A misericórdia do Senhor nos move à ressurreição

Gabrielle Sanchotene

A oração é como a semente que cai na “terrinha” do nosso coração

A Palavra meditada está em São João 8, 1-11:

“Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.  Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso? Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra. Inclinando-se novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele. Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. Disse-lhe então Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar”.

A beleza deste Evangelho vem nos trazer primeiro o olhar, a visão do que é a misericórdia.

Você sabe o que é a misericórdia?

O significado de ‘misericórdia’ no dicionário é a ação real demonstrada pelo sentimento de misericórdia; perdão concedido unicamente por bondade; graça.

Conta-nos o Evangelho que Jesus foi misericordioso com a mulher pecadora. Há alguns movimentos deste Evangelho que quero mostrar para que nos coloquemos no lugar daquela pobre mulher.

O primeiro movimento é o da misericórdia que nos leva ao encontro de Jesus. Diante do exemplo desta mulher, podemos nos colocar na situação de miseráveis e experimentar dessa vida nova que ela experimentou. Neste movimento podemos perceber que é como se estivéssemos caídos em consequência dos pecados, por colocar as pessoas no lugar de Deus, por acusar as pessoas por algo que não fizeram e etc.

Precisamos saber onde estamos, isso é determinante para que possamos chegar no lugar de ressurreição.

Outro movimento é aquele onde estamos caídos por causa de alguém. A pecadora sabia que estava caída pelo pecado, mas ela podia naquele momento estar sentindo muita vergonha por causa dos acusadores. Talvez, você esteja se sentindo acusado, abandonado porque te julgaram, te condenaram e não te ajudaram.

Quando o assunto é ‘pecado’ o que nos leva à vida nova é a confissão!

Leia também:

:: Confessar-se. Como e por que?
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Conta o Catecismo da Igreja Católica, no capítulo 1470 : “Neste sacramento, o pecador, remetendo-se ao juízo misericordioso de Deus, de certo modo antecipa o julgamento a que será submetido no fim desta vida terrena. É aqui e agora, nesta vida, que nos é oferecida a opção entre a vida e a morte. Só pelo caminho da conversão é que podemos entrar no Reino de onde o pecado grave nos exclui? (78). Convertendo-se a Cristo pela penitência e pela fé, o pecador passa da morte à vida «e não é sujeito a julgamento»” (Jo 5, 24).

Muitas vezes, as coisas não estão dando certo em nossa vida pela falta de confissão. Se você está assim ou conhece alguém que esteja assim, lembre-se: Deus não te vê como um perdido! Ele te olha e diz: ‘Você tem jeito sim!’.

“Ainda que a alma esteja em decomposição como um cadáver e ainda que humanamente já não haja possibilidade de restauração, e tudo já esteja perdido, Deus não vê as coisas dessa maneira. O milagre da misericórdia de Deus fará ressurgir aquela alma para uma vida plena… no tribunal da misericórdia [Sacramento da Confissão] onde continuo a realizar os meus maiores prodígios que se renovam sem cessar” (Diário de Santa Faustina, n.º 1448).

O tempo da misericórdia é agora! Veja suas misérias e faça um bom exame de consciência, porque podemos em vida recorrer à misericórdia de Deus, mas depois será tarde demais.

Não quero dizer que após a confissão estaremos livres pelo resto da vida; nós caímos, mas o Senhor nos acolhe a cada queda. O amor de Deus é a mão que se estende e nos levanta!

Quando fazemos a experiência de olhar para os nossos pecados, de sermos abandonados, fazemos o exercício de não julgar ninguém.

Ser misericordioso não significa passar a mão na cabeça da pessoa. Jesus não passou a mão na cabeça daquela pecadora, disse a ela: “Vai e não tornes a pecar”.

Eu não sei que semente está sendo lançada em seu coração, mas espero que após essa partilha o Espírito Santo regue essa “sementinha” que dará um belo fruto em seu coração!

“Nos momentos difíceis, fixarei o meu olhar no aberto e silencioso Coração de Jesus na cruz, e das chamas fulgurantes que irrompem do Coração de Jesus fluirão para mim força e vigor para a luta.” (Diário de Santa Faustina,  n.º 906 ).

 

Transcrição e adaptação: Karina Aparecida

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