Gente querida, como nós costumamos dizer aqui na Canção Nova: “Nada é coincidência, tudo é providência”. Nesse quarto domingo da Quaresma no Kairós Gente do Bem: “Deus faz, Deus junta”, se formos ver os cristãos do mundo inteiro, católicos, anglicanos, evangélicos, nós chegaremos a quase dois bilhões de pessoas. O mundo tem mais de 7 bilhões. Nós não somos a maioria, aí que está o grande desafio: O Senhor nos chama a sermos sal da terra, luz do mundo. Por intermédio de uma Pessoa veio a salvação do mundo inteiro. Nós não precisamos ficar espantados com aqueles que não buscam a Deus, mas precisamos nos unir para irmos ao encontro dessas pessoas que estão afastadas.
A liturgia de hoje é providente para nós: Naquele tempo,1ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. 6E cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. 7E disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé” (que quer dizer: Enviado). O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. 8Os vizinhos e os que costumavam ver o cego — pois ele era mendigo — diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?” 9Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “Sou eu mesmo!” 13Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. 14Ora, era sábado, o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do cego. 15Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Colocou lama sobre os meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!” (Jo 9,1.6-9.13).
E Jesus cura o cego duas vezes, porque ele nasceu cego. Jesus o curou da sua cegueira física e espiritual. Cristo o curou não só como um profeta, mas como Deus que é! E depois que esse homem recebeu a cura física e espiritual, ele se pôs de joelhos e adorou a Deus. Eu disse que isso é providência, porque depois da sua cura biológica, ele se coloca diante dos escribas para testemunhar.
Ser “gente do bem” é irmos além da Eucaristia, é avançarmos em todos os lugares fazendo o bem. E irmos ao encontro daqueles que trazem dentro de si esse chamado, mas, que, muitas vezes, não sabem nem onde buscá-lo, e nós que conhecemos e tivemos essa experiência precisamos levá-los.
Para isso em primeiro lugar: Precisamos reconhecer verdadeiramente que nós estamos vivendo em uma sociedade em que já experimentamos uma mudança radical. Até alguns estudiosos já dizem que nossa sociedade é uma sociedade pós-católica. Não é como era no tempo dos nossos avós. Também podemos dizer que evoluímos muito. Com a ciência, existem curas que não tínhamos antes; a internet e a tecnologia levam a Palavra de Deus a tantos lugares. Mas também precisamos reconhecer que esse processo em vez de trazer solidariedade, paz e justiça, não trouxe nada disso, mas sim um vazio, que, por mais avanços que tenhamos hoje, não pode ser solucionado, porque hoje o homem vive em crise justamente por falta de Deus.
O Papa Francisco nos diz: “Vivemos uma idolatria ao dinheiro”, e por causa do dinheiro se passa por cima de tudo. Estamos numa sociedade muita evoluída, mas marcada pelo individualismo, pelo egoísmo, pela violência e, muitas vezes, pelo medo.
Ser "gente do bem" é muito mais que não pagarmos o mal com o mal. Não podemos agora dizer que vamos fazer guerras. Ser "gente do bem" é começarmos a construir pontes. Esse encontro foi uma "sacada" inspirada por Deus, principalmente essas camisetas do "Gente do Bem", devido aos times de que gostamos. Querendo ou não o esporte é algo que as pessoas gostam muito.
Se você quer irradiar a paz, “vista esta camisa” também, para irradiarmos juntos a fé, a justiça e paz. É o jeito novo de evangelizar! Ser "gente do bem" é olhar com fé e ver que quem semeia essa aspiração no coração do Dunga é o próprio Espírito Santo. Existe uma lei natural. Essa lei natural diz: Faça o bem, resista ao mal. Ser "gente do bem" no meio dos carpinteiros, médicos, empresários. Sublinhar o bem.
Papa Francisco, no Evangelii Gaudium, propõe quatro princípios: O tempo é superior ao espaço “222. Existe uma tensão bipolar entre a plenitude e o limite. A plenitude gera a vontade de possuir tudo, e o limite é o muro que nos aparece pela frente. O «tempo», considerado em sentido amplo, faz referimento à plenitude como expressão do horizonte que se abre diante de nós, e o momento é expressão do limite que se vive num espaço circunscrito. Os cidadãos vivem em tensão entre a conjuntura do momento e a luz do tempo, do horizonte maior, da utopia que nos abre ao futuro como causa final que atrai. Daqui surge um primeiro princípio para progredir na construção de um povo: o tempo é superior ao espaço”. Por isso o projeto "Gente do Bem" mais do que pregar para um gueto, quer ir para todos aqueles que estão distantes.
Comecemos hoje esse movimento do "Gente do Bem"! O importante é que nós não queremos resultados imediatos, pois ele começou agora, mas que vai ser estender ao longo do tempo.
O Papa Francisco continua dizendo no segundo tópico: A unidade prevalece sobre o conflito “227. Perante o conflito, alguns limitam-se a olhá-lo e passam adiante como se nada fosse, lavam-se as mãos para poder continuar com a sua vida. Outros entram de tal maneira no conflito que ficam prisioneiros, perdem o horizonte, projectam nas instituições as suas próprias confusões e insatisfações e, assim, a unidade torna-se impossível. Mas há uma terceira forma, a mais adequada, de enfrentar o conflito: é aceitar suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo. «Felizes os pacificadores» (Mt5, 9)!”
A realidade é mais importante do que a ideia “231. Existe também uma tensão bipolar entre a ideia e a realidade: a realidade simplesmente é, a ideia elabora-se. Entre as duas, deve estabelecer-se um diálogo constante, evitando que a ideia acabe por separar-se da realidade. É perigoso viver no reino só da palavra, da imagem, do sofisma. Por isso, há que postular um terceiro princípio: a realidade é superior à ideia. Isto supõe evitar várias formas de ocultar a realidade: os purismos angélicos, os totalitarismos do relativo, os nominalismos declaracionistas, os projectos mais formais que reais, os fundamentalismos anti-históricos, os eticismos sem bondade, os intelectualismos sem sabedoria.”
O Santp Padre está nos dizendo que o Reino de Deus não começa só com palavras, mas com o fazer a diferença. Assim como está aqui na Canção Nova hoje.
O todo é superior à parte “234. Entre a globalização e a localização também se gera uma tensão. É preciso prestar atenção à dimensão global para não cair numa mesquinha quotidianidade. Ao mesmo tempo convém não perder de vista o que é local, que nos faz caminhar com os pés por terra. As duas coisas unidas impedem de cair em algum destes dois extremos: o primeiro, que os cidadãos vivam num universalismo abstracto e globalizante, miméticos passageiros do carro de apoio, admirando os fogos de artifício do mundo, que é de outros, com a boca aberta e aplausos programados; o outro extremo é que se transformem num museu folclórico de eremitas localistas, condenados a repetir sempre as mesmas coisas, incapazes de se deixar interpelar pelo que é diverso e de apreciar a beleza que Deus espalha fora das suas fronteiras.”
Nós precisamos ampliar os novos horizontes. Não podemos reduzir a paz, não podemos só evangelizar os pequeninos, mas todas as pessoas! Devemos evangelizar a todos, para que a Luz de Cristo brilhe em todos.
Nós estamos apenas no começo, para você que está aqui, e está nos acompanhando: O Senhor não nos abandona! Ele nos chama a irmos para todos esses irmãos que ainda não conhecem a Deus, que estão longe de Deus. O tempo passa rápido e a liturgia nos convida, de forma provocativa, porque só estamos no começo, assim como o servo depois de ter a vista descoberta foi a tantos lugares.
Por isso o projeto "Gente do Bem" mais do que pregar para um gueto, deseja ir para todos aqueles que estão distantes de Deus.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D'Onofrio