Nesta manhã, estávamos falando do grande amor que Jesus tem pelas crianças. Isso é um grande contraste com todo o ódio que vemos no mundo inteiro ao redor de nós. É por isso que São Mateus escreveu no Evangelho a história do rei Herodes matando tantas crianças. E, portanto, nós temos na história de Jesus esse fato deste rei querer matá-lo quando Ele era menino. E para ter certeza de que Jesus morreria, ele [Herodes] mandou matar todas as crianças. Hoje em dia, há muitos “reis Herodes” no mundo inteiro. O pior é ver que há tantos líderes religiosos matando crianças em nome de Deus; isso é terrível, e ainda matar crianças por outras razões.
Quando eu li a história de que matavam crianças na Índia, eu não acreditei. Então, ao ver que encontraram os corpos, percebi que isso era verdade. E também li que elas haviam sido molestadas; eu não acreditei, mas eu li pela internet que foi verdade. E o criminoso confessou o crime. Os jornais disseram que só acharam os esqueletos porque elas já estavam em decomposição. Não pude acreditar quando vi que ele, além de tudo isso, comeu os corpos das crianças.
Perto da casa, onde aconteceu esse fato, há uma casa de retiro dos padres salesianos. Eu já ministrei retiro lá para médicos e nunca imaginei que perto daquele centro católico poderia acontecer tal trucidade. Esse é o motivo pelo qual a Bíblia fala que Deus tem tanto amor às crianças, em contraste a seus próprios pais.
Jesus não apenas cura, mas liberta as pessoas de satanás.
Ouça: Padre Rufus fala do grande amor de Deus pelas crianças
Eu era o diretor do nosso principal colégio em Bombaim. Um dia, matriculei três crianças: uma menina na terceira série, a irmã na segunda e o irmão mais novo na primeira. Quase todos os dias a irmã mais velha trazia o irmão mais novo em meu escritório e dizia: “Meu irmão é muito bagunceiro, bata nele, padre”. Eu pegava uma régua e batia nele bem devagar. Um dia, perguntei para ela: “Por que você está trazendo seu irmão para mim? Se ele é tão bagunceiro, sua mãe é quem tem de trazê-lo até mim. Você está agindo como uma mãe”. A menina disse que a mãe os havia deixado e ido para outro país com um homem estranho, e que o pai também fora para outro país com uma mulher. Eles foram deixados com uma avó e uma tia, as quais estavam cuidando deles. Eu perguntei como eles foram parar naquela escola, que era para pobres, porque eu havia pensado que eles iam para a escola perto da casa deles, que era muito melhor. Eles disseram que haviam vindo para essa porque não conseguiram se matricular em nenhuma escola, e que alguém lhes havia dito que na escola do padre Rufus eles encontrariam vaga. Eu perguntei se ela queria ir para outra escola e ela disse que sim, então, eu consegui uma vaga lá para ela.
Seis meses depois, quando estava na paróquia olhando pela sacada, vi a menina no pátio da recreação e a chamei e perguntei se as férias tinham chegado, e ela disse: “Eu saí da escola”. Eu disse para ela: “Você me deu tanto trabalho para que ficasse naquela escola! E você saiu?” Ela me disse: “Eu não saí. Eles me pediram para sair. Todas as tardes eu caía no pátio e ficava me contorcendo e as crianças ficavam com medo de mim. Então o diretor pediu que eu saísse da escola”. A tia dela apareceu e eu perguntei se era verdade o que a menina me havia contanto e esta disse que sim. Eles pensavam que a menina estava possuída. Perguntei para ela por que não me procuraram e elas disseram que os padres falavam que nem o Espírito Santo sabia onde eu estava. (Eles nem sabem que eu estou no Brasil agora, porque senão pegavam o vôo e vinham para cá). Então, eu disse: “O que você fez quando não me encontrou?” Ela disse: “Fomos a um feiticeiro conhecido”. Eu perguntei a ela: “E ela ficou melhor?” Ela disse: “Não, ficou ainda pior. E nós gastamos uma boa soma em dinheiro para que ele pudesse ajudá-la, mas ela ficou ainda pior”.
Naquele momento, a freira, que era diretora da escola, veio me ver. Eu perguntei a ela se era verdade o que elas me contaram e a freira disse que sim. Que todos os dias ela caía e parecia estar possuída, e acabava assustando as crianças.
No momento em que coloquei a mão na cabeça da criança ela começou a gritar. Nesse instante, eu percebi que era algo muito sério. Que ela não precisava somente de cura, mas de libertação. Então eu não rezei por ela, porque havia outros padres naquela paróquia que poderiam ficar assustados e até com raiva. Pedi a freira para que rezasse pela menina no convento com ajuda de algumas freiras. No outro dia, fui rezar pela menina e o espírito mau começou a falar comigo dizendo como havia entrado naquela menina. Havia outra menina no convento, que era órfã e foi operada de apendicite e morreu na mesa de operação, e o espírito, que a atacava, entrou nessa menina, pois ela sentou debaixo da árvore onde a outra menina costumava se sentar, e tinha os mesmos pensamentos que a outra. Quando a menina estava consciente, eu perguntei: “Nos intervalos, você brincava com as outras crianças?” Ela disse que não e que ficava sentada debaixo da árvore. Perguntei: “O que você pensava?” Ela disse que ficava pensando por que a mãe e o pai a haviam deixado. Ela brincava, sorria, mas atrás disso havia um grande sofrimento. Eu disse para ela: “Talvez sua mãe esteja se sentindo mal em tê-la deixado e talvez o seu pai esteja se sentindo mal também, até mais ferido que você. Agora quero que você faça duas coisas: perdoe seus pais, louve a Deus, que permitiu que tudo isso acontecesse. Ele conhece as chagas do seu coração e sabe transformar seus fardos em bênção. Então ela começou a louvar – perdoando seus pais, enquanto eu rezava por ela. Não houve mais manifestação e ela parecia até um anjo. Ela estava curada e liberta.
Eu disse a elas que precisávamos ajudá-la para que ela pudesse passar de ano, senão isso seria uma vitória de satanás. Muitas crianças não estudam por causa disso. Então a freira admitiu a menina e colocou-a de volta na escola e no internato, e ela conseguiu passar daquele ano para o outro. Alguns anos mais tarde, eu fui para um outro internato e lá eu vi uma adolescente trabalhando no balcão de entrada. Ela me disse: “Padre, o senhor não me reconhece? Eu sou aquela menina… Eu terminei a minha escola e arrumei este emprego e ainda espero um outro melhor. O senhor pode me ajudar a consegui-lo”. E me disse também: “Vocês, padres, só prometem muitas coisas, mas não fazem nada!” Eu pensei: “Eu fiz tantas coisas por ela e ela ainda fala isso”. Mas deixei isso para lá.
Na festa da Natividade de Maria, em Bombaim, alguém bateu na minha porta. Havia uma senhora com seu marido e bebê. “Padre, o senhor não me reconhece? Eu sou aquela menina… Agora estou casada. Este é meu marido e este, meu filho. Mudei para a Arábia Saudita. E todos os anos voltamos a Bombaim para a festa de Nossa Senhora. Por duas razões: uma, para agradecer a Nossa Senhora, e segunda, para agradecer ao senhor. Nossa Senhora sempre encontramos, mas o senhor, não”. Ela ainda disse: “Padre, todos os dias, meu marido, eu e meu filho ajoelhamos na oração da noite e rezamos pelo senhor”.
Ouça: Padre Rufus alerta o fato de algumas crianças não contarem as dores que têm no interior
Um dia eu vi aquela menina, na sacada da paróquia, sem futuro, doente, sendo possuída todos os dias, e agora com uma família, com duas crianças. Sempre, que os encontro, eu me lembro quando a vi sem esperança. É por isso que Jesus diz: “Aquilo que é impossível para os homens é possível para Deus”.
A razão pela qual gastei tempo contando essa historia é para dizer que hoje muitos dos nossos filhos – não apenas meninos, mas também meninas – têm outros tipos de problemas, que médicos e psicólogos não podem ajudar, porque carregam fardos em seu coração que não podem partilhar com ninguém – a não ser que Deus traga aos seus corações a libertação. Por isso, vocês, pais, têm de despertar nos filhos confiança para que eles não escondam nada de vocês; assim, será fácil ajudá-los.
Uma outra vez, um pai e uma mãe trouxeram uma menina para mim. Eles eram bons católicos, eram líderes de um grupo de oração em Bombaim. Disseram: “Nós damos tudo para nossos filhos porque eles têm problema”. Contaram, para mim, que nos últimos meses a filha não conseguia se concentrar nos livros, parecia angustiada, não tinha apetite, achava difícil dormir à noite, e que sempre parecia estar tensa e cheia de medo. Aconteceu de a mãe me contar também que a filha costumava contar para ela que estava vendo figuras obscenas na sua mente. E quando eu ouvi isso, pedi ao pai e à criança que saíssem da sala e deixei só a mãe. Eu pedi que o Espírito Santo me falasse a causa do problema, e na minha mente vinha o fato de que a menina via figuras obscenas. Então fiz uma pergunta que nunca tinha feito antes. Diga-me: “Você já permitiu que sua filha visse você e seu marido terem relação sexual?” Ela disse que sim, e ainda acrescentou que foi a partir desse momento que a menina relatou para ela que estava vendo figuras obscenas. Então eu disse: “Essa é a causa”. O que eu fiz? O Espírito Santo me disse o que fazer. Eu fiz uma oração a Nossa Senhora: “A Senhora foi pequena como ela, ajude-a para que ela seja curada”. A seguir comecei a rezar e disse para a menina que ia rezar para ela não visse mais figuras feias, e ela afirmou que queria que eu rezasse.
Duas semanas depois, a mãe veio me dizer que a partir daquele momento houve uma grande melhora na sua filha. Ela não mais viu figuras obscenas, está dormindo e estudando bem. Depois da prova final, a mãe me ligou para dizer que a filha era a primeira da turma. Eu não sei por que sempre aqueles por quem eu rezo são os primeiros da turma. Não por causa da minha oração, mas é o Senhor quem os livra de todos os fardos para se dedicarem aos estudos.
Portanto, os pais devem ter muito cuidado de como educar os filhos. Nos retiros para casais sempre falamos que os pais devem tomar cuidado com quem os filhos saem e não os confiar a qualquer pessoa, pois há muitos casos de crianças que outras pessoas tiram vantagens e ainda abusam sexualmente delas, pessoas estas nas quais os pais haviam confiado. Tomem cuidado com aquilo que seus filhos comem fora de casa, pois há muitos casos de alimentos que elas comem e são afetadas por feitiços. Não estou dizendo que fiquem com suspeita de todos, mas sejam prudentes, aprendi isso com minha mãe. Ela me dizia para fazer duas coisas: nunca sair com estranhos nem comer fora de casa; agora percebo quão sábia ela foi. Assim como o rei Herodes estava ansioso para destruir crianças. Jesus diz: “Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino de Deus é daqueles que se parecem com elas” (Lucas 18,16).
Transcrição: Willieny Isaías
Fotos: Natalino Ueda
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