Queridos irmãos e irmãs em Cristo, este Acampamento de Carnaval, que acontece em Cachoeira Paulista (SP), tem como tema: “Para que a vossa alegria seja completa”. Por isso, eu peço a Nosso Senhor que nos dê a experiência de uma alegria completa.
Só pode ter uma existência de vida marcada por essa bênção quem adere à vida Cristo, compromete-se com a vida d’Ele e com a Igreja de Jesus.
É preciso que tenhamos a clareza de que Deus é a razão da nossa completa alegria, justamente porque todos nós fomos criados por Ele, nossa existência vem d’Ele, o Senhor é a origem da nossa vida, mesmo servindo-se de fatores biológicos significativos, da relação de homens e mulheres. Fomos criados por Deus, ao mesmo tempo, fomos criados tendo uma vocação e um destino único: o próprio Senhor. Fomos criado por Deus e para Ele. É na comunhão com o Altíssimo que experimentamos a realização que o nosso coração tanto anseia.
O pecado quer levar muitas pessoas à perdição por meio da mentira e do engano. O mistério do mal sabe que fomos criado por Deus e para Ele, sabe que só teremos alegria completa na comunhão de amor com o Senhor. O pecado nos apresenta um caminho de sedução e de engano ao nos propor falsas e efêmeras alegrias, as quais deixam em nós um gosto amargo da escravidão, de derrota e morte, porque, como nos diz o apostolo São Paulo, “o salário do pecado é a morte”.
O diabo seduz muitos corações e, assim, estes são levados a caminhos que os conduzem para a morte, para longe de Deus. A pessoa que foi criada por Deus e para Ele se perde. Experimentam a frustração da vida por trilharem o caminho do pecado, do egoísmo, da mentira, da corrupção e do orgulho.
Estamos aqui, experimentando a graça de Deus, para dizer ao mundo que nós encontramos o verdadeiro caminho que nos leva à alegria perfeita: Jesus. Ele deu a vida para nossa libertação, para nossa salvação, a fim de que possamos realizar o sonho do nosso coração, o sonho de uma alegria perfeita e completa.
Nós não fomos convocados a estar aqui à toa, mas sim para fazermos a experiência da alegria perfeita. No entanto, essa experiência não deve ficar somente presente em nosso coração, mas deve ser transformada em missão, em testemunho. Precisamos assumir o compromisso de testemunhar para tantas pessoas que estão seduzidas pelo mal, pessoas que precisam dessa luz, que é Jesus. E o Senhor se serve de nós para que, por meio do nosso testemunho de vida, possamos ser como uma vela iluminando tantos corações.
Seja feliz com Jesus! Seja alegre com Cristo!
:: Confira a liturgia deste domingo
Nós ouvimos, no Evangelho, esse trecho de São Marcos, no capítulo 8, em que o evangelista marca a segunda multiplicação dos pães. No capítulo 6, versículos 30 até 44, São Marcos narra a primeira multiplicação do pão. Podemos destacar algumas diferenças entre essas multiplicações, mas eu queria falar de uma: quando Jesus multiplicou pela primeira vez, Ele estava no território de Israel. Foi lá que Lhe apresentaram um menino com cinco pães e dois peixes, e o Senhor os multiplicou. Na segunda multiplicação, Jesus se encontra no território conhecido como Decápole, um território pagão.
Deus multiplicou os pães em Israel e em um território pagão para dizer que Ele quer dar a todos os povos acesso ao banquete do Seu Reino.
Israelitas e pagãos simbolizam todos os povos aos quais o Senhor quer dar acesso em Seu Reino. O Evangelho fala de comer os pães e peixes, conviver com o Senhor. É o banquete simbolizado na multiplicação dos pães e peixes.
Nós ouvimos na leitura que também Adão e Eva comeram o fruto que Deus proibiu. E quantas consequências más a ponto de serem expulsos do Jardim do Éden! Essa expulsão simboliza a pessoa que perde a intimidade com o Senhor, que não participa no banquete do Senhor.
Infelizmente, Adão e Eva desobedeceram o Senhor, e a consequência foi a perda da comunhão com Ele. Quantas pessoas pelo mundo afora estão perdendo a comunhão de Deus! Quantas pessoas estão sendo seduzidas pela serpente! A alegria perfeita é só no banquete com Deus.
Baquete é momento de alegria, de partilha, de comunhão com as pessoas. O comer e o beber são, simplesmente, desculpa para as pessoas se encontrem e celebrarem a vida e o amor. A alegria completa só tem aquele homem e aquela mulher que tomam parte do Reino do Céu.
Voltando para o Evangelho, vemos uma referência clara ao banquete eucarístico. Quando apresentaram para Jesus os sete pães, o evangelista disse que o Senhor mandou que todos sentassem no chão; depois, pegou os sete pães, deu graças, os partiu e ia dando aos seus discípulos para que o fossem distribuindo. O gesto de sentar, de dar e depois distribuir são gestos da Última Ceia. A multiplicação dos pães é uma profecia daquilo que Jesus celebrou com os discípulos na Última Ceia, a Eucaristia.
O Catecismo da Igreja Católica, no número 1335, fala da multiplicação dos pães. Já é um anuncio da instituição do sacramento da Eucaristia, um banquete de Deus, que Jesus instituiu na Última Ceia, antes de viver Sua Páscoa de Morte e Ressurreição.
O banquete do Senhor é, em primeiro lugar, a Eucaristia. Se você quer cultivar na sua vida a alegria perfeita, seja um homem e uma mulher eucarístico (a). No altar Deus, por meio de Seu Filho, o Senhor celebra conosco o banquete do Seu Reino. Não se afaste do altar da Eucaristia, não se deixe expulsar do jardim do Éden.
Nós devemos ser homens e mulheres eucarísticos na adoração ao Santíssimo Sacramento do altar. Quem tem fome de alegria, tem fome do banquete de Deus, tem fome de Eucaristia. Nela Jesus quis deixar o mistério da Páscoa, da Morte e Ressurreição.
Nós ouvimos na leitura: “Expulsou o homem e colocou a oriente do jardim de Éden os querubins, e a espada lampejante de chamas, para guardar o caminho da árvore da vida.”
Os querubins ficaram milhares de anos guardando o Jardim do Éden. Com a doação da vida de Cristo, nós tivemos acesso a esse Reino. O Senhor ingressou, e com Ele nossa humanidade, na intimidade do banquete com Deus. Em Cristo ressuscitado já fomos resgatados. Por amor, Ele deu sua vida para nossa salvação, deu a sua vida, nos amou, permitindo-nos viver a realização dos nossos sonhos. E, no banquete de Deus, temos lugar garantido.
Além do banquete do céu, além do banquete do Reino de Deus, não podemos pensar apenas em uma alegria após a morte. O Senhor é Pai e nos ama, quer que tenhamos uma vida de muita alegria. Deus quer que nós tenhamos uma vida alegre, e para isso nos alimenta com o Pão Eucarístico.
Deus sabe que precisamos do pão material para uma vida digna, sabe que temos necessidade dele. O Senhor multiplicou os pães e os peixes, porque teve compaixão daquele povo.
Assim como o banquete do Reino de Deus é para todos os povos, assim o Senhor quer que o pão material chegue à mesa de todos. Mas também o pão da educação, da saúde, da vida familiar inserida pelo sacramento do matrimônio, do respeito à vida, desde do princípio até o fim da vida, o pão do salário justo.
Nós não podemos ser insensíveis à necessidade deste pão. O senhor compadeceu-se daquele povo para dizer que também devemos nos compadecer de todos os irmão que sofrem a falta do pão material. Os cristãos não podem ser homens marcados pela alegria, mas insensíveis ao irmão do lado, para o qual falta o pão material, falta a água, o alimento, a segurança e a educação. Temos de nos empenhar para que todos tenham acesso à alegria perfeita.
Transcrição e adaptação: Elcka Torres