Os nossos filhos precisam ver o nosso testemunho dia a dia
É uma alegria pregar na Canção Nova, mais ainda com a minha esposa Neia! Hoje, vamos partilhar sobre a família.
Sempre é importante partilhar um pouco sobre a vida e a família. Vocês devem pensar: “Eles não tem problemas, tudo dever ser fácil!”. A nossa vida não é muito diferente da de vocês, a única diferença é a consagração à comunidade Canção Nova. Temos filhos que não são membros da Canção Nova; além disso, temos a grande família Canção Nova que são mais de dois mil irmãos, com os quais também enfrentamos desafios, situações difíceis para serem resolvidas. Muito daquilo que nós fazemos, você pode fazer igual no que se refere à família cristã. Somos iguais; inclusive, no começo do mês, temos de pagar nossas contas como todas as pessoas.
“Se tu te converteres, eu te converterei e na minha presença ficarás; e se souberes separar o que é bom daquilo que não presta serás a minha boca” (Jer 15,19).
Um dos deveres que precisa existir entre um homem e uma mulher é a conversão. Há momentos da nossa vida que vamos para direções erradas como o adultério, as brigas e os pecados, mas como provedores da casa, como um casal responsável, temos de tomar consciência da necessidade de mudança e mudar! “Se tu te converteres eu te converterei”. Deus diz que vai realizar aquilo que Ele sonhou para nós se, na nossa liberdade, decidirmos pela conversão. Assim, a alegria será plena.
Dunga – Eu tinha em casa pais que fizeram por mim e por meus irmãos o melhor que podiam, dando-nos tudo para nos educar, inclusive valores como comprar, pagar; chegar na hora certa e assumir responsabilidades. Nesse período, a Neia terminou o namoro comigo, porque eu já estava nas drogas e na bebida. Embora ela também tivesse a história dela, o meu caminho foi mais errado. O que garantiu a nossa volta para Deus foi o fato de termos pais convertidos. Se não fosse o testemunho do meu pai, senhor Chico, e da minha mãe, eu não teria saído das drogas.
Neia – Os nossos pais se conheceram quando as nossas mães estavam grávidas. A minha mãe ia à Missa e encontrava com a mãe do Dunga. Segundo elas, nós nos conhecíamos desde a barriga.
Dunga – Nossos pais rezavam o terço, iam à Missa e às novenas. Isso nos capacitou, mesmo vivendo no erro, a voltarmos para Deus um dia. Eu me converti e fiz um propósito de não namorar por dois anos, para resgatar o processo de castidade no meu coração. Depois desse tempo de purificação, um dia, no grupo de oração, eu encontrei com ela e começamos a namorar.
Nossos pais nos deram a chance de ser quem somos. Meu pai trabalhou por 30 anos em uma fábrica; depois, aposentou-se varrendo rua e arrumando o meio fio. Durante muito tempo, eu comi arroz e lambari, mas via a garra do trabalho honesto do meu pai. O quanto isso é importante para a família e para os filhos!
Neia – Quando nos casamos, aos 23 anos, o Dunga estava no começo de sua vida profissional. Então, começamos nosso casamento praticamente sem nada. Só fomos ter uma geladeira depois de seis meses.
Dunga – Quando eu pedi a Neia em casamento, eu disse a ela: “Você tem duas opções: ou você não se casa comigo e fica sem nada, ou nos casamos com nada e teremos tudo”.
A religiosidade dos nossos pais nos garantiu a possibilidade de continuarmos nossa história para formarmos homens e mulheres novos para um mundo novo. Nós temos três filhos: Filipe, que é casado e já tem uma filhinha; Carol e Priscila.
Neia – Quando eu conheci o Dunga, não tínhamos noção daquilo que seríamos hoje. Eu sempre tive uma vontade muito grande de casar, por ver o testemunho dos meus pais. Eles foram a “boca de Deus” para mim; hoje, estamos sendo “boca de Deus” para vocês. Quando chegamos à comunidade Canção Nova, o nosso filho já tinha três anos; sentíamos que o Senhor queria algo a mais de nós: a nossa vocação. Por isso digo que só temos a chance de estar aqui e ter uma família, porque estávamos atentos ao que Deus propôs para nós. Os nossos filhos precisam ver o nosso testemunho dia a dia, até quando acordamos em casa e arrumamos a cama juntos. Quando nós estamos juntos, eu faço questão de mostrar para os meus filhos que eu amo o pai deles, o respeito e o apoio naquilo que ele faz.
Dunga – Uma experiência muito legal que fazemos é arrumar a cama juntos, e o registro que isso tem no coração dos meus filhos é muito grande. Quantas vezes, mesmo na correria, nós sentamos e ficamos ali na mesa, durante as refeições, para estarmos juntos!
Os nossos filhos precisam saber que seus pais namoram, que tem uma convivência sadia, que são um homem e uma mulher que vivem o amor conjugal. Essas coisas são registros de família e o casal precisa colocar isso no coração dos filhos: “É meu pai e a minha mãe”! Quantas vezes, eu cheguei em casa “mijado”, drogado, e minha mãe rezava para mim. Ela foi sendo a “boca de Deus” para mim, e eu fui saindo das drogas.
Nós pais precisamos saber qual é o melhor momento para falar com os filhos, para conquistá-los. Precisamos ter um filtro na nossa casa para saber aquilo que pode entrar em nosso lar. Não podemos deixar entrar revistas pornográficas, sites pornográficos e tantas outras coisas. “Se tu te converteres, eu te converterei”.
Neia – Não posso deixar de dizer também de Nossa Senhora, pois, graças a ela, conseguimos muitas graças diante de situações difíceis. Nós encontramos as respostas para nossos problemas por meio da união, da partilha e do amor. Muitos acham a família ultrapassada, mas ela não o é. Lute pela sua família, porque ela é um projeto de Deus.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.