Vou falar a você sobre esse amor que não é um “lucro de retorno imediato”.
Vivemos numa sociedade imediatista, queremos tudo “para ontem”, tudo de uma forma imediata. Mas com o amor não é assim.
Qual é o maior medo que o homem traz em seu coração? Você sabe? Segundo a Teologia do Corpo, de João Paulo II, o maior medo do homem consiste em ser rejeitado e desprezado.
E dentro do coração da mulher? Segundo a Teologia do Corpo, o maior medo, no coração da mulher, é o de ser abandonada e usada.
Quantas mulheres vivem este terrível drama ao serem abandonadas pelos seus esposos! Até mesmo para aquelas mulheres que estão com seu cônjuge ao lado, pois quantas se sentem usadas pelos seus maridos após o ato sexual! Não é verdade? E tudo o que elas queriam, após a relação sexual, era um carinhoso abraço do seu esposo.
E estes dois medos – do homem e da mulher – trazem profundas marcas no coração humano. Muitos de nós trazemos terríveis machucados pelas experiências afetivas que fomos vivendo. Hoje, o Senhor quer curar nossas feridas e usar dessas experiências para que, a partir delas, possamos fazer o maravilhoso encontro com esse Amor de verdade.
Deus, com o Seu amor, quer nos curar, pois quanto mais formos curados por Ele, tanto mais teremos condições de entrarmos num relacionamento afetivo de forma madura e consciente.
Todos nós, sem exceção, queremos amar e ser amados. Todo ser humano grita: “Eu quero ser amado!” e também “Eu quero amar!”, mas precisamos entender esse amor. Debruçando-nos, no livro do Gênesis, percebemos isso com clareza: fomos criados para amar e ser amados.
Hoje, fala-se em “amor líquido”, vivemos, na sociedade, a chamada “modernidade líquida”, na qual as notícias são divulgadas à exaustão e, muitas vezes, não são, sequer, apuradas a fundo. Depois, descobre-se que tudo não passou de uma mentira.
O mesmo acontece com o amor dentro desta nova mentalidade. Ele não tem solidez, o amor apenas flui e vai se deixando levar pelas circunstâncias. Assim, hoje, eu amo, mas amanhã já não amo mais por essa ou por aquela dificuldade.
A Palavra de Deus revela-nos a manifestação do amor de Cristo por nós na cruz. Ele morreu por nós livremente. Vamos aprender com Jesus a amar de verdade!
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que amar é a livre entrega do coração. Com Jesus aprendemos que nosso amor precisa ser livre. Não se trata de uma escravidão, meus irmãos, pois o amor de Jesus é fiel. Ele nos “amou até o fim”. E o que fazemos? Ficamos admirando essas músicas que falam de “poderosas” e por aí vai! Esse é o amor de Jesus? Não, meus irmãos! Jesus não brincou conosco nem com nossos sentimentos.
Com Jesus aprendemos um amor livre, total, fiel e fecundo. E não esse amor líquido, que imaginamos ser um lucro de amor imediato. Não! O amor é um longo processo.
Beata Teresa de Calcutá ensina-nos que o verdadeiro amor dói. O amor é decisão, mas, infelizmente, somos muito egoístas. Queremos nos preencher a qualquer custo com amor, mesmo que ele seja um amor líquido em vez de um amor sólido.
Deus nos chama: “Venha viver no meu amor!”. Mas o que respondemos a Ele? “Ah, hoje não!”, “Ah, isso é muito chato!”. Então, o que Deus faz? Ele coloca alguém em nossa vida para nos atrair para Ele. O seu namoro é isso! Você foi atraído por aquele jovem, naquele Grupo de Jovens. Lembra-se disso? E começaram a namorar. Que bom! Mas entenda: seu namoro é o meio que Deus se utilizou para levar a pessoa amada à santidade. É para fazê-lo feliz! Não se trata de ficar num “sentimentalismo”, pois sentimento “dá e passa”! Compreende? O seu namoro é parte de um lindo processo de doação e crescimento.
Na minha história, eu precisei ficar sete anos sem namorar. Aprendi muita coisa nesse tempo. Aprendi com Deus, com meus pais e com minha comunidade. Aprendi a gastar tempo comigo mesma e a me reconciliar com minha história. Fui me encarando sem medo de fugir daquilo que era a minha história de vida. Afinal, podemos fugir de todo mundo. No entanto, jamais conseguiremos fugir de nós mesmos. Fui sendo lapidada nesse tempo.
O amor dói! Eu fui sendo transformada por Jesus nesse período. As pessoas que conviveram comigo, na época do meu encontro pessoal com Deus, hoje dizem para mim: “Fernanda, como você mudou!”. E eu sei que isso é verdade. Meus irmãos, precisamos ser instrumentos do amor de Deus.
Depois de sete anos sem namorar, de sete anos de purificação e lapidação, hoje faz nove meses que namoro com o Guilherme Zaparolli (membro da Comunidade Canção Nova). E ele, além de ser meu namorado, é meu melhor amigo. Conversamos por horas e horas, nos deixamos conhecer pela nossa partilha de vida. O Guilherme conhece a minha história. Eu não me escondo no relacionamento com meu namorado. Eu e o Guilherme sabemos que não podemos amar “pela metade”. Precisamos gastar tempo em amar e ser amados.
Quando amamos de verdade, também somos livres de verdade. A grandeza do amor está em sua gratuidade. Sejamos sinais do amor de Deus uns para os outros.
Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira (@alexandrecn)