Eu sou filha de Maria, fundadora e consagrada na ‘Comunidade Filhos de Maria‘, em Montes Claros (MG).
Nossa Senhora sempre nos diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser”, (João 2,5). Não importa o abismo em que você esteja, Deus tem cuidado de você!
Sou médica e há 35 anos sou paciente, pois sofri de uma doença crônica. Hoje, tenho a experiência de ouvir muitas pessoas que estão sofrendo e também sentindo essa dor. E eu sempre digo para elas: “Deus tem cuidado de você!”.
A maioria das mães gostam de contar a história do parto, e até parece “mágico” quando elas veem, pela primeira vez, o rosto do filho. Já a minha mãe contava outra história para mim. No início da gravidez, ela escolheu andar por um atalho, numa estrada muito escura, e foi atacada por um homem que a agarrou. Ao ver que seria violentada, ela se ajoelhou aos pés dele e pediu que não fizesse nada com ela.
Quando a criança chora de dor, ela quer o colo da mãe; naquele momento, minha mãe recorreu a Nossa Senhora Aparecida, para que, de alguma forma, a livrasse daquele momento. Ela pediu que o filho que estava em seu ventre não fosse dela, mas de Nossa Senhora. Sem saber por que, o homem a soltou e lhe disse: “Corra, antes que eu me arrependa!”. Nesse percurso, ela começou a ter sangramento e a sentir cólicas; então, fez uma promessa novamente: “Se esta criança nascer, entrarei na Basílica de Nossa Senhora”. O sangramento parou e eu nasci.
Minha mãe sempre me contou essa história, e eu entendi que eu sou um milagre. Seria muito bom se cada um contasse a sua história como um milagre. Enquanto muitos dizem que a vida é ruim, que não vale a pena viver, minha mãe me dizia que a minha vida era um milagre.
Eu sempre fui uma criança muito doente, e minha mãe pensava que eu morreria logo, porque eu era de Nossa Senhora. Hoje, estou aqui e sou consagrada a Virgem Maria.
Quando criança, tive meu processo de conversão. De família pobre, sofri muito, sempre muito doente. Um dia, estava em um grupo de oração e a Renovação Carismática Católica estava lá também. A pessoa que estava ministrando a oração disse que havia lá uma pessoa de muito longe, e essa pessoa era eu. Eu me levantei. Queriam que eu falasse alguma coisa, mas não consegui por causa da dor que sentia. E toda dor cessou quando eles rezaram por mim. Fiquei um bom tempo sem sentir dor, mas depois ela voltou. Sabe o que me disseram? “Érika, você entrou na Igreja, porque não era curada, mas agora começou a sentir dor. Não acha que está na hora de sair dela?”. Eu disse: “Eu entrei na Igreja pela dor, mas vou permanecer pelo amor!”.
Sou profundamente grata a Deus por ser católica. Naquele dia, eu me comprometi a doar-me a Deus, e ser d’Ele. Eu não me achava digna do Senhor, e talvez você também se sinta assim, indigno do amor do Pai, mas “nada pode o separar do amor de Deus” (cf. Rm 8). Nem você mesmo!
Aos 21 anos, eu me apaixonei por Jesus profundamente, e acredito que não posso responder de forma diferente: “Alguém que deu a Sua vida por mim, e eu também quero dar a vida por Ele”.
As minhas dores continuaram; depois de um tempo, eu tive derrame. No vigor da minha juventude, eu pregava e tinha o desejo de ser missionária, de doar-me a Deus. Eu acredito em milagres, e o maior milagre acontece todos os dias na Santa Missa.
Sou de uma comunidade de vida e vivo da providência. Quando passei no vestibular, uma moça disse que eu não conseguiria estudar; hoje sou médica. Foi Deus quem fez esse milagre!
Eu tive ‘lupos’ durante o curso, tive um tumor benigno e fiz uma cirurgia. Depois, um tumor na cabeça, quando tive de fazer outra cirurgia. Eu sentia tanta dor de cabeça, que isso me tornou humilde diante do sofrimento. Às vezes, as pessoas buscam uma vida errada, mas, de alguma maneira, elas querem viver.
Sou casada com um enfermeiro e sempre tivemos o desejo de ter filhos. Hoje, temos filhos espirituais. Um dia, senti uma dor tão forte, e estava sozinha no apartamento. Pedi ao Senhor que me desse a graça de, pelo menos, chegar até o celular e ligar para o meu marido. Uma pessoa da comunidade foi correndo para minha casa enquanto o meu esposo não chegava. O médico disse que eu estava com um cisto quase a se romper. Depois, tive mais complicações.
Foi no CTI [Centro de Tratamento Intensivo] que eu escrevi o livro ‘A razão da minha esperança’. Eu sofro, mas sou feliz, sou alegre. “A alegria do Senhor é a nossa força”, (Nm 8,10).
Em Pedro 3, 15-16, lemos: “Portanto, não temais as suas ameaças e não vos turbeis. Antes santificai em vossos corações Cristo, o Senhor. Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito. Tende uma consciência reta a fim de que, mesmo naquilo em que dizem mal de vós, sejam confundidos os que desacreditam o vosso santo procedimento em Cristo”.
Escolhi essa passagem, porque foi o trecho com que se iniciou a carta de João Paulo II aos jovens. Muitas vezes, entendemos que devemos dar a vitória a Deus só quando formos curados, mas eu estou doente e permaneço doente, e estou aqui para testemunhar a vitória d’Ele. Papa Bento XVI diz que a verdeira esperança é aquela que nos cura, que nos faz para os outros. Diante da mãe que perde o filho nas drogas, o que ela tem de fazer é doar a sua vida para que os outros não percam a esperança, testemunhando para os jovens que estão nas drogas e amando os seus outros filhos com mais amor ainda.
Todos nós conhecemos a história do padre Léo. Ele não foi curado do câncer, mas enquanto pregava pela última vez, ele dizia: “Buscai as coisas do Alto!” Ele foi curado na alma. Não tenham medo de abraçar a cruz, de assumir o sofrimento dia após dia. Se o Senhor quiser, Ele pode curá-lo fisicamente, mas se isso não acontecer, dê graças a Deus, porque Ele o cura interiormente.
Peça que Nossa Senhora dê a graça de assumir o sofrimento de Jesus na cruz! Se você entender que em tudo o que lhe acontecer você pode encontrar o amor de Deus, você, então, terá entendido tudo!
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.