O que o Espírito Santo precisa mudar na sua vida?
Que alegria estarmos juntos nesta Quinta-feira de Adoração, meus irmãos! E que bom percebermos que o Senhor já está nos introduzindo nesta festa tão importante em nossa Igreja, a qual celebraremos dentro de poucos dias: a Solenidade de Pentecostes.
Meus irmãos, aquilo que é proclamado na Liturgia da Igreja é também atualizado nos nossos corações, ou seja, celebrar a Solenidade de Pentecostes vai muito além de algo simplesmente teórico, trata-se de fazer uma experiência concreta com o Espírito Santo de Deus.
São João Eudes ensina que “pela sua encarnação, o Filho de Deus deseja dar uma continuação e extensão dos seus mistérios em nós”. O Mistério de Pentecostes, portanto, exige de cada um de nós essa postura ativa, postura de quem recebe o Espírito Santo, de alguém que se abre e permite que essa experiência transformadora aconteça em sua própria vida.
O Cristianismo não é uma teoria, mas sim um encontro, uma experiência capaz de mudar a própria vida, como nos ensinou o Papa emérito Bento XVI. Diante disso, eu lhe pergunto: O que o Espírito Santo precisa mudar na sua existência?
É interessante percebermos que, quando Jesus foi batizado no rio Jordão, o primeiro sinal dessa ação do Espírito Santo em Cristo não foi um milagre ou algo do tipo, mas sim uma graça de revelação, pois o Pai diz: “Esse é o meu Filho amado, em quem eu me comprazo”. É o que o Pai das Misericórdias, aqui nesse Santuário no qual nos encontramos hoje, fala a cada um de nós: somos filhos amados de Deus! Essa é a nossa identidade original, nossa vocação primeira. Descobrir-se filho amado de Deus já é, por si só, uma ação grandiosa do Espírito Santo em nossas vidas!
A Palavra de Deus, no livro dos Atos dos Apóstolos, nos traz o seguinte:
“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At 2,1-4).
As lições de Pentecostes
Pentecostes nos ensina que é necessário, primeiro, permanecer para receber. Veja: os apóstolos saíram em missão, cheios do Espírito, para levar a Boa Nova às nações, porém, antes, o Senhor havia ordenado aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém, aguardando o cumprimento da promessa do Pai reunidos em oração.
Diante disso, convido você a se recordar de tantas pessoas que, junto contigo, começaram uma caminhada cristã, participaram do Grupo de Oração, eram pessoas fervorosas e ativas. Hoje, onde elas se encontram? Pessoas que se afastaram da Igreja, da caminhada de fé. Talvez, você mesmo seja uma dessas pessoas que acabou esfriando na fé. E por que isso acontece? Porque, infelizmente, queremos ir, mas sem primeiro permanecer em Deus!
Um desses lugares de permanência em Deus é a nossa própria vida de oração. É o que aprendemos quando vemos os discípulos reunidos com Maria Santíssima no Cenáculo, conforme está escrito no livro dos Atos dos Apóstolos. E quanto a nós? Temos perseverado na nossa vida de oração? Ou as derrotas, os fracassos ao longo do caminho, têm nos arrancado da vida de oração?
Quando tudo está dando errado ao nosso redor, é exatamente nessa hora que temos de permanecer em Deus. Do contrário, corremos o risco de viver nossa relação com Cristo apenas de uma forma utilitarista. Que lugar a oração tem ocupado na sua vida?
Permanecer em direção à meta que Deus mostra
Também é necessário permanecer na vontade de Deus. O seu chamado, a sua vocação, você tem realmente levado a sério? Ou diante da primeira dificuldade você larga seu matrimônio ou deixa de lado seu chamado à vida religiosa, e assim por diante? Veja: somos chamados a permanecer na vontade de Deus rumo à meta que Ele mesmo já indicou para nós.
É hora de olharmos além! Além dos fracassos, das quedas, das dores que vivemos. É preciso vislumbrar a meta que Deus tem para nós. Permanecer porque existe uma meta, um propósito para sua vida.
Igualmente, é preciso permanecer no hoje. Muitas vezes, a gente se perde idealizando nosso futuro, e esquecemos que é no agora, no hoje do que vivemos e enfrentamos, que somos visitados pelo Espírito Santo e por Ele formados e consolados.
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O Cenáculo nos traz uma bela lição de permanecermos diante daquele que nos batiza no Espírito Santo. E, aqui, cabe uma importante observação: no Cenáculo, os discípulos permaneceram em oração, sim, mas juntos! É estando unidos que preparamos a vinda do Espírito Santo sobre nós. Essa experiência de Pentecostes precisa nos tirar do egoísmo, do isolamento, precisa nos levar ao encontro dos nossos irmãos.
Quantos que aparentam estar “cheios do Espírito Santo”, vivem dentro de uma capela em oração, mas, ao chegar em casa, saem dando “patadas” naqueles que estão ao seu redor! A experiência do batismo no Espírito Santo nos leva a sermos mais humanos, mais misericordiosos, a fazermos também do nosso próprio coração uma “terra de missão”, ou seja, um lugar onde, sobretudo, trabalharemos a nossa própria conversão e santificação.
Um homem e uma mulher que vivenciam essa experiência de Pentecostes tornam-se capazes de testemunhar, em primeiro lugar, aquilo que o próprio Deus faz em sua vida. E isso vai muito além do que qualquer legalismo! Seja, meu irmão, pela força e ação do Espírito, uma testemunha eficaz da salvação que Jesus realizou na sua história. Enfim, permaneça em Deus!
Transcrição e adaptação: Alexandre Oliveira