cristo, E a do vinho em Sangue de Cristo. A especie é a mesma.
No sacramento existe espécie e substância. A substância é o que faz um ser, ser o que ele é. Por exemplo: um cachorro tem natureza e essência de cachorro. Mas tem uma espécie, ou seja, raça, a cor, o tamanho. Mesma natureza, mas espécies diferentes.
Nós somos humanos, mas de espécie diferente. Moreno, branco, pardo.
A natureza é aquilo que você não vê. A espécie é o que você vê.
Na Eucaristia é a natureza que é transformada. A espécie continua: cor de vinho, gosto de vinho, gosto de pão. A essência a gente não enxerga.
O que aconteceu nas Bodas de Caná? Ele transformou a natureza e a espécie da água. Mudou a natureza da água em vinho e também a espécie, pois mudou a cor, o gosto.
Na multiplicação dos pães, mudou a espécie, que ele multiplicou.
Na Eucaristia, na transubstanciação não muda a espécie, só a natureza.
Quando você comunga, é gosto de pão, é gosto de vinho, mas a natureza não é mais de pão e de vinho, é Corpo e Sangue de Cristo. Remédio e sustento para nossa vida.
Jesus sabe que sem Ele não chegaremos em lugar nenhum. Então Ele está conosco na Eucaristia e nos espera também no sacrário.
Ele está ali para nos receber a hora que quisermos. Ele é o remédio e o sustento para nossa vida.
Não há problema que você não resolva diante do sacrário. Se você for perseverante. Jesus vai te atender de alguma forma. O problema é que muitas vezes nós não acreditamos. Mesmo que você não sinta. Quando você pega um anel você não sente que é ouro, você simplesmente acredita por que alguém lhe falou.
O grande São João Bosco dizia: “Se você quer muitas graças, vá muitas vezes ao sacrário. Quer poucas graças? Vá poucas vezes ao sacrário. E se não quer graça alguma, não vá nunca ao sacrário.” É você quem decide.
Muitas vezes quebramos a cara porque não temos fé, não acreditamos. Fé não é você sentir, é você acreditar. Você acredita porque Ele disse. Porque a Igreja te garante. Há 2 mil anos os milagres eucarísticos se repetem.
Ele é o remédio e o sustento de nossa vida!
Transcrição: Nara Bessa