O Ano da Misericórdia

Papa Francisco nos convida a viver o Ano da Misericórdia

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Padre Márcio Prado – Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Palavra meditada: Lc 4, 14-21: “Jesus então, cheio da força do Espírito, voltou para a Galiléia. E a sua fama divulgou-se por toda a região. Ele ensinava nas sinagogas e era aclamado por todos. Dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir.”

A Palavra de Deus é salvação! Meus queridos irmãos, estamos realmente vivendo um ano da graça do Senhor. Começou o Ano da Misericórdia, o Papa Francisco já nos fez adentrar neste ano todo especial. Na sua sensibilidade pastoral, sentiu a necessidade deste tempo para nós.

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“ O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19)

O Papa sentiu essa graça, por isso proclamou o Ano da Misericórdia. No dia 11 de abril de 2015, Francisco apresentou a bula do Ano da Misericórdia. O ano jubilar tem origem bíblica, no livro do Levítico 25,1-10: “O Senhor disse a Moisés no monte Sinai: “Dize aos israelitas o seguinte: quando tiverdes entrado na terra que vos hei de dar, a terra repousará: este será um sábado em honra do Senhor. Durante seis anos semearás a tua terra, durante seis anos podarás a tua vinha e recolherás os seus frutos. Mas o sétimo ano será um sábado, um repouso para a terra, um sábado em honra do Senhor: não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha; não colherás o que nascer dos grãos caídos de tua ceifa, nem as uvas de tua vinha não podada, porque é um ano de repouso para a terra. Mas o que a terra der espontaneamente durante o seu sábado, vos servirá de alimento, a ti, ao teu servo e à tua serva, ao teu operário ou ao estrangeiro que mora contigo; tudo o que nascer servirá de alimento também ao teu rebanho e aos animais que estão em tua terra. Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, cuja duração fará um período de quarenta e nove anos. Tocarás então a trombeta no décimo dia do sétimo mês: tocareis a trombeta no dia das Expiações em toda a vossa terra. Santificareis o quinquagésimo ano e publicareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu. Voltareis cada um para as suas terras e para a sua família”.

Jubilar significa alegria, e que grande contentamento é o Ano Jubilar! Nossos irmãos israelitas já descansavam a terra nesse tempo, viviam o dia do perdão lá no ano 300.

Este ano é o momento de ajustarmos nossa vida, porque somos alvos da misericórdia de Deus. Antes de tudo, Ele nos amou primeiro. Não importa nosso pecado, o Senhor vai nos perdoar.

Neste ano, de maneira especial, vamos recorrer ao perdão de Deus, pois este tempo está ligado ao sacramento da reconciliação e da confissão; realmente é o momento de fazermos uma reflexão. Sejamos misericordiosos, sejamos sinal da graça para as pessoas que estão ao nosso lado. O céu está escancarado para nós; logo, sejamos um sinal da misericórdia para as pessoas.

Somos instrumentos de misericórdia uns para com os outros! Deus é misericórdia, mas também nos exorta a viver o amor, ou seja, orar por aqueles que nos perseguem. É um ano da graça e do perdão, é momento da libertação.

Somos chamados a viver o Ano da Misericórdia

Como podemos e devemos viver este ano? Vivendo esta passagem bíblica de São Lucas 15,11-32: “Disse também: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome! Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado”.

O pai estava sempre atento no caminho, esperando a volta do seu filho. Deus, na expectativa da nossa volta, está como o pai que espera a volta de seu filho. O Senhor está sempre esperando por nós. A passagem mostra um pai que corre em direção ao filho, abraça-o e o enche de beijos. Assim é a atitude de Deus para conosco. Nós falhamos, mas vamos sempre trazer essa imagem do Senhor, que é Pai e espera o nosso retorno. Ele está atento e  olha por nós.

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Peregrinos escutam atentamente as palavras do padre Márcio sobre o convite para vivermos a misericórdia. Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Não percamos tempo, porque o Pai está esperando por nós! Aproveitemos este ano, porque Deus está gritando e a Igreja nos mostra que há um Pai que nos ama por meio de Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo.

A porta já está aberta, mas nós precisamos querer entrar por ela. Todos queremos ser salvos, mas precisamos fazer esta peregrinação até Jesus.

Neste ano, façamos uma peregrinação de conversão e acolhamos este amor do Pai por nós, pois Ele está na expectativa para o nosso retorno. Precisamos dar um passo em direção ao Pai!

Não tenha medo desse grande chicote de Deus chamado “misericórdia”. Experimente a graça deste Deus que nos cobre de beijos e nos acolhe.

O rosto da misericórdia é Jesus Cristo. Foi ele quem revelou a misericórdia do Pai por meio de gestos. Viva este tempo, mas, antes de tudo, acolha este perdão, porque Deus nos trata com misericórdia.

Acolha esse amor que o Senhor tem por nós. Diante de Deus nós precisamos de conversão. É o ano da graça, do perdão e do retorno para casa; portanto, devemos experimentar e acolher essa misericórdia.

A misericórdia de Deus, antes de tudo, nos alcançou. Fomos amados, porque Ele teve compaixão de nós. Que nós também possamos ser misericordiosos para com o outro.

Rezemo juntos e peçamos a misericórdia do Pai:

Hoje, Deus quer usar de nós para sermos instrumentos da Sua misericórdia, Ele quer contar conosco. Mas somos livres para escolher se queremos irradiar a misericórdia do Pai. São nossas atitudes que revelam Deus aos outros.

Transcrição e adaptação: Alessandra Borges

 

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