Quando lembramos de Deus? O que nos motiva lembrar Dele?
O Salmo de hoje narra o que ouvimos na primeira leitura. Pedimos a Deus que se lembre de nós por causa do amor que Ele tem por seu povo. Quem não quer ser lembrado por Deus?
Quando pedimos a Deus que se lembre de nós estamos pensando em alguma realidade que é bem concreta. Diante de uma situação que vivemos clamamos: “Lembre-se de mim, Senhor”. Mas nos lembramos de Deus? Quando lembramos de Deus? O que nos motiva lembrar Dele?
Só lembramos do Senhor quando as situações que nos motivam são tristes ou nos fazem perder a paz?
“’Vai, desce, pois corrompeu-se o teu povo, que tiraste da terra do Egito. Bem depressa desviaram-se do caminho que lhes prescrevi. Fizeram para si um bezerro de metal fundido, inclinaram-se em adoração diante dele e ofereceram-lhe sacrifícios, dizendo: ‘Estes são os teus deuses, Israel, que te fizeram sair do Egito!’”
Aquele povo que saiu do Egito e fez uma experiência concreta com Deus, de atravessar o Mar Vermelho a pé enxuto construiu um Deus que não era o verdadeiro, e por que isto? Porque não conheceram a Deus de verdade, ou queriam um Senhor de conveniência.
É muito mais fácil construir um Deus do que seguir um único Senhor. Se construo posso partir dos meus moldes, de como eu quero. Da mesma forma que aquele povo fez, podemos fazer. Mas ainda assim Deus em seu amor se revela a nós, Ele nos indica o caminho que prova seu amor, a vinda do Cristo.
Em nossos dias encontramos caricaturas de deus, aquele Deus que passa a mão em nossa consciência. Vamos construindo deuses segundo nossas fraquezas e realidades.
Depois de atravessar a pé enxuto, comer Maná do céu, ver jorrar água da pedra e tantas outras coisas ainda assim quiseram confeccionar deus ao próprio parâmetro.
Na verdade não queremos nos comprometer, com desculpas que Deus é misericórdia, não queremos nos converter. Deus é misericórdia porque está constantemente com os braços estendidos para nos tirar do buraco. Deus é misericórdia, mas a misericórdia de Deus só pode agir quando quero sair do buraco.
Antes Deus falava pelos profetas, mas Ele se encarnou e nos mostrou o caminho. Queriam segui-Lo por seus milagres, mas quando Jesus falou de sofrimento muitos O deixaram. Quando construímos deuses, perdemos a oportunidade de conhecer o único e verdadeiro Deus.
Quem é Deus em sua vida?
O Deus que você quer construir com seu temperamento difícil, com suas vontades?
Jesus não se interessa se existem oposições contra Ele. E isto somente quem tem clareza de quem é não se deixa abater pelas oposições, “quem não deve, não teme”.
Quem sabe de sua identidade e missão não arma ciladas, não entra no jogo da guerra pelo poder. Jesus diz o que Ele é sem importar-se com o que lhe aconteça.
Queriam fazer de João o Messias, mas ele não aceitou, deu testemunho da verdade dizendo que era a voz que clama no deserto pedindo que aplainassem os caminhos do Senhor. Como nos mostra o Evangelho de hoje, o próprio Senhor se revela como enviado pelo pai, rosto de Deus feito homem. Só com isto saberíamos quem é Deus, sem precisar inventar outro deus.
Só construímos outro Deus se quisermos, porque o próprio Pai revela quem é o Senhor.
Jesus é pedagógico, aponta as obras que o Pai o ajudou a realizar para mostrar que o próprio Pai o enviou. Cristo é credenciado pelas obras que Ele faz, as obras que Deus faz são as de misericórdia, sinais do Senhor em nosso meio.
Não são os deuses que criamos que vão nos curar e libertar. Há pessoas que andam com figas, vão à benzedeiras, colocam “comigo-ninguém-pode” nas portas das casas para se protegerem, quem tem Cristo não precisa destas coisas.
São as obras de Jesus que provam que o Reino de Deus chegou no meio de nós. Porque onde está o Reino está o Rei. Portanto, as obras de Jesus não são shows, pelo contrário, são feitas no dia-dia.
Existem milagres para mostrar o poder de Deus, mas eles acontecem na discrição para mostrar que o Reino de Deus acontecem no meio de nós.
Quer obra maior que a conversão de alguém?
A pessoa que se converteu por si mesma ou foi atraída por quem a ama? Podemos dizer de tantas conversões em nosso meio.
“Vós examineis as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna!”
A Palavra se fez carne e habitou no meio de nós. Essa Palavra se encarnou para que pudéssemos ter a vida eterna. Pedimos a Deus que se lembre de nós, e volto a pergunta do início: Nos lembramos Dele?
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair