“Meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lucas 1, 47-49).
Quem foi que falou que Nossa Senhora era feliz? Ela mesma nos conta dessa alegria que transborda em seu coração. A boca fala daquilo que o coração está cheio, e Maria, no Magnificat, fala da sua alegria ao gerar o Filho de Deus.
Você se acha uma pessoa feliz? Na oração do Magnificat, temos a impressão de que Nossa Senhora, de repente, torna-se uma pessoa feliz, porém, a alegria já era um acontecimento na vida d’Ela.
Existem pessoas que condicionam a felicidade, vivem protelando-a e pensam que só serão felizes quando tal acontecimento ocorrer. Maria estava disposta a doar sua vida por uma causa maior, e mesmo na dor encontrou motivos para ser feliz.
Nossa Senhora era pobre, humilde, morava numa pequena cidade, era uma serva. Enfrentou perseguições e fugiu para o Egito para proteger seu filho. Durante sua vida, perdeu o esposo, e não sabemos ao certo quando perdeu seu Filho de uma forma trágica. Nossa Senhora era noiva, cheia de projetos, mas, com a aparição do Anjo Gabriel, abriu mão de todos os seus planos para ser a Mãe da nossa salvação.
Quando Deus nos chama para um plano, não podemos ter medo! Nossa Senhora entregou tudo e recebeu muito mais. Muitas vezes, não nos encontramos com Deus porque não temos coragem de nos soltar. Aprendemos com Maria que o encontro com Deus acontece quando nos desapegamos. As primeiras coisas das quais precisamos nos desapegar são: dinheiro, mérito, prazeres e vaidades.
Amar é chegar à verdade que Deus tem a nosso respeito, é escolher pelos valores! Não tenha medo de se entregar por amor, não tenha medo de se doar mais para os seus filhos, para a sua esposa, seu esposo, para a Igreja.
Com que intensidade dependemos de alguma coisa para sermos felizes? Nossa Senhora era desapegada, pobre de coração, e essa é a virtude que ela quer nos ensinar. Quando nos aproximamos de Deus, logo pensamos no que Ele quer de nós e o que nos dará, mas, no sentido de nos aparecer. Na verdade, vamos cultuando o “eu” cada vez mais em nós.
Se você tivesse uma audiência com Jesus Cristo, o que ainda deixaria entulhado em sua vida? Nossa Senhora quer fecundar em nosso coração o exercício do desapego. Não há problemas em ter, mas a nossa felicidade não está associada ao que temos.
Outra característica que Maria quer plantar em nosso coração é a gratuidade. As pessoas não estão acostumadas com gestos de amor, vivem sempre desconfiadas. Na sua casa, as pessoas estão desconfiadas com os gestos de amor que você tem lhes dado? Nosso coração precisa ser aberto, ter uma nova disposição.
Quando o coração está livre, aberto, o amor habita em nós; somos capazes de enxergar, muitas vezes, a necessidade do outro. Quando amamos, a alegria invade nosso coração e queremos fazer o bem ao nosso próximo.
O amor é gratuidade; aliás, Jesus veio para nos ensinar isso. Há uma íntima relação entre ser feliz e não esperar nada em troca. A Psicologia ensina que uma das curas para as pessoas com depressão é ajudar em uma causa, fazer a gratuidade. Se essa é a cura, por que muitos de nós ainda se isentam dela?
Quando nos colocamos a serviço do próximo, quando nos entregamos por amor, aprendemos a realizar o algo a mais. Que alegria é quando nos sentimos úteis ao próximo! Quantos talentos Deus nos deu e, talvez, estão aí sem serem usados, porque não os colocamos a serviço.
Quando somos servos, quando fazemos algo pelo próximo por amor, somos mais amorosos, menos resmungões, fazemos porque gostamos, mesmo não recebendo nada em troca.
Você conhece alguém que reclama muito? Quando chegamos perto de algumas pessoas que vivem reclamando, vamos perdendo a esperança, porque as pessoas reclamam demais. Deus sabe até onde podemos ir, até onde podemos chegar. Aconteça o que acontecer, Ele tem o melhor para nós!
A vida, neste mundo, é como uma subida. O inimigo de Deus quer nos envenenar a todo o momento, mas, lá em cima, vamos nos encontrar com o Pai.
Hoje, Nossa Senhora deseja que sejamos como ela: humildes, gratuitos e felizes!
Transcrição e adaptação: Karina Aparecida