A proposta desta quinta-feira de adoração é seguir os passos de Jesus, pois hoje começamos o mês missionário da Igreja. Para segui-Lo tem de haver algo dentro de nós que nos atraia; para segui-Lo é necessário que tenhamos uma motivação. E que motivação? Veremos na Palavra: Lucas 5,27-28 – Vocação de Levi – “27.Depois disso, Jesus saiu e viu um publicano, chamado Levi, sentado na coletoria de impostos. Disse-lhe: “Segue-me”. Deixando tudo, levantou-se e seguiu-o”.
Olhe que coisa interessante: Cristo saiu de uma casa, viu um coletor de impostos e disse: “Segue-me”. Ele não conversou, apenas passou ao lado dele e disse uma só palavra. Aqui vemos a força da Palavra de Jesus Cristo. Eu acho que Levi era mineiro, pois mineiro não fica esticando conversa; com poucas palavras dizemos muitas coisas.
Primeiro, eu ouço Jesus e depois sigo os passos d'Ele. É essa a dinâmica da Igreja: primeiro discípulos, depois missionários. Hoje Dia de Santa Teresinha, ontem dia de São Jerônimo; setembro, mês da Bíblia; e outubro, mês das missões. A dinâmica é esta: primeiro eu estudo a Palavra, me deixo ser conquistada por ela, depois eu vou em missão. O que Levi viveu é o que nos ensinam os bispos da Igreja hoje.
Levi era publicano e ninguém gostava deles: eles poderiam até ter prestígio político, mas status social não tinham nenhum, pois ninguém gostava deles por subornarem o povo. Ninguém gostava deles e Jesus passa perto dele e o chama para Si. Algumas vezes achamos que ninguém gosta de nós, mas, hoje, Jesus também nos chama.
Quando lemos superficialmente a Palavra de Deus é como um cachorro que fica correndo atrás de um carro e não sabe o porquê. Mas quando a lemos com carinho, entendemos a dinâmica dela e nos apaixonamos por ela. Não a podemos ler correndo, tem de haver carinho, porque é a Palavra de Deus para nós. Primeiro: eu ouço e depois transmito aos outros; primeiro discípulos e depois missionários.
Seguindo a Palavra: “Levi preparou-lhe um grande banquete na sua casa. Lá estava um grande número de publicanos e de outras pessoas, sentadas à mesa com eles.” Levi teve um encontro com o Senhor, largou tudo e O seguiu; e esse publicano O levou aonde queria. Levi fez o que nós temos de fazer: teve uma experiência com Jesus Cristo e fez a missão dele, levou-O para casa, onde ele atua como missionário. Levou Cristo para casa a fim de mostrar a experiência que ele teve. Leva o Messias para toda a sua família e todos os que estavam com ele e para quem ele trabalhava.
O leigo é missionário: nós temos de aprender que nós somos missionários. Você é missionário na sua casa, no seu trabalho, nos lugares aos quais você frequenta e dos quais participa. As pessoas com as quais você convive são seu “campo de missão”. Precisamos assumir isso, pensamos que ser missionário é abandonar tudo e seguir Jesus. É isso também, mas é também levar o Senhor para onde você for.
Ser leigo é vocação. Talvez você não tenha vocação para ser padre, para ser consagrado em uma comunidade, mas a de ser leigo sim. Ser leigo é vocação na Igreja. Precisamos assumir essa vocação: “é especifico do leigo, por sua própria vocação, procurar o reino de Deus, exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus” (Catecismo da Igreja Católica – CIC, n. 898).
“A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir e de inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs” (cf. CIC, n. 899).
Impregnar nossa sociedade com valores cristãos é nossa função na Igreja, precisamos exercer isso, por isso há muitos padres entrando na política, porque muitos leigos não estão fazendo a sua função. O sacerdote tem a função que nenhum outro leigo pode fazer: atender em confissão, celebrar os sacramentos, presidir a Santa Missa. Cada cristão precisa viver a sua vocação.
Além de missionário, você é profeta, a Igreja nos diz isso, quando fomos batizados, fomos incorporados ao Corpo de Cristo. O problema é que não entendemos o que é ser profeta; geralmente os filmes mostram que é um cara bonitão, pessoas que veem o futuro. Ser profeta não é ser vidente! Ser profeta é escutar a Palavra de Jesus e levá-la a outras pessoas, assim você é missionário e profeta.
Na Bíblia, os profetas fizeram grandes coisas, mas, ao estudá-los, eu concluí que eles são iguais a nós, também tinham problemas e dificuldades, mas foram chamados por Deus, que lhes disse que fossem levar Sua Palavra aos outros. Igual o Senhor faz com você agora.
Deus não olha o que fizemos de errado, Ele olha as coisas boas que temos e podem vir para fora. Esse é o chamado do Altíssimo para nós, na nossa casa, na faculdade, no trabalho; nesses lugares a vocação do leigo se faz. E nós só somos felizes quando realizamos nossa vocação.
Muitas vezes, reclamamos que o mundo está ruim, que o Brasil está uma confusão. A gente só reclama, não precisamos mudar o mundo, precisamos apenas mudar o nosso mundo. Quando o mudamos, ajudamos a mudar o mundo todo. Quando fazemos o bem para alguém, fazemos o bem para nós mesmos.
A nossa missão é quando fazemos coisas boas, coisas simples, assim começamos nossa vocação de leigos, na nossa casa, no trabalho, não é à toa que hoje celebramos Santa Teresinha, Padroeira das Missões. Essa santa francesa viveu com a família dela, e com 15 anos, foi para um convento e viveu lá até os 24 anos, idade que tinha ao morrer. Aos olhos humanos pode parecer que é uma pessoa que não fez nada da vida por ter morrido tão jovem. Mas para a Igreja ela é Padroeira das Missões, porque viveu nas pequenas coisas a intensidade da missão.
Deus nos envia Seu Espírito Santo, para sermos testemunhas de Jesus na nossa casa, nosso trabalho, aonde formos, pois é nesse lugar que começa nossa missão, e aí que Ele quer que a realizemos.
Transcrição e adaptação: Regiane Calixto