Servos de Deus e da Igreja

Homilia do Arcebispo de Palmas (TO), Dom Alberto Taveira, na Missa de ordenação diaconal de cinco jovens da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).

Na tarde deste domingo, dia 21, Antônio Xavier, Bruno Costa, Arlon da Costa, Anderson Marçal e Paulo de Oliveira assumiram publicamente os compromissos de castidade, pobreza e obediência.

Estão com a ordenação sacerdotal marcada para o dia 16 de dezembro deste ano, na mesma cidade, na sede da Canção Nova.


Nas Bodas de Caná, evangelho de domingo passado, Maria entrega tudo nas mãos de Jesus, quando diz: "Fazei tudo o que ele disser". Diante da montanha do Calvário, essa mesma Mulher está aos pés da cruz. Olhando para Maria, afinal de contas o que vocês, Bruno, Anderson, Antônio, Arlon, Paulo, querem?

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João Paulo II, em sua viagem ao Brasil, diz aos jovens, que todos devem dar uma resposta para o Senhor. Vocês acham que é fácil viver uma vocação? Não. Vocês acham que eles são melhores do que outros? Não. Vocês acham que na história familiar não houve lutas? Sim. Exigências de conversão? Muitas. Quedas? Muitas também. Tive a graça de testemunhar a jornada deles, por isso respondo com toda a certeza. Deus, que os chamou, vai marcá-los com o sacramento do grau do diaconato para o serviço.

Foi fácil quando eles saíram da casa dos pais? Vocês, pais, entregaram seus filhos, que amam. E até, humanamente, talvez tenham apostado outras coisas para eles, mas Deus chama para aquilo que Ele quer. Se há mais alegria em dar do que em receber, vocês são as pessoas mais felizes, por entregarem seus filhos ao Nosso Senhor. Vocês não os estão perdendo, não vão ficar sem eles, pois serão de vocês ainda mais, a partir do dia de hoje.

A Comunidade Canção Nova é uma espécie de retrato do que a Igreja é em sua diversidade. Pois, a Igreja é um corpo, todos são chamados a uma forma de entrega. Um homem e uma mulher batizados têm o chamado de não viverem para si.

Hoje, para que vocês acolham a graça, o Evangelho mostra o início da missão de Jesus: "O Espírito do Senhor está sobre mim"; vocês têm a missão de levar a Boa Nova, de anunciar esse tempo que só Deus realiza. Quem é ordenado bispo, presbítero, diácono, tem o dever de oferecer sua vida toda a Cristo. Aquele que não se apegou, que realizou toda a profecia do servidor é a referência.

Que vocês se apaixonem por serem servidores, e não sigam a tentação do autoritarismo. Sejam verdadeiros servos, usem os dons, a inteligência a serviço, para saírem de si mesmos, para amar.

Deus pede a esses jovens uma entrega radical, total e definitiva. A consagração é definitiva. Deus lhes pede uma entrega alegre e bonita, colocando-se nas mãos de um bispo. Já pensaram nisso? Homens inteligentes, tesouros, vão nadar contra a correnteza em um mundo individualista.

O celibato é uma forma de amar. Ele amplia a capacidade de amar, pois expressa um amor não de homens, porque a medida do amor é o Senhor, ao qual vocês fizeram a oblação da sua castidade.

Se usarmos nossa capacidade de amar, nossa afetividade, nossa sexualidade fora da consagração recebida, estaremos roubando algo que não nos pertence mais. Marido e esposa infiéis estão roubando o direito de Deus. Você entregou seu amor a Deus e Ele o entregou ao seu cônjuge. Não transforme esse amor em apego, senão, eu vou acusá-los de roubo, antes de acusá-los de pecar contra a castidade.

Outra dimensão do diaconato: Vou perguntar-lhes se serão orantes. Padres que não rezam, roubam o direito de Deus. Sejam orantes, rezem pelas pessoas. É por isso que existe um compromisso da Liturgia das Horas. Vocês serão ordenados para três tipos de serviços: palavra, altar e caridade. E, ainda, quero lembrar da obediência, do celibato e da oração. Muita coisa? Não. Tudo! Só isso tudo!

Que vocês se abram e se esvaziem no jeitinho de Maria: "Eis me aqui, Senhor". Olhem para Ela e se façam escravos. O resto fica por conta de Deus.

Transcrição: Cynthia Mattosinho
Fotos: Natalino Ueda


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