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Quero começar essa pregação lembrando um texto do livro do Deuteronômio, que o Senhor nos inspirou a ler nos inícios da Toca de Assis.
\”No entanto, se houver em teu meio um pobre, numa das suas cidades, na terra que o Senhor te dá, não endureças o coração, mas abra a ele as mãos e lhe dê o necessário para a vida…\”
Durante o Evangelho, me lembrei do texto do Apocalipse que fala da segunda morte. Diz a carta aos Hebreus: \”cair nas mãos do Deus vivo\”. Temos a impressão que santidade é apenas ser \”bonzinho\” e fazer o que é natural, mas o Senhor nos fala no Evangelho que só Deus é bom. O nosso seguimento de Jesus deve ultrapassar o que é natural. Devemos nos entregar a atitudes místicas. O homem místico é aquele que sobrepõe o natural, que vive uma intimidade profunda com o Senhor. Perdoar, saber perder, socorrer o próximo, tudo isso são atitudes místicas.
O Reino de Deus é assim. Hoje, dia de Cristo Rei, devemos perguntar: \”Quem é esse Rei?\” São Paulo responde: \”A glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo\”. O Reino de Deus está aqui e precisa produzir frutos a partir do nosso coração. Uma pessoa convertida é sinal de contradição. O santo, a mística e o místico incomodam. Muitos dizem que os santos são \”chatos\”, pois incomodam. O Reino de Deus tem valores diferentes desse mundo. A busca desse Reino não pode ser alienante.
O Espírito Santo nos ensina que o seguimento de Jesus passa por tudo isso. Existe um confronto entre o Reino de Deus e o reino das trevas. Muitas pessoas boas dizem que não precisam de Jesus, endeusando seus atos. Você precisa entregar sua vida ao mistério do Reino de Deus.
Hoje, o Senhor vem nos falar do juízo final. A Igreja nos fala de dois juízos: o primeiro, quando nos encontrarmos com Ele em nossa morte e o segundo na sua vinda gloriosa, na parusia. Os \”grandes\” desse mundo pensam que não vão morrer e fazem planos financeiros com o objetivo de sustentar o anticristo. Os ricos têm medo de perder e depositam sua confiança nas coisas que para eles garantem o sustento do poder.
Madre Tereza dizia aos ricos que a visitavam em sua casa: \”Você está tendo a oportunidade de se salvar\”.
O Senhor nos diz: \”Eu mesmo vou buscar as minhas ovelhas\” – grande profecia da encarnação do Verbo. Porém, o pior de tudo é o orgulho do coração que faz com que os homens pensem não precisar de Deus, assim não vão à Missa, depositando a confiança no ter e no poder.
Então perguntamos: \”O que é o Reino de Deus?\” Está no Evangelho: \”Estive com fome e me deste de comer, estive com sede e me deste de beber, estive nu e me vestiste…\”
Santo Ambrósio escreveu: \”Por acaso, vocês estão orgulhosos de seus palácios? Isso deveria ser motivo de sofrimento, pois mesmo que abrigassem toda população, eles lhe isolam dos pobres. Também, de nada adiantaria ouvir os pobres pois nada fariam por eles…\”
São Francisco de Assis disse que se vai para o céu mais rápido pelas pequenas tocas do que pelos palácios. Como eu preciso buscar o Reino dos Céus?
Os pobres, no mínimo, precisam de dignidade e moradia. Porém, com esses palácios as pessoas se isolam dos pobres; e isso acontece exatamente por medo da pobreza. Quando auxiliam os pobres, fazem por desencargo de consciência. Se você é um homem rico e se sente inquietado com essa pregação, então mude.
Mas você fala que dentro da Igreja também tem isso – e realmente tem. Mas eu sou o primeiro a me vigiar. Santo Ambrósio continua dizendo que todos querem aumentar suas riquezas e não querem parar. A Palavra já dizia que a raiz de todos os males é o dinheiro, o apego ao dinheiro.
Quantos pobres estão morrendo por falta de atendimento médico? Quantas vezes você poderia salvar uma vida? Como é possível o Senhor estar presente na vida de um pobre, daquele que passa fome, de um maltrapilho? \”Meu Deus, Tu és Rei mesmo, pois só um rei poderia fazer isso. Como pode o Senhor, sendo a liberdade, estar preso naquele que está preso? Como ser a Água da vida e estar preso naquele que tem sede?\”
O servo é livre e não tem medo de se rebaixar, pois ele não tem nada. O verdadeiro servo vai atrás dos pobres e cuida deles. O mundo não reconhece que Jesus Cristo é Rei – não há dúvidas disso. Os poderosos desse mundo não se prostram diante de Jesus Cristo Rei, mas se prostram diante dos reis desse mundo.
O Senhor disse: \”É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus\”. O Senhor, no dia do juízo dirá: \”Vinde, benditos de meu Pai, pois eu estava necessitando de ajuda e me socorreste\”. E o que fizemos por aquele que estava nu, que tinha fome, que tinha sede? Quem são \”os benditos de meu Pai\”? Aqueles que souberam viver a vida com maturidade e prestaram auxílio ao seu próximo. Que maravilhoso é o seu Reino, Senhor Jesus Cristo!
O Senhor comparou o Reino de Deus a um grão de mostarda. O grão de mostarda é menor do que uma semente de pimenta do reino, é muito pequeno, porém é mais forte do que a morte. O Reino dos Céus é uma sementinha mais forte do que a morte. Essa sementinha tem atitudes que denotam que Jesus Cristo é Rei. O Reino de Deus, embora sendo uma sementinha, causa medo no mundo. Um homem que vive esse Reino causa contradição e atrai as pessoas, de modo que o mundo o persegue e busca fazer com que ele se cale.
O Reino de Deus é Jesus Cristo Senhor e a nossa alegria é partilhar aquilo que temos.
Fotos: Natalino Ueda