A Liturgia de hoje não fomos quem a escolhemos, mas sim Deus quem nos deu, Ele é um Deus que sabe nos maravilhar! É impressionante a Divina Providência, que nos dá de presente o santo Evangelho. “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados, sob o vosso fardo e eu vos darei descanso” (Mateus 11, 28).
O Senhor nos convida a irmos a Ele, o segredo para vivermos a fé e a santidade está em constantemente irmos a Deus. Quantos de nós estamos cansados porque não temos buscado fazer a coisa certa. Israel viveu um cansaço extremo diante da sua infidelidade ao Senhor. O pecado tem invadido o mundo e isso nos esgota e nos cansa.
Quantos de nós chegamos à Santa Missa atrasados em vez de chegarmos cedo e nos prepararmos para o Santo Sacrifício. Algumas vezes chegamos à igreja e ficamos conversando, navegando na internet. Será que não chegou a hora de darmos uma parada em nossa vida corrida para dar mais espaço para Deus e ter mais intimidade com Ele no silêncio?
“Dá forças ao homem acabrunhado, redobra o vigor do fraco.Até os adolescentes podem esgotar-se, e jovens robustos podem cambalear, mas aqueles que contam com o Senhor renovam suas forças; ele dá-lhes asas de águia. Correm sem se cansar, vão para a frente sem se fatigar.” (Isaías 40, 29-30).
Aqueles que encontram o Senhor são chamados a constantemente voltar a Ele e encontrar descanso n'Ele. O Senhor não o chama para uma vida de cansaço, de abatimento e de desgaste; mas a uma vida feliz, de descanso e cheia de esperança.
Encontramos o Cristo e entregamos a vida a Ele, mas, depois, muitos de nós queremos reclamar "nossos direitos". Precisamos aprender o que é seguimento de Cristo.
“Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida? Porque, se nesta geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os seus santos anjos” (Marcos 8,34 – 38).
Aquele que se encontrou com Cristo deve renunciar a si mesmo e à sua vida de pecado para viver na santidade, para viver os Mandamentos de Deus. Tome a sua cruz de cada dia, se a sua cruz é seu marido, sua esposa ou são seus filhos, não os abandone, pois o Senhor os abraçará com você.
“Meu filho, se entrares para o serviço de Deus, permanece firme na justiça e no temor, e prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. Põe tua confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele. Conserva o temor dele até na velhice” (Eclesiástico 2, 1-6).
Tenha disposição em crer no Senhor e na força de Seu Espírito para que você não O abandone, permaneça fiel até o dia que você for ao encontro do Senhor ou até que Ele volte. Conhecemos, encontramos o Cristo, porém, encontraremos dificuldades. Davi conhecia o Deus poderoso de Israel, tinha intimidade com o Senhor, por isso olhou e enfrentou Golias por saber que seu Deus é muito maior que o gigante [Golias]. Assim também você a partir de hoje é chamado a olhar para a sua situação e ver que há um Deus muito maior do que seus problemas a seu favor. É Ele quem nos consola, dá descanso e nos traz alívio.
Quando o Senhor nos chama “Vinde a mim”, está nos convidando a ficar ao lado d'Ele para que suavize nosso interior devido às nossas tribulações. Temos perdido o espírito de sacrifício e isso prejudica a nossa vida espiritual. O sacrifício, quando se está ao lado de Cristo, não é áspero, é suave.
Depois de encontrar o Cristo, Santo Agostinho afirma que o Senhor nos criou para Ele e enquanto não O encontrarmos, não encontraremos descanso. Como é bom fazer a vontade de Jesus!
Encontramos o Cristo que sempre tem iniciativas de misericórdia para conosco e que vai ao encontro das pessoas para curá-las. Encontramos o Cristo para nos tornarmos mais parecidos com Ele. “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, diz-nos o Senhor. Somos convidados a ser um sinal de mudança neste mundo buscando a humildade e a abrirmos mão de queremos ser reconhecidos por nossos atos.
Existem muitos ambientes cristãos que são difíceis, porque as pessoas se sentem onipotentes e poderosas. Como é difícil conviver com o soberbo, o orgulhoso, a pessoa que quer estar por cima, quer sair por cima! O humilde depende de Deus, é aquele que não nega a verdade, não quer para si a glória, mas dá glória a Deus.
Encontramos com o Cristo para nos parecermos mais com Ele e libertar as pessoas dos fardos que elas carregam, e não para sermos um peso a mais com nosso comportamento e julgamento. Há pessoas saindo da Igreja, da nossa comunidade, de nossas casas, porque temos sido um peso na vida delas em vez de sermos um alívio. Papa Francisco tem alertado que não podemos viver um clericalismo, nem o “leiguismo”, no qual servos e coordenadores se acham mais pesados e melhores do que os outros. Quantos de nós nos achamos no direito de colocar fardos sobre a vida dos outros, e não temos consideração com a história das pessoas, achamos que somos Deus e decretamos sentenças para a vida dos outros com a desculpa de que o fazemos devido à nossa história de dor ou em razão de nosso temperamento. É preciso dizer: “põe, Senhor, uma guarda em minha boca” para mudarmos isso.
Experimentamos o Cristo para sermos mais alegres e para sermos mais suaves, e não mais abatidos. Ninguém basta a si mesmo, ninguém é bom sozinho. Devemos querer, ao imitar Jesus, ser para o outro a presença da suavidade e da leveza de Jesus Cristo, porque Ele morreu na cruz por todos nós. Ele nos ama loucamente e foi para a liberdade que Ele nos salvou, não para vivermos abatidos e humilhados.
Precisamos ser presença suave de Jesus Cristo na vida das pessoas, e isso se conquista na humildade e na mansidão de Jesus Cristo. Aprendemos d'Ele mesmo a humildade e a mansidão, ao vir num jumentinho, quando as autoridades e as pessoas daquele tempo esperavam uma procissão de guerreiros e atiradores. Um coração orgulhoso não consegue compreender Jesus Cristo.
"É uma grande coisa sabermos que não somos nada diante de Deus!", afirma São José Maria Escrivá. Na verdade, o que somos diante de Deus? Somos filhos, não existem piores nem melhores, somos filhos e nada mais! O que mais importa é como Deus nos vê. Ainda que tenhamos um título nobre e um cargo importante não somos melhores do que outro por isso.
No documento Spe Salvi [Salvos pela esperança] do Papa Bento XVI, no número 32, ele afirma: “Primeiro e essencial lugar de aprendizagem da esperança é a oração. Quando já ninguém me escuta, Deus ainda me ouve. Quando já não posso falar com ninguém, nem invocar mais ninguém, a Deus sempre posso falar. Se não há mais ninguém que me possa ajudar – por tratar-se de uma necessidade ou de uma expectativa que supera a capacidade humana de esperar – Ele pode ajudar-me. Se me encontro confinado numa extrema solidão […], o orante jamais está totalmente só”.
Voltemos ao tabernáculo e à oração porque é em Jesus que aliviamos nosso fardo.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair