Na leitura de hoje, vemos São Paulo narrar o fato de outras pessoas aparecerem no tempo dele e se colocarem melhor do que ele. Aquela comunidade estava se perdendo de Jesus, e esse era um grande problema, pois pensavam, assim como nós hoje, que toda novidade é melhor do que aquilo que já passou. Muitas vezes, o que é novo custa o preço de perdermos algo que já tínhamos.
Não se pode trocar algo só pelo fato de ser mais novo, porque podemos nos perder no meio do caminho. É necessário deixar que aquilo que Deus nos deu amadureça. E para amadurecer não cabe substituição; se as jogarmos fora não amadurecem.
Deus nos dá algumas coisas pequenas como sementes, mas precisamos as cultivar para que cheguem a se tornar uma árvore. É por isso que São Paulo tem ciúmes daquela comunidade, porque ele esperou o tempo de amadurecerem.
Muitas vezes, o novo parece mais confortável que o antigo. Porém, precisamos entender que, no caminho de Deus, não estamos isentos de problemas. O Senhor quer nos salvar, por isso ele respeita a nossa liberdade e a dos outros. Cabe a nós reconhecer que cada homem tem sua liberdade, e ele é capaz de amar e ferir.
No “Pai-Nosso”, rezamos e pedimos a Deus que perdoe nossas ofensas, assim como perdoamos a quem nos ofendeu. Essa oração é para nos mostrar que podemos ofender e sermos ofendidos, e nos ensina a não parar nesses fatos da vida.
É importante saber que essas ofensas acontecem. Devemos olhar para a vida e ver que ela esbarra nas ofensas. Quando somos ofendidos, se não perdoarmos ficaremos ressentidos. Há um ditado que diz que quem bate esquece, quem apanha lembra.
Deus está conosco e vai prover uma solução de algum jeito, mas a oração não são palavras que O controlam. A oração nunca foi desse jeito, não obriga o Senhor a fazer nada; ao contrário, ela deve nos levar a compreender a vontade de Deus. Por isso, não podemos compreender as coisas de maneira errada. Por exemplo: não podemos pensar que quanto mais árdua nossa penitência, será maior a nossa graça. A oração, acima de qualquer coisa, deve elevar o nosso coração a Deus.
Se fizermos isso, não nos prenderemos a este mundo. Na verdade, quando sofremos por perdas, é porque não imaginávamos que perderíamos determinadas coisas; no entanto, vemos que nem sempre elas eram tão importantes assim.
Por isso, São Paulo nos chama à atenção hoje, porque aquelas pessoas estavam perdendo o que era mais importante: Deus. Assim somos nós quando nos agarramos a algumas coisas e elas vão embora. Deus é Pai e nada pode arrancar Sua identidade. Ainda que você tenha levado a vida de qualquer jeito, basta pedir perdão e voltar para os braços do Pai.
Quando Adão pecou e se escondeu de Deus por estar nu, o Senhor continuou a procurá-lo, porque para Ele a nudez era comum. Isso é para nos mostrar que Deus não se cansa de nos procurar. Ele nos perdoa sempre!
Jesus nos ensina a perdoar a quem nos ofendeu, não compensa ficar carregando fardos pela vida. Precisamos lembrar que perdão não é mágica, mas algo gradual. Comecemos pela disposição, depois vamos nos aproximando e amadurecendo. A primeira coisa que precisamos fazer é ter a coragem de ver a cara do outro, aproximar-se dele, pequenas conversar até chegar num ponto de abertura em que se pode caminhar e ir para frente.
Devemos rezar a Deus que nosso coração não seja um depósito de ferro velho, carregando inúmeras coisas pela vida. Não podemos trocar o amor pela novidade. Antes de mais nada, Deus quer nos perdoar para que nosso coração não perca a rota.
Os sentimentos querem nos falar que nunca vamos nos livrar deles, que eles nunca vão passar, mas isto é mentira! Devemos jogar fora os sentimentos ruins e deixar a vida fluir com alegria. Mas não podemos deixar de amar, ainda que sejam aqueles que pisam em nosso pé, que nos ferem, este é o convite de Deus para nós.
Transcrição e adaptação: Rogéria Nair
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