O nosso coração é o espaço reservado por Deus, onde Ele colocou Sua marca
Tomai cuidado para que o seu coração não fique insensível por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida.
Ao alertar de uma forma muito insistente que cada um precisa tomar cuidado para não ficar com o coração insensível, é óbvio que, Jesus está lembrando da possibilidade de que nosso coração pode ficar insensível. Insensível é aquele que não sente. O coração insensível é aquele que perdeu a capacidade de sentir aquilo que Deus está falando.
Estamos falando do espaço íntimo e profundo no interior de cada um de nós, onde nos comunicamos com Deus.
O nosso coração é o espaço reservado por Deus, onde Ele colocou Sua marca. A Igreja confirma isso por meio dos seus documentos. O coração é um sacrário inviolável. O demônio jamais entrará no seu coração. Ali está a consciência, a morada de Deus, dentro de nós. Dentro do coração só existe você e Deus.
Você pode perguntar: “Mas, padre, se o demônio não entra no meu coração, por que a cura dos traumas?”
Três coisas que fazem o homem perder a sensibilidade: gula, embriaguez e as preocupações com a vida
O demônio cria uma casca em redor do nosso coração e torna o coração incapaz de sentir; podemos, então, perder a comunicação com Deus e com as outras pessoas.
Na Palavra (Lc 21,34-36), foram citadas três coisas que fazem o homem perder a sensibilidade: gula, embriaguez e as preocupações com a vida.
A gula
A gula tem a ver com a falta de autodomínio; é um desequilíbrio afetivo. A quantidade de comida não tem nada a ver com gula. Gula é quando eu como mais do que eu preciso comer. Se você não tem controle sobre sua alimentação, vai ter controle sobre o quê? Gula é a alimentação fora de hora. Os antigos já ensinavam que a gente tem de sair da mesa sempre com um pouco de fome.
Com que facilidade vamos nos enchendo com coisas pecaminosas? Os cristãos tinham uma preocupação mais séria quanto à alimentação.
Conheço muitos senhores que, nas quartas-feiras e sextas-feiras não comem carne. Na Quaresma, dificilmente a pessoa comia carne, a não ser no domingo, dia festivo ou em festas de aniversário. Hoje em dia, muitos católicos comem carne na sexta-feira santa e depois vão à Igreja participar da solenidade da morte do Senhor.
O Domingo, dia do Senhor, é um dia de descanso semanal unido ao descanso espiritual. A Igreja é sábia. No domingo, vamos à Igreja para o encontro com o Senhor e com as pessoas. É um encontro espiritual, descanso físico e encontro social. É aí que se estabelecem as relações.
A Palavra de Deus é muito sábia! Por causa da gula, das coisas materiais e essas preocupações com a vida, isso vai acabando. Hoje em dia, vemos o dono de empresa que abre a sua firma no domingo. Geralmente, essas pessoas não vão muito para frente, não porque Deus castiga, mas porque formam uma barreira e a graça de Deus não chega a elas.
A embriaguez
Você vai perceber na Palavra que essa embriaguez é na forma de bebidas alcoólicas e de todas outras dependências químicas, seja da droga, de remédios e até mesmo o vício de TV. A TV, muitas vezes, é uma companhia que leva a pessoa a fugir da realidade.
Quantos filhos já chegaram para mim chorando, dizendo que não querem mais cair na droga. Existe aí o mistério da iniquidade já estabelecido, é a força do mal que envolveu essa pessoa, e a libertação exige um longo processo. A cura interior não é fácil, exige-se persistência e perseverança. Acontecerão milhares de desgraças – diz Jesus – mas quem perseverar vai vencer.
Nas horas difíceis, temos de estar de pé, conforme diz o Evangelho, à semelhança de Maria, aos pés da Cruz. Isso é cura interior. Temos de dizer conforme a liturgia: “Anima-me, Senhor! Levanta-me, Senhor!”.
Temos de descobrir o que está embriagando a cada um de nós. Não é fácil largar os vícios. Não é a toa que Jesus diz que não devemos julgar, pois quando julgamos, fazemos isso devido a aparência e não sabemos o que se passa no interior da pessoa. E eu, como cristão, o que estou fazendo para mudar esse mundo?
Hoje em dia, com a liberação sexual e com os namoros livres, as pessoas, cada vez mais, deixam de assumir compromissos sérios. Elas vão se tornando pessoas cada vez mais vazias.
As preocupações da vida
O terceiro elemento é como a conclusão dos outros problemas: preocupações da vida. É por isso que Jesus ensinava: “Não vos preocupeis”. A preocupação gera ansiedade e insegurança. Não adianta estar aqui pensando nos problemas que precisam ser resolvidos nessa semana. Entrega nas mãos de Deus. A cura interior significa quebrar a “casca” do coração. A preocupação nos torna pessoas angustiadas e pesadas.
O pecado e os traumas nos levam a olhar para baixo. Você está com um problema muito sério para resolver? Levante a a cabeça, pois, assim você tem disposição para resolver. Quando você abaixa a cabeça, fisicamente falando, seu organismo obedece.
Levante a cabeça! Vai dar certo!
Somos um povo vencedor!
A liturgia nos diz, hoje: “Força! Ânimo! Você tem de estar de pé na presença do Senhor!”.