“A santidade nada mais é do que gratidão Àquele que nos amou e ama de volta”, enfatiza padre Paulo
Após o nascimento do Senhor, a Igreja celebra as manifestações do Senhor. Este é o tempo da manifestação de Deus. O Evangelho de hoje traz o sentido do batismo do Senhor.
E o que é o batismo? Purificação. No tempo de João Batista o batismo era de penitência, era uma ascese. Ascese é aquilo que podemos fazer para nossa santificação, é uma ação humana, como deixar de comer algo, rezar de joelhos, fazer jejum. A ascese é a parte do batismo de João, uma ação humana. Quando vem Jesus acontece a ação divina. Quando Cristo é mergulhado nas águas batismais Ele santifica as águas do batismo e dá a elas o poder de nos purificar. O batismo de João não perdoava os pecados dos fiéis, o de Jesus sim!
Dento dos sacramentos temos a garantia da ação divina. Quando Jesus criou os sacramentos Ele democratizou a mística e nos garantiu que a tivéssemos.
Quando o leproso se aproxima de Jesus, ele fica curado. E o leproso somos cada um de nós. Na Bíblia não é utilizado o verbo “curar” e, sim, “purificar”, de forma a nos mostrar o que Jesus realiza por meio do nosso batismo e todas as vezes em que nos aproximamos do sacramento da confissão.
Por que a Igreja existe? Por que a Canção Nova existe? Para ser um instrumento de Deus para chamar os Seus filhos à santidade. Isso não é difícil de ver, pois, desde o início, monsenhor Jonas Abib sempre convidou os membros da comunidade a serem “santos ou nada”, do contrário não teria sentido a Canção Nova existir.
As comunidades de vida são uma novidade na história da Igreja, antes havia apenas a vida religiosa, na qual as pessoas professavam o voto de pobreza, de castidade e de obediência e não se casavam. De repente, surgem as comunidades de vida formadas por leigos que se casam, têm família e dedicam-se inteiramente a Deus. Quem vive na comunidade de vida é aquele que quer assumir, de forma mais explícita, o chamado de Deus à santidade. Essa pessoa decidiu-se firmemente a viver o chamado à santidade.
Algumas vezes, parece óbvio quando dizemos que somos chamados à santidade, mas nem sempre foi assim. Houve um momento na história da Igreja em que parece que muitos se esqueceram disso. E alguns escritores até começaram a dizer que a santidade não era para todos. Deus mesmo suscitou na Igreja a verdade de que não é bem assim.
Hoje celebraríamos o aniversário de São José Maria Escrivá, que, em 1928, recebeu um chamado de Deus para pregar a santidade na vida comum, no dia a dia das pessoas em casa e no trabalho. Quando ele começou a pregar isso, para muitos soava como heresia. Quem poderia imaginar que a santidade era para pais e mães de família, tendo em vista que, naquela época, pensava-se que quem quisesse ser santo deveria abraçar a vida monástica. Mas a Igreja sabe que não é assim, pois todos são chamados à santidade.
Para compreender o que é ser santo é preciso entender o que é ser salvo. Imagine que você morra agora. Vamos fazer o “teste” para saber se você vai para o céu ou não. Se você pode dizer afirmativamente que ama a Deus de todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo seu entendimento e toda a sua força, você estaria no céu. Do contrário, você vai para o purgatório.
Nós amamos a Deus, mas somos apegados a criaturas; somos generosos, mas, ao mesmo tempo, avarentos; somos puros, mas, muitas vezes, vivemos como prostitutos. Nosso coração é um campo de batalhas de ”sins” e ”nãos”. Somos como leprosos, incapazes de amar, por isso devemos chegar a Jesus e dizer: “Se queres, podes me curar”. Somos batizados, portanto, somos chamados a amar a Deus com toda nossa alma, com todo o nosso entendimento e o nosso coração.
São Josemaria Escrivá, aos 15 anos, foi chamado a anunciar a santidade. Para isso ele fundou o Opus Dei, que é um movimento em que as pessoas se comprometem a viver a santidade no dia a dia e onde estão inseridas: na medicina, na engenharia, nos lares, na escola, etc., como dona de casa, professor ou qualquer que seja sua profissão.
A partir do Concílio Vaticano II ficou mais claro este chamado universal à santidade. A Canção Nova é uma comunidade que surgiu com pessoas dispostas a viver a santidade no seu dia dia. Retomemos este chamado à santidade em nossas vidas no estado de vida em que estamos.
Digamos ao Senhor nesta tarde: “Senhor, se queres, podes curar-me” (Mt 8,2). Sejamos curados para amar. A santidade nada mais é do que gratidão Àquele que nos amou e ama de volta. Nisso está nossa saúde espiritual.
Vamos ser santos, ter gratidão e amar a Deus. Não deixemos a vida passar sem amar a Deus.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair