O Evangelho nos permite ficarmos próximos uns dos outros

O ressuscitado está entre nós e o proclamamos liturgicamente quando dizemos: "Ele está no meio de nós". A Canção Nova só pode estar em São Paulo, porque nós acreditamos na força desta invocação litúrgica.

A Igreja se desdobra na sua ação ministerial e na sua ação sacramental, porque ela é a primeira representante desse desdobramento. Essa foi a ordem de Jesus a Pedro no momento em que o coloca no seu desdobramento direto da sua missão: "E eu te declaro: 'Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (São Mateus 16,18).

Padre Fábio de Melo
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Você não pode construir uma casa sobre as águas, mas pode buscar a pedra. Jesus retira Simão das águas; aí está todo o significado da vida sacramental.

Nós nos transformamos naquilo que comemos. Jesus se utiliza do alimento da ceia para mostrar como é que Ele estará presente em nós. A Eucaristia é aquele momento derradeiro, onde Jesus não tem mais um corpo, porque agora a sua presença é gloriosa. Então, Ele diz: "Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: 'Tomai e comei, isto é meu corpo'" (Mateus 26,26).

Eu o retiro da água e o coloco no sustento de Pedro. Continue nele, continue nesta comunhão eclesial, sacramental, siga nos mesmos passos, porque isso é caminho de salvação, é o sinal de que estamos no caminho certo. Eucaristia é isso. Cristo não está ausente, nós é que não podemos vê-lo com os nossos olhos, assim como eu posso ver você. A presença da Igreja no mundo apressa este retorno, é esperança de vida eterna que os nossos olhos ainda não podem contemplar.

É difícil ficar diante das propostas de Jesus e não ser tocado por Ele, pois a Sua missão não começa com pessoas perfeitas. O reino de Deus começa quando eu me coloco no lugar do outro; e se o nosso olhar é de igual para igual, tudo muda.

A missão que eu tenho de viver é amar quem não merece ser amado. Muitas vezes, pensamos que no Cristianismo encontraríamos glamour, mas de repente Deus me mostra que o meu Cristianismo é muito diferente, porque eu tenho que amar as pessoas que eu não suporto.

Jesus trazia as pessoas para perto d'Ele sem medo de quem elas eram. Ele se abaixou enquanto traziam aquela mulher para ser apedrejada e o pior é que ela sabia que seria morta, pois tinha "culpa no cartório". O poder opressor da culpa estava sobre ela. Nós religiosos temos o mau hábito de provocar culpa quanto deveríamos provocar arrependimento. Para aquela mulher não havia outra coisa senão a morte, e ela conhecia a lei, por isso estava curvada sob o peso da culpa. Mas Jesus faz uma pergunta muito simples aos agressores dela: "Quem de vocês nunca falhou na vida ou, arrependido, não quis voltar?". Isso era tudo o que aquela mulher precisava escutar e a direção que Jesus lhe deu não foi a mesma dos moralistas que ali estavam, porque o processo de salvação na vida dela já estava acontecendo.

Naquele momento, todo mundo se recordou de seus erros e ficaram paralisados com um discurso humanizador. No momento em que todos se reconheceram no mesmo lugar que aquela mulher, eles viraram as costas e saíram. A Eucaristia que Jesus ainda não tinha realizado, ela experimentou. "Eu não vim para os santos, mas para os que estão doentes, para os miseráveis.

O destino da missão de Jesus é você. Pense no que aconteceu no coração daquela mulher; de renegada, a convidada a um lugar nobre no banquete.

Eu posso morrer errando, mas quero morrer nos braços da misericórdia. Peço a Deus que Ele nunca permita que eu olhe para alguém com desdém, porque eu não quero ser um instrumento de juízo, mas de salvação. E dizer: "Eu lhe perdoo em nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo. Vá e não volte a pecar”.

Hoje, a Canção Nova tem anunciado ao mundo a Boa Nova, e a nossa missão está ligada à missão de Jesus. Hoje, a Boa Notícia está batendo à sua porta.

Sabe o que é mais bonito? É saber que você é portador desta notícia também, pois as pessoas estão precisando de um olhar seu que transmita Jesus.

Descubra que o bonito do Evangelho nos permite ficar próximos uns dos outros. A Canção Nova não engoliu a verdade suprema, estamos ainda em processo de conhecimento e o anúncio deve ser de misericórdia. Ou então vamos contrariar aquilo que Jesus pediu de nós. Se algum dia eu me esquecer de que Deus me ama, então não poderei mais anunciar.

Não podemos anunciar uma superioridade religiosa que não faz bem a ninguém. É muito fácil sermos diabólicos jogando o outro na lama. Eu preciso viver para estabelecer comunhão. Eu vou viver para que o meu lar seja melhor, vou assumir com Jesus e procurar onde existe alguém que precise de um lugar salvífico, porque Deus não tem outro objetivo no mundo senão o de colocar você em pé.

A missão da Canção Nova é anunciar que Deus nos ama e nos quer de pé, é dar a nós uma frase que faça o nosso coração acordar. Como é difícil acreditar nessa verdade! Mas a força do ressuscitado em nós é para nos libertar de todos os pesos.

Precisamos nos sentir amados por Deus. E quando temos a consciência de que não somos qualquer coisa, mesmo que tenhamos cometido muitos erros, sabemos que o amor de Deus é muito maior que os nossos erros. Nós precisamos colocar os nossos pés nesta verdade.

Eu lhe convido a olhar Jesus nos olhos, porque n'Ele toda a culpa pode ser dissolvida. Peça ao Senhor que Ele transforme a sua culpa em arrependimento. Busque, dentro de você, essas culpas e as examine, porque elas estão na mira da misericórdia. Depois que você fizer isso, ninguém o humilhará mais.

 

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