“Maria é a medianeira de todas as graças, por ser Mãe de Deus”, disse professor Felipe
Nossa Consagração a Nossa Senhora começou no Calvário; foi Jesus mesmo quem nos deu essa graça quando nos entregou Sua Mãe para ser a nossa Mãe. Quando Ele se dirige à Sua Mãe e lhe chama de “Mulher”, em vez de chamá-la de Mãe, em Caná da Galileia (Jo 2) e aos pés da cruz (Jo 19,25-27), é para nos indicar qual é a “Mulher” a que Deus se referiu no Gênesis. Essa “Mulher” é a Mãe de Cristo. Na cruz, momentos antes de morrer, Jesus nos deu Sua Mãe: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo 19,26). Precisamos de Maria para nossa salvação, dizem os santos.
O milagre das bodas de Caná nos mostra, com toda clareza, que tudo o que a Virgem Maria pede a Jesus, Ele entende; e Ela sabe pedir aquilo que está de acordo com a vontade de Deus e o nosso bem. A História da Igreja nos mostra como Maria atua na vida dos filhos de Jesus e da Igreja. Todos os santuários marianos são repletos de testemunhos de milagres alcançados pela devoção a Maria. Desde o século II, nossos irmãos mártires do Império Romano, em Alexandria, norte do Egito, já rezavam aquela famosa oração: “Debaixo da vossa proteção nos refugiamos, Santa Mãe de Deus. Não desprezeis nossas súplicas em nossas necessidades, mas nos livrai sempre de todos os perigos, Virgem gloriosa e Bendita.”
Hoje, celebramos a memória de Nossa de Lourdes. Ali, em 1858, ela confirmou ao mundo Sua Imaculada Conceição que o Papa Beato Pio IX já tinha declarado dogma de fé, quatro anos antes, em 1854, pela Bula “Ineffabilis Deus”. De 11 de fevereiro a 16 de julho de 1858, santa Bernadette Soubirous, de 14 anos, foi agraciada com dezoito aparições da Virgem Santíssima; esta lhe disse em 25 de março (dia da Anunciação do Anjo!): “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Neste santuário já foram comprovados, cientificamente, muitos milagres, curas extraordinárias, instantâneas e definitivas, as quais a ciência não pode realizar, mas que foram atestadas por médicos. Todavia, a Igreja é cautelosa diante da proclamação de milagres. Até hoje, somente cerca de 70 curas inexplicáveis e milagrosas foram reconhecidas pelas autoridades eclesiásticas. Duas comissões de médicos, de diversas nacionalidades e diferentes Credos ou sistemas filosóficos, estão a serviço da verificação de moléstias e curas relacionadas com Lourdes.
Mais importante ainda são os benefícios espirituais obtidos naquele Santuário. Numerosas pessoas mudam de vida após ter rezado e recebido os sacramentos em Lourdes. A primeira cura confirmada, em Lourdes, cuja data é certa, é a da Sra. Catherine Latapie, inválida por paralisia da mão direita. Na noite de 28 de fevereiro para 1.º de março de 1858 (ainda durante as aparições), ela despertou os seus filhinhos e, com eles, pôs-se a caminho da gruta das aparições, onde chegou ao raiar do dia. Encontrou-se com Bernadette e mergulhou a mão na água que jorrava da fonte rochosa. Imediatamente, sua mão recuperou os movimentos normais. Voltou logo para casa e, pouco tempo depois, deu à luz o seu terceiro filho, que em 1882 se tornou sacerdote.
Maria é a medianeira de todas as graças de Deus, por ser Mãe de Deus; por meio dela, o Senhor uniu o Céu e a Terra. Isso afirmam os Santos Padres e os santo doutores. São Bernardo, falecido em 1153, é autor da célebre sentença: “Deus quis que recebêcemos tudo por Maria”. São Luiz de Montfort, no seu “Tratado da Verdadeira Devoção a Virgem Santíssima,” resume tudo dizendo:
“Deus Pai ajuntou todas as águas e denominou-as mar; reuniu todas as graças e denominou-as Maria. Deus Filho comunicou a Sua Mãe tudo que adquiriu por Sua vida e morte: Seus méritos infinitos e Suas virtudes admiráveis. Fê-la tesoureira de tudo que Seu Pai Lhe deu em herança; e é por ela que Ele aplica Seus méritos aos membros do corpo Místico, que comunica suas virtudes e distribui Suas graças; é ela o canal misterioso, o aqueduto por que passam abundante e docemente Suas misericórdias. O Espírito Santo comunicou a Maria, Sua fiel Esposa, Seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que Ele possui. Desse modo, ela distribui Seus dons e Suas graças a quem quer, quanto quer, como quer e quando quer, e dom nenhum pré-concedido aos homens que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria, e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, aquela que em toda a vida quis ser pobre, humilde e escondida até o nada” (Tratado da Verdadeira Devoção a Virgem Santíssima,Tvd, n. 23-25).
São Bernardino de Sena disse: “Todos os dons virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos pelas mãos de Maria, a quem ela quer, quando quer, como quer e quanto quer” (Tvd, p. 137).
O que dizem os santos doutores?
Veja o que os santos doutores disseram sobre isso, em todos os tempos, como se pode ver:
Santo Efrém (†373), doutor: “Minha Santíssima Senhora, Santa Mãe de Deus, cheia de graças e favores divinos, Distribuidora de todos os bens! Vós sois, depois da Santíssima Trindade, a Soberana de todos; depois do Medianeiro, a Medianeira do Universo, Ponte do mundo inteiro para o céu.” (Vamos todos a Maria Medianeira, VtMM, p. 97).
Santo Agostinho (354-430), doutor, afirma que as orações de Maria junto a Deus têm mais poder junto da Majestade divina que as preces e intercessão de todos os anjos e santos do céu e da terra (Tvd, n. 27). Maria Santíssima é de fato a medianeira de todas as graças como inúmeras vezes afirmou o Papa Pio XI: “É a Rainha de todas as graças, a medianeira de todas as graças” (VtMM, p. 68). Santo Agostinho põe nos lábios de Nossa Senhora estas palavras: “Deus me constituiu porta do Céu, um lugar de passagem para o Filho do Altíssimo” (MM, p. 73). Por isso a Ladainha a chama de “Porta do Céu”.
São João Crisóstomo (349-407), doutor de Constantinopla, disse: “Maria foi feita Mãe de Deus também para que, por sua poderosa intercessão e doce misericórdia, salvem-se os infelizes que, por sua vida má, não se poderiam salvar segundo a justiça divina”.
São João Damasceno (650-749) dizia: “Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar” (Tvd n. 40 e 41).
São Bernardo (1090-1153), doutor, assim disse: “Tal é a vontade de Deus que quis que tenhamos tudo por Maria. Se, portanto, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar, saibamos que isso nos vem por suas mãos”. “Eras indigno de receber as graças divinas: por isso foram dadas a Maria, a fim de que por ela recebesses tudo o que terias” (idem).
São Boaventura (1218-1274), bispo e doutor da Igreja: “Deus depositou a plenitude de todo bem em Maria, para que nisso conhecêssemos que tudo que temos de esperança, graça e salvação, dela deriva até nós” (idem, p. 101). “Só Maria achou graça diante de Deus (Lc 1,30), sem auxílio de qualquer outra criatura, e todos, depois dela, que acharam graça diante de Deus, acharam-na por intermédio dela, e é só por ela que acharão graça os que ainda virão” (Tvd, n. 44). Maria é a Mãe de misericórdia, isto é, resgata os pecadores e os leva de volta a Deus. Como diz a Ladainha, ela é o “refúgio dos pecadores” e a “consoladora dos aflitos”. “Tal como a lua paira entre a terra e o céu, coloca-se Maria continuamente entre Deus e os pecadores para Lhe aplacar a ira contra eles e iluminá-los para que voltem a Deus” (GM, p. 146).
Santo Alberto Magno (1206-1280), doutor: “É anunciada à Santíssima Virgem tal plenitude de graça, que se tornou por isso a fonte e o canal de transmissão de toda a graça a todo o gênero humano” (ibidem).
O Senhor revelou a Santa Catarina de Sena (1347-1380), doutora, que sua intenção, ao criar Maria, era conquistar por sua doçura os corações dos homens, sobretudo dos pecadores, e atraí-los a si” (GM, p. 147).
São Pedro Canísio (1521-1597), doutor da Igreja: “O Filho atenderá Sua Mãe e o eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho: eis o fundamento de toda nossa esperança” (ibidem).
São Roberto Belarmino (1542-1621), bispo e doutor da Igreja: “Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria, que é como o colo desse corpo místico” (ibidem, p. 102).
Santo Afonso de Ligório, (1696-1787), doutor da Igreja, afirma: “Deus quer que pelas mãos de Maria nos cheguem todas as graças. A ninguém isso pareça contrário à sã teologia. Pois Santo Agostinho, autor dessa proposição, estabelece que Maria tem cooperado por sua caridade para o nascimento espiritual de todos os membros da Igreja” (Glórias de Maria, p. 15). Santo Afonso pergunta: “É lícito a um pecador desesperar de sua salvação quando a própria Mãe do Juiz se lhe ofereceu por Mãe e advogada?” (idem). Agradece, portanto, ao Senhor que te deu uma tão grande medianeira, nos exorta São Bernardo.
Essa mesma doutrina foi confirmada pelo Papa Pio XI na Encíclica sobre o Santo Rosário, de 29 de setembro de 1937: “Convidamos a todos os fiéis para conosco agradecerem a Deus por termos recuperado a saúde. Como em outra parte já havemos dito, atribuímos essa graça à intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus, mas sabemos também que tudo quanto nos vem de Deus, o recebemos das mãos de Maria Santíssima” (idem, p. 70).
Leão XIII, na mesma Encíclica Octobri mense, de 22 de setembro de 1891, faz suas as palavras de São Bernardo: “Toda a graça concedida ao mundo segue esta tríplice gradação: de Deus a Jesus Cristo, de Jesus Cristo à Santíssima Virgem, da Santíssima Virgem aos homens: tal é a ordem maravilhosa de sua disposição” (ibidem, p. 74).
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A Virgem Maria, como Mãe da Igreja, sempre a protegeu contra os ataques do inferno, das heresias e guerras. Foi assim, por exemplo, em 1571, em Lepanto, na Grécia, quando os turcos otomanos muçulmanos se preparavam para destruir o Cristianismo na Europa. No dia da vitória (07/10/1571) das forças cristãs, que levavam também o Rosário como arma, o Papa S. Pio V estabeleceu o Dia de Nossa Senhora do Santo Rosário.
Por tudo isso, o povo de Deus aprendeu: “Pede à Mãe que o Filho atende!”. “Tudo por Jesus, mas nada sem Maria!”.