Para mim, uma das mais belas verdades, uma das maiores promessas que Jesus nos fez, escandalosa, exagerada, uma promessa que diz que Ele pode intervir no curso da vida humana. Agente tem a sensação que a vida é programada, e quando acontece uma desgraça, calamidade ou tribulação, a primeira pergunta que nos fazemos é essa: Como vou conseguir superar essa situação? A grande promessa que Jesus nos fez foi essa: “E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Lc 11, 9).
Três verbos que denotam ações humanas: pedi, buscai, batei. Santo Agostinho diz que Deus não nos daria três promessas, somente uma, mas Ele quis nos dar três, por quê?
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Deus quer nos ensinar algo acerca da oração, Deus quer nos ensinar o que a oração persistente pode alcançar, que não existe limite humano para a intervenção de Deus. A oração tudo pode, tudo alcança. Para compreendermos melhor o que significa essa oração ousada, para exemplificar, Jesus nos conta uma historinha, que diz que a oração persistente tudo alcança: “Se alguém de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer; e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães; eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães necessitar.” (Lc 11, 5-8).
Era costume em Israel viajar durante a noite, era mais fresco o tempo, durante o dia o sol não permitia grandes viagens. O amigo chega numa hora imprevista e ele não tinha nada para lhe dar e isso seria uma ofensa, porque na cultura judaica a acolhida é tudo. Então ele vai até a casa do vizinho pedir, e chega a importunar. Deus nos diz: insista, peça, não desista, seja cara de pau. Quem aprendeu a rezar assim, insistentemente, descobriu que: “A oração é a chave que abre o coração de Deus” (Pe. Pio). Então nós precisamos aprender uma oração que seja insistente e perseverante. Quanto mais importuna e perseverante é sua oração, mais agradável ela será a Deus. (São Jerônimo).
Santo Agostinho dizia que quando nós conseguimos as coisas muito fácil, logo a gente esquece, mas quando nós conseguimos com a insistência, a perseverança, nós vibramos e devemos vibrar. Eu pergunto, quem voltou para Deus por causa de uma tribulação, um sofrimento? Esse foi o pretexto que Deus usou para que você se encontrasse com Ele. Por causa do sofrimento, buscamos o milagre e encontramos com o dono dos milagres, com o portador da benção. Deus quer dar a benção, mas primeiro Ele quer te ter.
São João Crisóstomo, grande patriarca de Antioquia, dizia: “não há nada mais poderoso do que um homem que reza.” Porque para um homem que reza não existe mais barreiras, nem limites. Vou contar uma história de criança: “Dois colegas estavam patinando no gelo e num lugar onde o gelo estava fino, um dele caiu dentro da água. Ele foi levado para onde a camada de gelo era mais grossa e seu amigo tirou os patins e começou a bater no gelo. Conseguiu quebrar a grossa camada de gelo e tirar seu amigo. Nesse momento chegaram pessoas da vizinhança e vendo aquilo perguntaram: como ele pode quebrar a camada grossa de gelo? Um senhor que estava por perto disse: eu sei, é que não tinha ninguém para dizer que ele não poderia quebrar.” A oração faz isso. Agente encontra muita gente que diz assim: você não vai conseguir. Mas a oração tudo pode. A palavra nos dá outro exemplo de oração persistente, a Parábola do Juiz Iníquo. Esta parábola era para ensinar que é necessário orar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo, sem desanimar. “Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma. Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens; todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar.” (Lc 18, 2-5). Não é que Deus seja um juiz iníquo e disso falava o grande Doutor Angélico, São Tomaz: “A oração não é para apresentar as minhas necessidades a Deus, a oração é para eu reconhecer que tenho necessidade de Deus.”
Esta parábola quer nos dizer que devemos orar com insistência, sem nunca deixar de fazê-lo, porque é assim que se alcançam as graças. Em Lourdes, na França há muitos casos documentados de milagres que aconteceram. Não existem barreiras, nem limites, mas a oração precisa ser insistente, porque “Deus quer ter certeza que vai nos ter” (São João Crisóstomo). Deus que ter certeza que não vai nos perder depois de conceder o milagre. O objetivo de Deus ao operar um prodígio, um milagre, não é outro senão salvar. Eu gosto muito de um santo que se chama Bernardino de Senna, que dizia uma coisa muito interessante sobra a oração. Ele imagina a oração como um ser humano: “A oração é a mais fiel embaixadora conhecida pelo rei, ela está acostumada a entrar nos seus aposentos, e importunamente alcança todas as graças que nós precisamos.” Deus nos dá a liberdade de importunarmos Ele.
A oração apressa o tempo de Deus, quem descobriu isso foi Maria, nas bodas de Caná. Ela escuta a minha oração se ela não chegou, e quem sabe você escuta isso de Deus: não chegou a tua hora. Então você foi embora cabisbaixo, mas Nossa Senhora sabia o que moveria Seu coração, então ela insiste, já que não chegou a minha hora eu apresso. É isso que nós temos que fazer, apressar a hora de Deus, mas para isso você precisa dobrar o coração e os joelhos diante de Deus, render-se diante de Deus, fazer uma oração que chega ao coração de Deus que é a oração do humilde. A oração persistente nos ensina a sermos humildes, a sermos dependentes de Deus. Quando eu começo a pedir com humildade, Deus se rende, Ele se rende a uma oração humilde, então as graças são derramadas.
Quem namorou sabe, quando recebemos um fora não podemos desistir, senão muitos não teriam casado. Essa é a oração que agrada a Deus, a oração insistente. Depois que aprendemos o segredo, Deus vai nos dizer: entre que a porta está aberta. “Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado.” (Mc 11, 24).
Transcrição: Natalino Ueda
Fotos: Erick Walker
Áudios: Willieny Isaias