Um homem novo canta um canto novo! Só o homem novo canta o canto novo. O mundo precisa do canto novo, que é a vida nova. O Espírito Santo canta o canto novo, Ele, por excelência, é o Artista. Meu filho, minha filha, eu e você só vamos cantar o canto novo à medida que formos nos tornando homens novos e mulheres novas com a vida renovada.
Muitas vezes, pensamos só no cantor, mas você, instrumentista, precisa aprender cantar o cântico novo com os seus dedos também. E nós precisamos de homens e mulheres novos assim, porque o mundo precisa. O mundo está cansado da "canção velha"! E você é o primeiro que precisa ser profundamente espiritual e, sendo do Espírito, seu toque será diferente. Justamente porque é o homem do Espírito, daí a batida nova, a tirada nova, os acordes novos. Novos porque tocados de uma maneira nova, à maneira do Espírito Santo de Deus.
Duas coisas no Evangelho me chamaram a atenção. A primeira delas diz: “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não têm nada para comer.” Jesus sentiu na pele a situação daquele povo. Se eu os mandar para casa vão cair de fome no caminho porque não têm nada para comer. Compaixão e misericórdia, você músico precisa aprender com Jesus. Você não simplesmente canta, anima ou toca, mas está levando a compaixão e a misericórdia do Senhor às pessoas que estão naquele grupo, naquela igreja. O Senhor quer e é preciso que você leve a compaixão d'Ele para esse povo que está aí.
“Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9,35-36). Muitas vezes, a ovelha fica assustada, agressiva porque está sofrendo como ovelha sem pastor. E aquela multidão estava abatida e enfraquecida como ovelha que não tem pastor.
“O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas” (João 10, 10-11). “O ladrão vem para matar roubar e destruir;” e como ele vem fazendo isso! Mas logo Jesus acrescenta: “Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor" […]. E veja esse pastor aqui não quer dizer um pastor bonzinho de bom coração, quer dizer: pastor mesmo, para valer, que sabe o que faz. Ele se definiu assim: “Eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a vida pelas ovelhas”. Dar a vida é dar a vida nos dois sentidos de gastar a vida e morrer pelas ovelhas.
Fiz questão que houvesse um Círio Pascal aqui. Ele mostra muito mais que a vela, vai desgastando-se e quanto mais se desgasta mais translúcido fica, mais a luz passa. Você músico é a mesma coisa: dá a vida pelas ovelhas do Senhor na hora que for, na hora que precisar. Quando é preciso você entra numa gravação noite adentro. Gasta-se e dá a vida porque você ama profundamente essas ovelhas que precisam de Deus. E porque elas precisam do Pastor, você se torna pastor coadjuvante e dá a vida por essas ovelhas. E como diz a música do Eugênio Jorge: "como o rio que se derrama no mar, se derramar de amor…". É isso que Jesus espera do músico.
Ainda no Evangelho de São João o versículo quando Jesus diz: "Eu sou o bom pastor, dou a minha vida pelas minhas ovelhas". Dê! Dê realmente a sua vida. Não é brincadeira, não é simplesmente tocar um instrumento, não é simplesmente animar, é dar a vida! E lá no Evangelho também diz, porque aquele povo estava sem comer, Jesus pergunta aos Seus apóstolos: "Quantos pães tendes?" E eles respondem de um modo incrédulo como se não tivesse mais jeito. E quantas vezes respondemos assim: Aquele usuário de drogas não tem jeito, aquela garota de programa não tem jeito, etc. Respondemos com incredulidade como os apóstolos: “Como podemos saciar a fome desse povo aqui no deserto?”
E Jesus não faz aparecer uma montanha de pães, porque para saciar aquele povo seria preciso uma montanha de pães. E é assim, músico, você recebe de Deus e dá ao povo. Por mais árida que seja a situação Jesus pode, mas Ele não faz por si, Ele não foi distribuir pães, assim Ele faz hoje com você. Ele pega e põe nas suas mãos, nos seus dedos, na sua batuta: pode ser uma música antiga, mas só se for por intermédio de um homem novo fará efeito. Por isso, meu querido, nós não podemos viver na superfície: ou santos ou nada! Os músicos de Deus precisam ter uma meta: a santidade de vida. "Sereis perfeitos, pois o vosso Pai celeste é perfeito". O Pai, que é santo, pelo Espírito faz com que você seja santo.
Há uma ordem de Deus a respeito da nossa ressurreição vinda pelos ares. Em Tessalonicenses, capítulo quatro e versículo três diz: “Esta é a vontade de Deus a vossa santificação”. A vontade de Deus é a vossa santificação e pronto! A santificação é um processo do dia a dia, ainda não somos o que devemos ser, mas graças a Deus também já não somos mais o que éramos. A cada manhã precisamos entrar num processo de santificação. Para isso é preciso logo de manhã perguntar: Espírito Santo, o que é que vamos fazer juntos hoje? E isso não é para dizer só de manhã, mas agora! Perguntar: O que é, Espírito Santo, que vamos juntos agora?
Esta é a vontade de Deus: a minha santificação! Por essa razão você precisa ser um músico profundamente espiritual. Portanto, dê qualidade à sua vida espiritual, não é para entulhar a vida de práticas de piedade, mas é necessário você dar qualidade à sua vida de oração. E a oração, por excelência, é a Eucaristia, onde o próprio Jesus é o orante, o ofertante, o celebrante, o intercessor ao Pai. E você músico precisa participar da Santa Missa e não só no domingo. Busque um meio de você estar ali cantando, tocando, mas inteiramente em oração. Não deixe de comungar, não deixe a Missa pela metade. Você precisa da Eucaristia. Ela é o centro, o ponto de chegada e de partida da espiritualidade.
Juntamente com a Eucaristia há a adoração a Jesus Sacramentado. A samaritana perguntava a Jesus onde se deve adorar e Jesus responde: “Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura”. Você vai para o sacrário e precisa arrumar um meio para mergulhar na adoração em espírito e verdade. Lá é o lugar onde os raios da misericórdia e da compaixão de Jesus vêm sobre você. São os raios divinos da Eucaristia, intangíveis, mas reais. E você precisa adorá-Lo porque você é consagrado ao Senhor como ministro de música, você ministra o canto novo, a canção nova, a canção do Espírito.
O Senhor pede de nós músicos radicalidade. Houve uma mulher muito simples, que viveu essa radicalidade. E lá no cenáculo ela já estava cheia do Espírito Santo e atraiu como um para-raios o Espírito Santo, que veio sobre os apóstolos e estes ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a orar em línguas. A grande graça do Senhor para este tempo é o avivamento do Espírito Santo e a Virgem Maria também quer.
“Por esse motivo, o convido a reavivar o dom de Deus que está em você pela imposição de minhas mãos. De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria. Não se envergonhe, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participe do meu sofrimento pelo Evangelho, confiando no poder de Deus.” (2 Timóteo 1,6-8) É preciso reavivar as brasas, as chamas, porque Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de amor e de sabedoria e acrescentou a nós que é preciso ter espírito de valor, de ousadia, de intrepidez, de uma santa temeridade. Quantas vezes fiz temeridades, mas temeridades guiadas pelo Espírito Santo de Deus, se não fosse assim a Canção Nova não existiria. A Canção Nova é, justamente, esse sonho sustentado profeticamente. É preciso temeridade no Espírito para que as coisas aconteçam, para você cantar, para você gravar.
É preciso ter qualidade na nossa música para atingir a essas ovelhas do rebanho. Não se envergonhe do testemunho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Realmente é isto: somos músicos em ordem de batalha e batalha não para matar, mas para salvar. É preciso ter instrumentos abrasados, cordas vocais abrasadas pelo mesmo Espírito. Vista a camisa, a camisa do homem novo que tem as cordas vocais abrasadas para cantar um canto novo.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair