"Celebra-se, hoje, 455 anos da cidade que os primeiros evangelizadores jesuítas deram o nome de São Paulo. Como Núncio Apostólico, representando o Papa Bento XVI, tenho a missão de ir pelo mundo inteiro e anunciar o Evangelho a toda criatura. Foi este o mandato transmitido por Jesus que ecoa até os dias atuais sobre nós.
O relato da conversão de São Paulo, que está na liturgia de hoje, é muito importante para as comunidades cristãs. Estamos diante de um fato ímpar porque o próprio Apóstolo demonstra possuir a consciência de que, embora ele tenha sido perseguidor da Igreja, é redimido e salvo pelo Senhor que o chama a fazer uma releitura radical daquilo que para ele era valor.
O termo conversão pode ser compreendido de algumas formas. Uma delas é como a conversão de Maria Madalena, de Santo Agustinho ou de São Francisco de Assis. Outra maneira é deixando de ficar na indiferença e procurar integrar-se na Igreja, onde o ser humano pode, no interior da experiência religiosa, deixar-se guiar pelos caminhos inimagináveis desta experiência.
No momento em que Paulo seguia caminho para perseguir os cristãos, o Senhor veio ao seu encontro. Ele, que se julgava iluminado, se vê cego. Para seu espanto, ele se dá conta do vínculo entre Jesus e os cristãos, quando o Senhor o diz: "Saulo, Saulo porque me persegues?”. De fariseu ardoroso, Paulo se torna um pregador do Evangelho de Jesus Cristo. Acontece, então, uma conversão em sua vida.
A cada momento somos convidados a comparar os valores deste mundo com os valores do Evangelho, onde devemos assumir a Palavra de Deus na sua totalidade. O Evangelho não pode ser adaptado às nossas conveniências e, sim, nós precisamos nos adaptar a Ele. A mensagem de Paulo continua atual para os tempos de hoje. Penso que, primeiramente, este Apóstolo nos convida a crescer na abertura do nosso coração. Não temos uma cidade permanente, a nossa pátria é o céu.
Outra mensagem transmitida por essa conversão é que Paulo estabelece o diálogo entre fé e cultura. Ele mesmo saiu do tranquilo ambiente judaíco para se defrontar com o paganismo. Também em nossos dias o diálogo com a cultura e a fé é um grande desafio. É certo que os contemporâneos nos acusam de rigorismo moral, mas é exatamente o contrário. O diálogo com os homens não é contra o progresso e a ciência, desde que não seja entendido de maneira contrária.