Aos quatorze anos, comecei a sair, beber e fumar. Eu até ia para a Igreja, para o grupo de adolescentes, mas eu ainda não tinha tido um encontro com Jesus.
Eu tive experiência com o álcool, onde eu bebia muito, bebia até cair. Minha afetividade era toda bagunçada, e eu chegava a ficar com até cinco meninos numa noite. Com tudo isso, tinha insônia, misturava remédio com bebida, era muito revoltada, Quebrava as coisas em casa e só faltava bater na minha mãe. Quando eu saía, falava que voltaria num horário, e não voltava. Mudava de balada de tanto que eu tinha bebido, e meus pais não achavam.
Minha mãe em uma dessas noites me esperando voltar para casa, porque já não tinha me encontrado, começou a rezar o terço e rezava enquanto eu não chegava. Quantas vezes eles me encontravam caída no bar. Minha mãe sempre pedia no terço para que Nossa Senhora fizesse alguma coisa por mim.
No meu quarto era cheio de fotos de caveira, de bandas de rock, de esqueleto atrás da porta. Eu gostava de bandas que falassem mal da Igreja, e em meio a tudo aquilo, minha mãe colocou a imagem de Nossa Senhora.
Naquele dia minha mãe não tinha me deixado sair porque ela queria me levar, nem que fosse arrastada, para um encontro com um tal de padre Léo. No dia seguinte que eu já tinha voltado do hospital e pedi a minha mãe que me levasse naquele encontro. Lá eu fiquei sozinha. Não quis ficar com ninguem.
Eu nunca tinha visto aquele padre, ele pedia que eu fechasse os olhos e me lembrasse daqueles que nós precisávamos perdoar. Eu me lembrei dos meu pais, e comecei a chorar, porque ali havia todo uma história, e eu precisava perdoá-los por causa da ausência deles na minha vida.. Meu pais queriam dar o melhor colégio, queriam dar coisas materiais, mas eram ausentes.
E conforme o padre ia rezando eu comecei a rezar, e disse que perdoava meus pais, e naquele momento comecei a rezar em línguas, fui batizada no Espírito Santo naquele momento. O padre pediu que abraçassemos quem estivesse do nosso lado. Eu abracei um jovem, e depois que abracei eu vi minha mãe e meu pai entrando. Naquela hora eu os abracei e os perdoei.
Aquela experiência mudou a minha vida. Mas eu queria mais. Eu estava em processo, estava dando os meu passos e ainda tinha as minhas recaídas, mas o meu desejo era por Deus. Eu tinha o desejo de ir a Missa todos os dias.
Quando cheguei no meu quarto, fui exatamente na imagem de Nossa Senhora. Eu nem sabia rezar o terço, mas disse assim para aquela imagem: "Eu sei que o que estou vendo aqui é uma imagem, mas se a Senhora existe mesmo, no dia de hoje, eu estou consagrando a minha afetividade e a minha sexualidade, se essa pessoa é a pessoa de Deus para mim, a Senhora peça a Jesus que o converta, como Deus fez na minha vida, mas se não for, que eu nunca mais veja essa pessoa. E se for da vontade de Deus que eu me case, que eu namore e me case, porque eu não quero mais 'ficar', e quando aparecer eu quero me casar, e se não for a pessoa, que a Senhora abra os caminhos para aquilo que Deus quer". Eu fui muito sincera com Nossa Senhora, e a partir dali eu comecei a rezar o terço e a me empenhar em buscar a vontade de Deus.
Até que um dia eu senti um vazio e já fui dizendo ao Senhor o que estava acontecendo comigo, parecia que eu queria mais. Então eu vim para um encontro aqui na Canção Nova, onde Dom Alberto Taveira, falava da vida consagrada em uma comunidade, e ali eu fui muito tocada, voltei para casa e escrevi para a Canção e me pediram para fazer um caminho vocacional.
No último dia do curso de informática que eu estava fazendo porque eu precisava estar trabalhando para vir para a comunidade, em casa rezando o terço, o padre Onório me ligou me chamando para dar aula para os alunos dele, e naquele momento eu vi um sinal de Deus, e que Nossa Senhora tinha atendido minha oração.
Um belo dia já aqui na Canção Nova, cantando no ministério de música, começou se aproximar de mim um rapazinho, e eu percebi que não era só amizade. Mas seis anos rezando, e não aparecia a pessoa, eu comecei a achar que eu ia ser celibatária. E um belo dia esse rapaz chegou em mim e disse assim: “ Eliana eu estou gostando de você”. Eu respondi: “Parabéns para você, porque eu não". Eu não queria, não era o tempo, e já disse: "Acho melhor nos afastarmos”.
Eu fui na minha formadora e contei, ela me disse para me aproximar do Fábio. Eu tive momentos difíceis, mas ali parecia que era o mais difícil. Eu ia para a capela, e dizia: "Senhor eu não quero, eu vou ser celibatária". E na oração de cura interior, na adoração, Deus foi me curando.
Eu vivi um processo de nove meses com o Fábio, só na amizade sem falar de sentimentos, e em junho de 2000 comecei a namorar, o Fábio não era da comunidade. Ele entrou no mesmo processo que eu, e fez o caminho para entrar na comunidade.
Depois, já namorando, fomos passar o natal na casa dos meus pais, o Fábio foi comigo, e voltando para o acampamento, meu pai estava nos trazendo, e no carro ele ouvia a musica do padre Fabio e cantava Maria porta do céu. Mal sabia ele que naquela hora meu pai iria conhecer Nossa Senhora, e o carro bateu e meu pai faleceu. Eu me machuquei muito e tive que ficar afastada três meses da comunidade.
Eu pudia ter me afastado, mas escolhi abraçar a cruz com Cristo. Fiquei quarenta e cinco dias em cima da cama, sem poder me mover. E neste tempo de dor o Fábio e eu resolvemos não murmurar.
O padre Léo que um dia eu encontrei em 1993, nos convidou para uma assembleia em Portugal. E lá em Lisboa a Ilda muito tocada com o meu testemunho me disse que Nossa Senhora lhe pedia que ela nos desse as alianças de presente. E no dia quatorze de maio, um dia depois do dia de Nossa Senhora de Fátima, nós nos casamos.
Tudo isso para mostrar que depois daquela consagração que eu fiz a nossa Senhora, eu nunca mais me senti sozinha, e nos momento mais difíceis alguém sempre me entregava uma imagem de Nossa Senhora.
Eu nunca tive dúvidas de que a minha relação com a Virgem Maria, até mesmo no terço, é uma relação de intimidade. E a Nossa Senhora Aparecida eu dediquei o meu primeiro CD e o segundo eu dediquei a nossa Senhora de Fátima.
Depois fomos remanejados para Portugal e por causa do acidente, o Fabio sentia muita dor, mas lá não conseguimos fazer a cirurgia, mas voltando ao Brasil, no Hospital de Taubaté encontramos o médico que trouxe a técnica para da prótese de titânio, e o Fábio fez a cirurgia, e hoje o Fábio é uma outra pessoa. E tudo isso para dizer que a Virgem Maria nunca nos abandona e todos aqueles a quem Jesus confiou naquele bendito momento na cruz, nós somos de Maria.
E por isso somos tão tentados, mas precisamos recorrer a ela, a medianeira de todas as graças.
Não tenha medo de se consagrar a ela, não tenha medo de pedir a intercessão dela. Eu devo a minha vida a esta mulher, a Virgem Maria.