Deus é amor e misericórdia
Na Missa de ontem, eu disse que temos dois inimigos para enfrentar. O primeiro é o demônio, aquele que é chamado de “príncipe das trevas”, o inimigo que Paulo nos alerta na Carta aos Efésios, capítulo 6,12: “A nossa luta, de fato, não é contra homens de carne e osso, mas contra os principados e as autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos do mal, que habitam as regiões celestes”.
Isso foi o que meditamos ontem, a luta que temos travado todos os dias, mas sempre a partir da vitória da cruz de Cristo, no sentido de que Jesus já é vencedor.
O outro inimigo, do qual falamos ontem, é o pecado, ou seja, a oposição a Deus. Pecar significa fazer a obra do demônio. O pecado nos demoniza, nos faz experimentar o inferno. Um jovem que, por influência da droga, é capaz de matar uma senhorinha na rua; uma pessoa, que é capaz de mentir e humilhar as outras para subir de cargo, e tantas outras que conhecemos são exemplos de demonização do ser humano. Mas a ‘bomba atômica’ que precisamos usar contra esses inimigos é a santidade. Ou santos ou nada! Essa é a chamada de Deus para nós.
O demônio não consegue atingir uma pessoa santa, porque, na hora da prova, das perdas, da dificuldade, ele não murmura, não fica reclamando de Deus, pois sabe que ‘tudo concorre para o bem dos que amam a Deus’. Essa é a dinâmica de uma vida com o Senhor, que confunde a ação do inimigo. Jó é um modelo de santidade para nós. Vemos isso quando o demônio diz a Deus: “Ele só é fiel a Ti, porque o Senhor dá tudo a ele. Tira o que destes e ele e vai murmurar”. Deus colocou Jó à prova. Tirou tudo dele e ele não murmurou.
Mas o povo de Deus não foi fiel assim como Jó. Em Jeremias 2, 12, Deus diz:
“Que o próprio céu fique admirado com uma coisa dessas, fique assustado e espantado – oráculo de Javé, pois o meu povo praticou dois crimes: abandonaram a mim, fonte de água viva, e cavaram para si poços, poços rachados que não seguram a água.”
Aqui está o que tem complicado a vida do ser humano hoje. Se nós formos ver os filósofos existencialistas, perceberemos que eles construíram na mente do povo a imagem de que o homem está acima do bem e do mal. O homem pensa que se basta por ele mesmo, que é um ‘super-homem’. O que é isso senão a tentativa de estar acima de do Senhor?
A grande doença que o mundo vive é querer ser independente de Deus. Muita gente não sabe que a Igreja é a favor do estado laico, por exemplo. Ela ensina que a cultura do povo, assim como a sua religiosidade, precisam ser repeitadas. Nós não precisamos de que, na Constituição, seja colocado que a religião oficial é a nossa, mas pedimos que a nossa liberdade de anunciar o Senhor e a cultura religiosa do povo sejam respeitadas.
Deus disse que o crime daquele povo foi se afastar d’Ele, preferir o pecado a Ele. O ser humano quer levantar uma sociedade sem Deus, e nós já estamos vendo as consequências. Se nós não escolhermos o Senhor, todos os dias, experimentaremos as consequências da nossa opção de viver uma vida sem Ele. Se você educar os seus filhos naquele perverso pensamento de que “quando eles forem grandes, eles escolhem”, você vai colher as consequência dessa sua atitude – e eu não estou sendo o profeta do desespero.
O ser humano está escolhendo viver uma vida sem Deus; e esse é o maior mal dos nossos dias. É por isso que nós devemos levantar cada vez mais esse grito: “Quem como Deus?”.
Será que veneno se transforma em coisa boa? Há muita gente dizendo que, antigamente, ‘essas coisas’ eram pecado e hoje não são mais. É a mesma coisa que dizer: “Chumbinho agora é vitamina C”. Há pessoas dizendo: “Não, isso era lá na Idade Média! Agora não é mais pecado”. Cuidado! Essa é uma maneira de excluir a moral cristã da sociedade. E, muitas vezes, essa ideia está impregnada em nós e também dentro da Igreja.
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que a Igreja vai passar por uma provação muito grande antes da vinda do Senhor, que abalará a fé de muitos crentes. O inimigo tem nos atingindo na apostasia da verdade. No meio dos cristãos, é um tal de “eu concordo com isso” ou “eu não concordo com aquilo”. Há muitos cristãos por aí dizendo que o importante é a verdade dele. É justamente o que o Papa Bento XVI denunciou e tentou combater no seu pontificado, o que ele chamou de “ditadura do relativismo”.
Há muitos cristãos que já leram várias trilogias, vários livros, mas não leem o Catecismo nem a Palavra de Deus. Há muita senhorinha alimentando suas fantasias ao ler os ‘tons de cinza’, mas não conhecem a Palavra de Deus. Há pessoas esperando, desesperadamente, o próximo filme de alguma nova trilogia. Eu estou aqui esperando a segunda vinda do Senhor. Muitos jovens acha interessante o Harry Porter, leem todos os livros, mas acham a Doutrina chata e enfadonha. O que acontecerá quando a perseguição chegar violentamente até nós? Quem vai conseguir suportá-la?
Há muitos teólogos que fazem teses e mais teses para tentar entender Deus, mas a Igreja nos diz que o próprio Deus nos dá rastros de evidências para sabermos quem Ele é. Vou mencionar aqui alguns atributos do Senhor: Deus é amor, Deus é bom, Ele é Deus dos vivos. É uno e Espírito puro. Ele é a fonte da oração. Deus é justo, misericordioso, é um mistério inefável, Onipotente, Onipresente e santo.
Vamos destacar somente três realidades divinas.
1º) Deus é misericórdia. A primeira carta de João 1,9 diz: “Se reconhecemos os nossos pecados, Deus, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça”.
Talvez, o diabo tenha colocado na sua mente que você não tem jeito. Ele nos faz pecar e nos acusa; ele nos diz: “Você não tem jeito!”. Mas o Senhor não nos acusa, porque Ele é a mudança, é a transformação de que precisamos.
O Senhor quer nos tirar do vazio, da corrupção em que vivemos. Se fomos, algum dia, um “sem vergonha”, ele quer nos devolver a “vergonha na cara” e nos mostrar que ainda temos jeito. Deus nos perdoa para que sejamos pessoas renovadas.
2º) Deus é o Todo-poderoso, e nossa fé tem de estar n’Ele. Talvez você tenha ido em muitos médicos, talvez esteja tomando muitos remédios, mas a Palavra de Deus lhe dá a certeza de que o Senhor pode curá-lo, porque Ele é o Todo-poderoso. Nós precisamos nos extasiar com as coisas d’Ele, mas, infelizmente, estamos nos extasiando muito com as coisas do mundo. Precisamos nos extasiar com a Palavra, com os milagres que Jesus realizava na Sagrada Escritura e ainda realiza no meio de nós, porque Ele é o mesmo de ontem, hoje e sempre.
3º) Deus é justo. A justiça nos coloca na santidade. O justo é aquele que agrada e, com sua santidade, deixa confuso as ações do inimigo. Só o justo agrada o coração do Senhor.