Queridos irmãos e irmãs, durante esta semana aconteceu aqui na Canção Nova o Retiro Nacional de Seminaristas – RENASEM, no qual mais de 400 jovens de todas as regiões do Brasil estiveram presentes. Monsenhor Jonas, padre Paulo Ricardo e eu, fomos convidados pela coordenação do encontro a pregar esse retiro. E, portanto, a Canção Nova nessa semana respirou vocação sacerdotal, chamado, toque de Deus no coração de tantos jovens espalhados por esse Brasil.
Ontem, alguns seminaristas recebiam os ministérios e eram acolhidos como candidatos à Ordem Sagrada. E hoje, tudo isso culmina nessa ordenação diaconal que celebramos em uma tarde de domingo, dentro de um ambiente bonito de Acampamento para Famílias. Toda essa realidade nos envolve de forma magnífica, nesse contorno do grande mistério, mas Deus quer conduzir-nos ao centro, ao coração.
O que esses jovens fizeram em suas vidas? Uma descoberta que marcou profundamente suas existências. Realidades diferentes, origens diversas. Toda a preparação teológica acontece em Palmas (TO) e suas vidas são marcadas pelos carismas da Comunidade Canção Nova e Comunidade Bethânia.
O que aconteceu na vida deles foi que Nosso Senhor, com seu Espírito Santo agindo em cada um, os conduziu para aquilo que hoje nós vemos no Evangelho: a inauguração de um ministério. O Verbo eterno de Deus, desde sempre no Pai com o Espírito Santo, assume uma carne como a nossa.
São Pedro na casa de Cornélio – Atos dos Apóstolos 10, 34-38 – nos mostra que naquele acontecimento do Batismo, Jesus começa seu serviço, sua pregação, revestido do poder e unção do Espírito Santo e sai para realizar sua tarefa. Sua Palavra é poderosa, sua presença transforma e vai à raiz de cada pessoa.
Inaugura-se o ministério de Jesus e acontece uma magnífica revelação: Deus mostra a Sua intimidade. Deus mostra que no seu 'Eu' mais íntimo, Ele não é solidão, Ele é família. E o Verbo de Deus veio até essa terra e assumiu essa vida para mostrar essa intimidade de Deus.
O Pai que – atesta com palavras toda Sua afeição e afeto – repousa sobre Jesus. O Espírito Santo em forma de pomba e Jesus, que desce às águas do Jordão, não para ser purificado, porque Ele é o Cordeiro que tira o pecado do mundo, mas para santificá-las a fim de que depois, no Sacramento do Batismo, todas as águas por este mundo pudessem ser este sinal da comunicação da graça. Para que na água do Batismo acontecesse o mistério de nossa entrada na vida de Deus. Que coisa bonita! Hoje me veio ao coração esse louvor de Deus porque um dia o Verbo de Deus feito carne desceu às águas do rio Jordão para lhes dar o poder da santificação, que vem da graça batismal.
E o que aconteceu com Jesus quando começa a realizar o ministério e serviço d'Ele? Pouco a pouco Ele vai arrebanhando discípulos. Até alguns discípulos de João foram atrás d'Ele. Ele começa a realizar seu ministério e as pessoas, mesmo sem entender tudo, vão atrás d'Ele, porque Ele está revestido do poder do Espírito Santo. E por isso Ele chama.
Quando alguém, jovem, adulto, criança, tem a experiência desse encontro com o Senhor, percebe que Aquele que é revestido do Espírito Santo e de poder, chega perto do coração e o transforma. O que acontece é maravilhoso.
Nosso Senhor hoje traz esses três jovens que foram tocados por essa graça. Aconteceu essa erupção da graça de Deus no encontro com Jesus Cristo na vida deles. Há histórias lindas de conversão e mudança de vida, busca de santidade, de desejo do serviço aos irmãos. Isso existe na vida deles.
Hoje, Fabrício me dizia: 'Eu tenho medo no coração'. E eu dizia: 'Não é medo, é uma coisa santa. Isso é temor reverencial'. Como o Senhor disse para Moisés: "Tira as sandálias porque essa terra é santa".
Vocês não estão fazendo carreira profissional. Estão fazendo o ato mais digno que um homem pode fazer: entregando suas vidas. Para serem padres vocês precisam ser feitos diáconos. Diácono é servidor, é aquele se apaixona para fazer a estrada do lava-pés como Nosso Senhor Jesus Cristo.
Deus pede a eles, hoje, a oblação de sua existência, da sua capacidade de amar. Sabe que pessoas Deus escolhe para ordenação sacerdotal? Deus escolhe para serem ordenados homens que tenham duas vocações. A Igreja escolhe, porque vocação quem dá é Deus. Só Ele pode dar. Eles precisam ser chamados a ser padres e precisam com as suas vidas assegurar que são chamados a serem consagrados a Deus na oblação inteira do seu amor, o celibato.
Talvez o mundo se escandalize. Você pode pensar assim: 'Os três saudáveis poderiam ter família. Não poderiam também servir a Deus como casados?' Poderiam, mas não foi o chamado que Deus fez a eles. Foi uma espada profunda que entrou no coração de cada um deles. Eles não são incompletos por não se casarem. São inteiros e íntegros e felizes. Um padre ou diácono não são pessoas que abafam o seu coração e a sua capacidade de amar. Mas são homens que dilatam o seu coração na medida do coração de Jesus. Isso é ser celibatário.
Não são homens que reprimem sua capacidade de amar. Mas só dá para ser celibatário se forem capazes de amar mais do que todos os outros. Porque a medida que tem de existir no coração de vocês é a medida do coração de Cristo. Nada menos.
Nosso Senhor lhes pede outra oblação. A oblação da sua liberdade. Esses três estarão ajoelhados e eu lhes pedirei uma coisa exigente: promessa de obediência. 'Mas vão obedecer a um homem?' A obediência só tem sentido se finalizada em Deus. Entrega da própria liberdade. Entregar o seu próprio ser.
Eles são chamados a ser servidores, na pobreza.
Hoje não é dia de fazer votos porque são diocesanos. Mas o padre diocesano também tem de viver a pobreza, a castidade e a obediência. Só pelo fato de serem ordenados eles já têm de ser modelos de pobreza, castidade e obediência, já dizia São Tomas de Aquino. Eles fazem essa entrega e uma forma linda para a qual o Senhor os chamou é que os três foram chamados a viver o seu ministério em comunidade. Para servirem no carisma específico ao qual foram chamados.
Nosso Senhor os faz servidores da Palavra, anunciadores do Evangelho, apaixonados pela Palavra de Deus. Nosso Senhor os faz servidores do Altar da Eucaristia e caridade. Os três vivem essas dimensões.
Eu quero dizer-lhes apenas aquilo que nos aponta exatamente para Aquele que é o servidor. Aquele que passou fazendo o bem. Aquele que vem para resgatar, para libertar. Aquele, que ó motivo da vida dos três: Vale a pena ser diácono, vale a pena ser padre, porque vale a pena seguir Jesus. Diácono, discípulos. E discípulos em nome d'Ele.
Eu quero pedir ao Pai do Céu, que através de minha boca, diga também a vocês hoje: 'Você é o meu filho muito amado'. Vocês estão aqui porque são amados. Foram chamados porque são amados, e profundamente amados por suas famílias, pela comunidade, pelo bispo, pela arquidiocese de Palmas.
E por isso, fiquem contentes. Basta isso: saber que são amados, o resto dá para se jogar fora.
Vale viver por serem amados. E que vocês proclamem isso, para que todas as pessoas descubram o quanto é bom ser amado. E a vocação é essa expressão magnífica do amor de Deus por vocês.
Transcrição e áudio: Nara Bessa
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