O céu começa aqui

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A Campanha da Fraternidade deste ano vem trazer para nós, que há dezesseis anos trabalhamos com estas pessoas, que são especiais. Quero partilhar com você o que temos vivido nestes dezesseis anos de Comunidade Jesus Menino. A maior necessidade do homem de hoje é o amor e é isso que estes jovens especiais têm para nos oferecer. Este dia será um dia de cerimônia da vida, na qual os fracos se tornam fortes.

Estamos tentando fazer os homens descobrir amor através deles. Deus é perfeito e criou todos estes jovens perfeitos, porque os seus corações são perfeitos.

Somos uma comunidade católica e há dezesseis anos vivemos juntos. Somos uma comunidade de vida, onde leigos vivem com os especiais. Somos uma família, pois moramos juntos, rezamos juntos, choramos juntos. Os maiores consagrados de nossa casa são eles, que todos os dias nos ensinam muito.

Muitos dizem que é um desafio viver com eles, mas eu digo que não, pois Deus que é amor nos capacita. Não somos uma ONG, mas uma família. Somos para eles pais e mães. O que a comunidade quer ser é isso: presença de Maria e de José que cuida do Jesus Menino. Muitas vezes, estamos no quarto dormindo e temos que acordar para socorrê-los. Vocês vão ver que eles são caminho de ressurreição.

Começamos o nosso dia diante de Jesus na Eucaristia e o terminamos diante d\’Ele. Um dos nossos jovens, o Flávio, todos os dias faz oração diante do Santíssimo com fotos de pessoas por quem ele se comprometeu a rezar, e veja, ele é especial. Ele é diferente, mas o seu coração está cada vez mais ligado a Deus.

No ano 1985, conheci numa festa um grupo de especiais. Na época, eu dizia que não dava para ficar perto deles. Descobri que quando não conseguimos estar perto deles é porque o nosso pecado nos impede de estar com eles, que são tão puros de coração, por isso existe tal resistência. Naquela festa, naquele dia, Deus tocou muito forte o meu coração e a partir daí eu queria estar cada vez mais com eles. Comecei a ver toda uma história sendo desenhada por Deus, a qual podemos ver sua beleza hoje.

Muitas vezes, pude ver crianças especiais sendo enterradas sozinhas, e isso machucava muito o meu coração. É muito fácil dizer: \”eu ajudo o pobre\”, o difícil é tomar uma atitude, tirar seu frio, sua fome.

Nunca pensei em viver em comunidade, muito menos em ser fundador de uma, queria apenas viver uma vida normal. Quando o chamado surgiu, procurei meu bispo, Dom José Veloso, hoje, emérito, e conversei com ele sobre o que eu estava sentindo e Dom Veloso me disse: \”Vá e viva em Nazaré, lugar onde José e Maria cuidam do menino Jesus com tanto carinho\”. Então, o bispo me pediu que rezássemos durante dois anos, antes de dar o passo, e foi o que fiz.

Quando começamos a viver em comunidade, em 1990, foi um estouro para muitos, mas foi também neste momento em que mais fui confirmado na minha vocação.

Hoje, vemos como Deus rompeu barreiras na vida da própria Igreja. Aquela comunidade, que sofreu tanto para nascer, é, hoje, um sinal claro do amor de Deus. Os nossos filhos especiais quando falam transmitem o que o próprio Deus quer falar. Quando o Dunga vai lá em casa, nos fala que se a Bíblia não tivesse sido escrita, as primeiras palavras dela sairiam dos lábios de nossos especiais, que são expressões claras da presença de Deus no mundo.

\”Sou Delfim Moreira, estou, hoje, na Comunidade Jesus Menino fazendo uma experiência totalmente nova. No dia 19 de março, deste ano, fiz o meu primeiro voto no desejo de ser pai destes jovens especiais. Eles nos ensinam a ver sempre Jesus e a viver o amor-doação\”.
João Paulo
Consagrado da Comunidade Jesus Menino

\”Moro no Estado do Rio de Janeiro há mais de 20 anos. Conhecei Jesus por meio da RCC. Um dia, percebi que Deus me chamava para mergulhar em águas mais profundas, foi quando me chamaram para conhecer esta comunidade, e já de início me apaixonei por esta obra. Eu, que pregava tanto a Palavra de Deus, me sentia impulsionada a vivê-la de maneira mais radical. Quando fiz meu encontro vocacional, recebi uma Palavra de Deus, na qual o Senhor nos diz que é preciso que o grão morra para que haja vida. O sorriso destas crianças especiais nos levantam. É Jesus nos dizendo: \’Eu te levanto, eu te restauro\’. Todos eles têm um dom, um talento que encanta e anima a gente\”.
Nilma
Consagrada da Comunidade Jesus Menino

\”Hoje, eu sou uma pessoa feliz, porque tenho um pai, que é o Tônio. Posso dizer que a Comunidade Jesus Menino é a minha casa. Deus não me deu movimentos nas pernas, mas me deu um coração. É muito bom viver em família!\”
Antônio Miranda
Filho acolhido pela comunidade

\”Deus quer que sigamos a Ele, apesar das dificuldades que temos. Às vezes, não temos atitudes de amor, mas Ele nos quer assim mesmo. Ele o completa, porque é amor. Deus entra com você no sofrimento e dá razão a tudo. Quero dizer que eu sou muito feliz\”.
Felipe
Filho acolhido pela comunidade

Transcrição e áudio: Claudenilson José
Fotos: Anderson Nunes

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