No Evangelho de Mateus 7, 24, vemos a passagem da casa construída sobre a rocha. Este é o nosso chamado, sermos firmes na Rocha, que é o Senhor. Não posso imaginar que o canto novo e o homem novo possam existir de forma separada, pois eles se completam nesta Rocha, que é o Senhor Jesus. Por isso é preciso conhecer as nossas raízes.
Queridos músicos somos missionários, precisamos ir além, sermos como passarinhos que não estão presos na gaiola. Também podemos nos comparar ao navio, que em seu meio tem um lastro, que o puxa para baixo, dando-lhe equilíbrio e segurança. A nossa segurança, a nossa Rocha, é o Senhor.
Aprendi com o meu pai fundador, monsenhor Jonas Abib, uma vez ao ser questionado sobre o fato de estarmos fazendo das nossas Missas um palco de show, que não podemos fazer da Missa um show, mas somos chamados a fazer um show de Missa.
Antes de sermos ministros de música somos filhos de Deus e chamados a evangelizar, a forma que isso tem se dado em nós é através da música. Para isso estou me referindo à sua história, ou seja, à primeira voz e intuição de tudo aquilo que Nosso Senhor tem para nós. Não basta você ter claro estas intuições, é preciso que você seja capaz de atualizá-las, pois foi o Senhor mesmo quem as escreveu dentro de você!
Se você ficar distante desta voz de Deus, que lá no início da sua história o chamou, você não permitirá que a vontade d'Ele aconteça.
Perceba que existem, portanto, dois movimentos que somos chamados a viver: o canto que hoje entoamos (mas que partiu de um primeiro movimento, que fala da nossa essência), e aquele canto que somos chamados a viver: a atualização da primeira voz que ouvimos. Amados, é isso: nós cantamos! Esta é a nossa missão; mas nada disso o assegura do serviço que nos faz dar a vida. Caminhe, portanto, sobre estes dois movimentos: aquele que o impulsiona na evangelização, e aquele que o traz de volta de acordo com aquela primeira voz que você ouviu.
Talvez seus passos estejam adiantados, mas não esqueça que você também precisa voltar. Não se esqueça daquilo o que coloca no seu lugar, ou seja, a intuição. Não tenha medo de reiniciar! Uma das coisas mais lindas do ser humano é quando ele tem a coragem de parar e, ao se analisar, volta ao essencial.
Aqueles que só têm a capacidade de acelerar podem perder a capacidade de frear e podem se perder. Viva como se nunca tivesse saído do lugar que Deus o chamou, tenha isso sempre em mente. Vá para onde você quiser, mas não perca a essência de onde você veio. Não podemos perder a nossa identidade!
Se o seu ministério só o acelera, volte! Volte para as pessoas que o ensinaram o que você faz hoje. Não se esqueça do lugar de onde você veio, ou seja, o lugar de Deus!
Refleti também sobre a ilusão de pensar em quanto o Senhor precisa de mim ou de você. É uma tolice achar que a implantação do Reino de Deus precisa de nós. Esta é uma visão equivocada do quanto o Senhor conta conosco. Podemos nos perder no “como” Deus conta conosco e aqui é onde começam as ilusões, ou seja, achamo-nos essenciais no projeto de Deus. Devemos aprender a viver o nosso lugar: o Senhor nos pede muito, mas é Ele quem pede!
Talvez você esteja vivendo essa ilusão, agora estou o desiludindo, não existe nada melhor do que a desilusão. Amados, não podemos viver nos enganando nem enganando os outros. Devemos viver a desilusão! Chega de ilusão!
Envelhecemos somente quando tomamos distância do lugar para o qual Deus nos chamou. A música é o chamado de Deus para mim. E hoje, completando os meus 52 anos de idade, percebo que vivo o tempo da maturidade em todas as áreas da minha vida. Não importa a idade que você tenha, mas faço um pedido: meça a sua idade em relação à sua intimidade com Deus! É preciso que nós correspondamos à vontade d'Ele para nós!
São Francisco de Assis nos ensina: “Evangelizemos! Se for preciso cantemos!” O bom evangelizador vive uma profunda intimidade com Deus auxiliado pelo jejum, pela Eucaristia, pela Palavra de Deus, pela confissão e pelo rosário. Estes são os alicerces da vida cristã!
Você é chamado a ser um evangelizador, ou seja, um ponta de lança e você não pode entrar numa guerra desarmado. Arme-se! Volte para a vivência das práticas de piedade! Estamos em tempo de urgência em viver a santidade.
Transcrição e adaptação: Luana Oliveira