Queridos irmãos e irmãs, Maria é muito cara à família vicentina. Nós, vicentinos, amamos Maria com o coração todo especial. Quando eu digo “nós, vicentinos”, eu quero dizer a vocês que sou também confrade.
Quando eu era adolescente, no meu seminário, tínhamos uma conferência. Com 14 anos eu comecei a participar daquela conferência, na Diocese de Divinópolis (MG). Como todo vicentino sabe, quem é vicentino nunca deixa de ser vicentino. Portanto, eu não fui, eu sou confrade até hoje. Por isso, eu quero saudar todos os confrades e consorcias do mundo inteiro.
Sou de uma família muito ligada às Conferências de São Vicente, meu pai era confrade, minha mãe ainda é consorcia, com 88 anos, trabalhando ainda pela causa do pobre. A primeira Conferência da Paróquia foi constituída a mais de 100 anos atrás, por muitas pessoas da minha família, por isso eu me alegro hoje de estar aqui, junto com todos os confrades e consorcias na condição de confrade que nunca deixarei de ser.
Queridos irmãos, eu dizia que Nossa Senhora é muito cara à família vicentina, porque realizou no seu coração tudo aquilo que a Igreja realiza e que a Sociedade de São Vicente tem procurado realizar, ou seja, ela realizou o amor. O amor no qual perseveramos, no qual temos acreditado. Maria perseverou no amor, é uma mestra, uma professora do amor.
O amor que não é apenas uma filantropia, amar não é só dar uma esmola ao pobre, é fazer a verdadeira caridade, com o coração ligado no céu, com o coração em Deus. Esta é a verdadeira caridade, movida pelo amor, pelo Evangelho, oferecer de si para o pobre, para tirá-lo da miséria. Maria é exemplo de serviço, de amor a Deus e ao próximo.
Deus não quis realizar a salvação sem a colaboração de Maria e neste 20º AVIV nós celebramos a Festa Assunção de Nossa Senhora. Esta é uma Festa que nos que Maria não é uma mulher qualquer, mas é uma mulher especial, escolhida por Deus para uma missão única, a missão de ser mãe do Salvador. Posso citar para vocês pelo menos três passagens bíblicas, para mostrar a predileção por Nossa Senhora. Deus condenou o pecado, mas não condenou a criatura, pelo contrário, prometeu a salvação! “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.” (Gn 3-15 ).
O ódio entre a serpente do pecado e a Mulher, toda cheia de graça. Aquela que Deus havia preparado, prometido, para um dia ser a mãe do Salvador. É a sua descendência que vai esmagar a cabeça do Demônio, essa descendência é Jesus Cristo.
A segunda passagem é a do Evangelho de hoje, Maria como serva vai à casa de sua prima Isabel, à uma distância de 100 km, entre Jerusalém e o monte Ain Karin. Quando Isabel a vê, diz: Bendita és tu entre as mulheres”, não é uma mulher qualquer, mas é bendita entre todas as mulheres. Depois, continuando sua oração, Isabel diz assim: “Como pode vir a mim a mãe do meu Senhor”, eis aí a terceira passagem bíblica para mostrar que Maria não foi uma mulher qualquer, mas uma mulher especial, escolhida para ser a mãe do Salvador.
O anjo Gabriel anuncia-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” e “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo” (cf.Lc 1;28-31). Estas passagens mostram que Maria era especial, única na história da salvação. Por isso nós católicos amamos Maria, Deus a escolheu, então como podemos desprezá-la?
Maria é amada por todos os católicos e nós os Vicentinos a amamos de maneira muito especial, nela encontramos a expressão do amor de Deus, um modelo de resposta ao seu amor. Ela foi a primeira criatura a acreditar em Jesus, através do anúncio do anjo, e a segui-lo. Ela também foi a primeira a ser elevada para o céu, que um dia nós todos podemos experimentar.
Com Maria, imitando a fidelidade de Maria, queremos seguir Jesus Cristo da forma como ele espera de nós, com o amor concreto que Jesus diz aos apóstolos: Tive fome e me destes de comer, é a caridade do vicentino e da consorcia, de São Vicente de Paula, de Frederico Ozanan, é o jeito concreto de praticar o amor de Deus. Temos acreditado no amor, porque Jesus nos ensinou a amar e Maria é a mãe do Belo Amor, ela viveu em si este amor. A prática da conferência vicentina de atender o pobre o doente os velhos, é a maneira concreta de viver esse amor.
Hoje, no Brasil, há 36 Conselhos Metropolitanos, 27.000 Conferências, 250.000 confrades e consorcias no Brasil, viva a Sociedade São Vicente de Paulo! É um exército da caridade, do amor ao pobre, daqueles que sabem se abrir ao amor de Deus. É o jeito de praticar o amor de Cristo, não só na mente, mas claro com a nossa boa obra, é assim que o Senhor nos ensinou. Por isso é belo celebrar esse 20º AVIV para dar graças a Deus de poder praticar a caridade, por ser vicentino. São Vicente de Paulo foi um padre dedicadíssimo, foi ordenado com 19 anos e dedicou sua vida a praticar a caridade. Fundou quatro associações: as Damas da Caridade, os Servos dos Pobres, os Lazaristas, e as Filhas da Caridade.
Mais tarde vem Frederico Ozanam, para fundar as Conferências de São Vicente. Nós todos somos agradecidos a ele, que quarta feira-próxima fará 10 anos que foi beatificado. Esperamos que logo seja canonizado. Na diocese de Jundiaí estamos construindo um santuário em honra ao Beato Frederico Ozanan. Fiz uma carta à Santa Sé, pedindo que seja constituído como Santuário Nacional de Frederico Ozanan. É uma homenagem que nós queremos fazer à caridade, ao gesto de estender as mãos ao pobre, mãos estas que estão ligadas a Deus.
Convido a todos a elevar o coração à Deus, por todas as coisas que Deus nos dá, a primeira riqueza é a de pertencer a Jesus Cristo e á Igreja, isto é uma honra, é uma alegria, de ter sido batizado na Igreja de Jesus Cristo, é uma graça que devemos agradecer sempre. Agradecer graça de ter encontrado nosso caminho, a Sociedade São Vicente de Paulo e poder, na humildade, no silêncio, nos irmanarmos em conferências, para praticar aquele amor que marcou o coração de Maria, de Vicente de Paulo, de Frederico Ozanan e que marca o nosso coração e vai levá-lo a pulsar eternamente na casa do Pai, onde tudo é amor eterno. Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Transcrição: Natalino Ueda