“Eis que a sua descendência durará eternamente”, diz a Palavra.
Hoje é um dia especial, que, inclusive, atinge o fluxo normal da Quaresma: é dia de São José, modelo e patrono da Igreja.
Dentro das Sagradas Escrituras não aparece nenhuma frase de São José, e poucos fatos citam o pai de Jesus. Ainda assim, ele é considerado grande pela Igreja.
São José queria ser profundamente fiel a Deus e ter uma família numerosa. Ele era um homem justo e levava tudo isso a sério.
O trabalho é um mandamento deixado por Deus, e como nos diz o livro do Gênesis: “o homem tirará o seu sustento com o suor de seu rosto” (cf. Gen 3,19). O pai adotivo de Jesus não era diferente.
José, cujo coração era reto, tinha o desejo de fazer todas as coisas conforme a vontade de Deus. Ele não soube pela boca de Nossa Senhora que ela seria a mãe de Jesus, pois Maria concebeu Jesus por intermédio do Espírito Santo, logo em seguida, foi para a casa de Isabel sua prima. Quando ela retornou, sua barriga de gestação já estava aparecendo.
Ao notar a barriga de Maria, logo ele entrou em crise, pois não sabia de quem era a criança. Em vez de denunciá-la, preferiu deixá-la em segredo. Porém, em uma noite de sono, o anjo encontra José dormindo e o visita em sonho. Então, José se acalma e aceita a vontade de Deus. Mesmo durante o sono, seu coração estava aberto para Deus.
Veja como, muitas vezes, em nosso dia dia, encontramos o inverso. Na correria de várias atividades, estamos acordados, mas o nosso coração está dormindo e não tem espaço para o Senhor. Precisamos dar espaço para Ele, porque Ele nos diz: “Acalme-se!”.
Existem tantas coisas, tantas urgências e tantos planos em nosso coração, que tudo isso acaba se tornando uma parede a nos impedir de ouvirmos a voz do Senhor. Quantas vezes queremos que Deus confirme ou desconfirme o que estamos vivendo, mas não conseguimos ouvi-Lo, porque a agitação do nosso dia nos torna insensíveis à ação d’Ele.
O grande convite, neste dia de São José, é mantermos o nosso coração aberto para ouvir a Deus. Porém, escutá-Lo não basta, precisamos cumprir o que Ele nos diz.
Acolher Maria foi o primeiro passo de José, depois vieram todas as outras coisas. Ele foi um homem de prontidão, pois quando o anjo lhe disse: “Faça”, ele prontamente fez o que precisava.
Sabemos, muitas vezes, o que Deus nos diz, mas o que nos falta é a prontidão. São José zelou pela vida de Jesus; porém, não viu a manifestação d’Ele na missão que deveria realizar. Este homem viveu no anonimato, não há uma palavra sua na Bíblia. Mas ele aprendeu que é preciso perder para ganhar, é preciso perder até certos sonhos em função de coisas melhores.
A prontidão de São José é a mesma de Nossa Senhora quando respondeu: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim a Vossa palavra”.
Esse não é um privilégio apenas de São José. Deus quer isso para cada um de nós; precisamos conceder-Lhe a liberdade, para que Ele proponha algumas coisas em nossa vida. Não podemos ser resistentes demais em nossos planos, nem com Deus nem com os outros. Às vezes, o que queremos é justo e correto, mas Deus quer nos apresentar outras possibilidades.
Tenhamos a liberdade de dizer como Samuel: “Fala, que teu servo escuta”. Depois de ouvir a Palavra de Deus, temos de colocá-la em prática.
São José tinha em si a certeza de ser estrangeiro neste mundo. O que fazemos nesta vida, porque não é vontade de Deus, não preenche o nosso coração. O pai de Jesus, por ter um coração aberto, permitiu que a bondade do Senhor viesse habitar dentro dele, por isso vivia como estrangeiro.
A vontade d’Ele para nós é entrar e agir de dentro para fora. Quando o homem aceita ser conduzido por Deus, cumpre-se a Palavra que diz: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu.”
Jesus, na Palavra, nos diz de a terra prometida que não é aqui, mas no céu. É assim que precisamos viver nesta terra.
O nosso coração tem um profundo desejo de infinito, o que, aqui na terra, não há de forma plena. Essa é a certeza de que não fomos criados apenas para este mundo, pois só encontraremos realização no céu. Assim, percebemos que podemos viver nossa vida sem exigir dos outros aquilo que eles não são capazes de nos dar.