Nada podemos fazer sem a graça de Deus, ela é a fonte que nos permite viver de forma plena
Estamos vivendo um tempo de espera, a expectativa do Advento, pois vai chegar a graça de Deus, a maior de todas as graças que a Terra recebeu do céu. é pela Virgem Maria que essa graça vem, assim como todas as outras; por isso a Igreja chama Maria de “Medianeira das Graças”. São Bernardo diz que a Virgem é o aqueduto das graças de Deus, que vem d’Ele até nós.
O que é, no entanto, a graça de Deus? É um capítulo de todo o estudo da moral católica, porque é ela que nos dá forças para vivermos o que Ele quer. Santo Agostinho se tornou doutor da graça, porque foi, aos poucos, chegando a Deus; e a conclusão dele é que, sem a graça divina, não dá para viver, converter-se nem fazer a vontade do Senhor.
Segundo Agostinho, nossa natureza foi enfraquecida pelo pecado original; mas sabemos que pela graça de Deus tudo é possível. “O que é impossível à natureza, é possível à graça de Deus”, diz ele. Ou seja, o que não conseguimos combater com a nossas forças torna-se possível combater com a graça de Deus, que potencializa nossa força.
O Catecismo começa dizendo que a nossa justificação vem pela graça de Deus, nosso perdão, nosso poder do recomeço. A nossa salvação começa no batismo, a graça é o convite a sermos filhos de Deus, herdeiros do céu.
A graça de Deus é uma participação na vida divina. Antigamente, havia reis, e quem era da família real vivia a realeza; mas havia também muita gente que não era da família real, mas participava dela, assim como nós também participamos da vida divina de Deus, mesmo que não sejamos deuses.
A graça vem voluntariamente da vontade de Deus, do amor d’Ele. Chamamos de “graça de Deus”, porque Ele no-la dá gratuitamente, não depende dos nossos méritos, não precisamos pagar por ela. No grego, a palavra “graça” quer dizer “carisma”, o qual o Catecismo chama de graça extraordinárias, como a cura.
Segunda a teologia, a graça tem vários tipos, como a santificante, a de estado e a atual. Tudo é graça que recebemos para vivermos a vontade de Deus, mas essas graças atuam de maneiras diferentes. A graça santificante é um dom habitual, permanente e sobrenatural, para aperfeiçoar a própria alma a viver com Deus e agir por meio do Seu amor. Essa é graça que sempre estará em nós, se não expulsarmos Deus de nós.
Somos templos da Santíssima Trindade a partir do batismo. É por meio dele que a criança recebe os dons do Espírito Santo e sua natureza já vai se fortalecendo. Com a ajuda da natureza, ela vai crescendo, pois a graça não atua sozinha. Precisamos cultivar a semente da graça, para que ela possa dar frutos.
Também há a graça de estado, a que vem para cumprirmos a missão que Deus colocou para nós neste mundo. Deus nos deu uma vocação, cada um como indivíduo único recebe Sua graça para cumprir a nossa missão, seja ela qual for. A graça de estado nos concede a alegria de realizarmos nossa vocação, fazer o bem com competência. São Paulo diz que tudo o que fizermos, que façamos de bom coração, não para os homens, mas para Senhor, porque Deus nos recompensará por isso.
Por fim, a graça atual, aquela que recebemos para realizar o que estamos fazendo neste momento, no ato que estamos realizando. Para qualquer coisa que iremos fazer precisamos pedir a Deus.
No fundo, a graça de Deus é a presença d’Ele em nossa alma, por isso o pecado é único obstáculo para que ela possa agir em nós. Onde Deus habita também está o filho e o Espírito Santo. E o Espírito só não consegue entrar em algo que está sujo, manchado pelo pecado.
Transcrição e adaptação João Paulo dos Santos
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